terça-feira, 31 de janeiro de 2017

O DEUS DE RUBEM ALVES ( XII )





Nessa série de vídeos, analiso a ideia do Deus de Rubem Alves. No momento, em destaque, seu livro “O Deus que conheço”, editora Verus, 2010. Na página 140, o doutor em teologia escreve:

“A Bíblia não mente. O pregador anunciava a vinda de Cristo nas nuvens dos céus. “Meus irmãos”, ele argumentava, “antigamente a gente duvidava. Porque está escrito na Bíblia que Ele voltará nas nuvens e todo olho o verá. Então a gente pensava: mas a Terra é redonda. Se ele vier nas nuvens da China, nós não o veremos. Se ele vier nas nossas nuvens, os chineses não o verão. Mas a Bíblia não falha. Porque, agora, graças aos satélites e à televisão, todos poderemos assistir à vinda triunfal de Cristo comodamente assentados em nossas casas, vendo televisão...”

Você, que está assistindo neste momento a esse vídeo, deve ter percebido o senso cômico do teólogo, não é mesmo? Rubem Alves, como você viu no primeiro vídeo, formou-se em teologia no Brasil. Foi pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil. Fez mestrado e doutorado nos Estados Unidos da América do Norte. Depois, abandonou sua igreja, sua fé religiosa. Na passagem acima, num tom gozador, ele mostra outra fantasia cristã que é propagada principalmente pelas igrejas evangélicas: a volta de Jesus! Em qualquer faculdade séria de teologia na Europa e nos EUA, todos sabem que essa “volta de Jesus” é uma fantasia, uma ilusão. Nenhum teólogo honesto leva isso a sério. Só que essa verdade, claro, não chega ao conhecimento dos fiéis, aqueles que vão a igrejinhas. Esses, em sua ingenuidade, pensam mesmo que Jesus está voltando, que vai aparecer nas nuvens, que os 6 bilhões de pessoas o verão suspenso no ar, que os mortos ressuscitarão e irão se encontrar com ele nas nuvens. Não ria, leitor! Não ria!
Rubem Alves, doutor em teologia, pessoa honesta, sabia que o cristianismo é uma religião apocalíptica, ou seja, que prega a chegada do Filho do Homem desde o seu berço. Como mostrei em vários vídeos, os cristãos primitivos, perseguidos em sua época, ansiavam pela chegada de um homem judeu forte e poderoso que iria pôr um fim ao seu sofrimento. Apareceram vários judeus afirmando ser esse Messias. E todos foram mortos pelos invasores. Jesus, que nunca foi o Messias, também afirmava ser o Filho do Homem que viria pelas nuvens. E pregou sua chegada para aquela época. Basta ler os 4 evangelhos do Novo Testamento para confirmar essa verdade. Em uma das passagens, Jesus diz aos seus discípulos que alguns deles não conseguiriam percorrer toda Jerusalém porque o Filho do Homem apareceria antes, nas nuvens. Os discípulos percorreram várias vezes a cidade, ficaram cansados, aguardando a volta do Messias. E nada! Todos morreram há 2 mil anos. Momentos antes de sua execução, Jesus, mais uma vez, disse a Caifás que logo mais ele iria ver o Filho do Homem em glória com seus anjinhos nos céus. Jesus foi executado, e Caifás viveu muito tempo ainda, e nada de o Filho do Homem aparecer nos céus.
Um cristão qualquer, que esteja assistindo a esse vídeo, pode até pensar que eu, ateu, estou gozando de sua crença. Isso não é gozação, caro cristão, mas a certeza do que é visto em faculdades sérias de teologia. Na verdade, Jesus nunca voltará!
Rubem Alves, doutor em teologia, homem sério e honesto, sabia disso. Tanto é verdade que, nesse livro, ele visualiza um quadro cômico: um pregador evangélico dizendo aos fiéis que Jesus está voltando e aparecerá nas nuvens, e todos os habitantes da Terra o verão porque agora existem os satélites e a televisão. Só assim, na brincadeira de Rubem Alves, Jesus será visto nas nuvens por todos. Basta a pessoa ficar em casa e ver pela televisão.
No fundo, Rubem Alves não era um gozador irresponsável. Gozador irresponsável é aquele que alimenta essa ilusão.

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