Só
conhece a Bíblia quem a estuda com seriedade. O que quer dizer estudar a Bíblia
com seriedade? Significa estudá-la sob o ponto de vista da sociologia bíblica,
arqueologia bíblica, história dos hebreus, história dos judeus e teologia. De
posse dessas ferramentas, é fácil uma pessoa compreender as narrativas
bíblicas. Uma pessoa que simplesmente lê a Bíblia, sem fazer uso das
ferramentas que nomeei acima, não entenderá nada e, se entender, entenderá tudo
errado. E pior ainda quando uma pessoa vê a Bíblia como a “palavra” de Deus. Aí
tudo estará perdido porque entra o fanatismo religioso que cega os humanos.
No
vídeo de hoje, vou mostrar essa realidade, apresentando mais erros atribuídos a
Jesus. Sempre deixo claro que estou tratando aqui do Jesus dos Evangelhos do
Novo Testamento, e não do Jesus histórico. O Jesus histórico é nada! Pois bem?
O que é o adultério? E qual era a visão de Jesus sobre o adultério? Bem! O
adultério é simplesmente a infidelidade conjugal. Comete adultério o marido que
trai a esposa, ou a esposa que trai o marido. Entendeu? No Brasil, adultério
não é mais crime. Deixou de ser. E, na Bíblia, na sociedade hebraica, como era
o adultério? Já expliquei isso em um vídeo com o título “O adultério e a Bíblia
deturpada”. Mostrei ali que o “Não adulterarás” e o “Não desejarás a mulher do
próximo” que estão entre os 10 mandamentos, que não são 10, nada têm a ver com
o que as igrejas cristãs pregam para os fiéis. As igrejas cristãs principalmente
evangélicas dizem aos fiéis que esses mandamentos tinham o mesmo valor para o
homem e a mulher. E os fiéis, que não conhecem os costumes do povo hebreu,
passam a acreditar nessa mentira monstruosa. Ora, no mundo da Bíblia, na
sociedade hebraica, o homem casado podia trair sua esposa livremente, desde que
as amantes não fossem casadas, de outro homem. Daí a expressão “Não desejarás a
mulher do próximo”. Se a mulher não era do próximo, não era casada, então tudo
bem. Já a mulher casada jamais poderia trair o marido, nem com outro homem
solteiro. Por que essa desigualdade entre o homem e a mulher? Ora, porque a
sociedade hebraica era uma sociedade patriarcal. O que mostro aqui é do
conhecimento de doutores em teologia, de doutores na história dos hebreus, de
doutores arqueólogos etc. Apenas leitores ignorantes da Bíblia para não
entenderem essa verdade. E uma verdade que fere a crença na idoneidade daquilo
que chamamos de 10 mandamentos. Para mais detalhes, veja meu vídeo e leia meu
artigo com citações de doutores na área.
Muito
bem! Agora você já sabe o que significa adultério. Vamos agora à segunda
pergunta formulada no início do vídeo: qual era a visão de Jesus sobre o
adultério? A resposta está em Mateus 5: 27 e 28:
“ 27 Ouvistes que foi
dito: Não adulterarás.
28 Eu, porém, vos digo: qualquer que olhar
para uma mulher com intenção impura, no coração, já adulterou com ela.”
A
passagem bíblica acima atribuída a Jesus está lotada de erros e ingenuidades. Na
época de Jesus, a ignorância era extrema. O analfabetismo era quase geral em
toda a Palestina. Poucas pessoas sabiam ler e escrever. Daí os erros ingênuos
bíblicos. Jesus diz acima que a intenção, o desejo de uma pessoa, vem do
coração. Essa visão errônea sobre o coração presente em toda a Bíblia se deve à
ignorância daquela época. E já fiz um vídeo sobre esse tema. Então, para este
vídeo, esqueçamos o coração. Nessa passagem, Jesus piorou o conceito de
adultério. Como já mostrei, adultério é infidelidade conjugal; é o marido trair
a esposa, ou a esposa trair o marido. Ou seja, para que alguém pratique
adultério é preciso ação, é preciso agir, é preciso fazer sexo. E Jesus, que
não era formado em Direito, piorou tudo. Segundo Jesus, para alguém cometer
adultério, basta desejar sexualmente uma mulher qualquer! Por favor, não ria!
Não ria, Telmo Gama! Não ria, Edson Gomes! Como o mundo de Jesus era atrasado!
Como o mundo de Jesus era atrasado!
Jesus
aparece aqui condenando o desejo, a intenção. Três erros ingênuos aqui:
O primeiro erro: é loucura condenar o desejo
humano! Por quê? Porque o desejo, o simples desejo, a simples intenção, não é
ação. Não prejudica a alguém, não faz estrago algum. O desejo está no cérebro
do homem. E fica lá parado. Em nenhum código penal você encontrará uma
condenação para o desejo. Por quê? Porque isso seria um absurdo! Um atraso sem
precedentes. O desejo é um nada jurídico. Veja um exemplo: eu desejo a mulher
do meu vizinho. Só desejo, e nada mais! Esse desejo é meu, é coisa interna
minha. E só eu sei disso. O fato de eu desejar a esposa de meu vizinho não quer
dizer que eu vou estuprá-la. Apenas desejo, mas não ponho em prática a
realização desse desejo. Entendeu?
O
segundo erro é que o desejo é involuntário. Você sabia disso? Pois fique
sabendo que o desejo é involuntário. Você não o controla. Ele aparece sem que
você queira. Por exemplo, eu sou louco por carne de porco. Hoje é domingo, dia
19 de fevereiro de 2017. Ao meio-dia, comprarei uma feijoada aqui perto de
casa, em Brasília. Neste momento, estou desejando a feijoada. Isso é
incontrolável. É impossível não desejar. Entendeu? Se você, que está assistindo
a esse vídeo, deseja sexualmente uma mulher qualquer, não há como evitar esse
desejo porque ele surge de forma involuntária. Você não tem culpa alguma por
simplesmente desejar. É impossível “não desejar”. O desejo é uma coisa natural,
da própria essência do ser humano. É natural que o homem sinta desejo sexual
por mulher, é natural que uma mulher sinta desejo sexual por homem. Condenar o
desejo sexual é mais uma loucura humana!
E
o terceiro e último erro atribuído a Jesus é que, já que o desejo sexual é uma
coisa natural do ser humano, então nenhum cristão irá para o céu porque todos,
mesmos casados, desejam sexualmente outras mulheres. E não adianta mentir. Não
adianta mentir para si mesmo. Ninguém mente para si mesmo. Os seres humanos,
casados ou não, desejam sexualmente outros seres humanos. Isso é natural, faz
parte da fisiologia humana. Portanto, já que Jesus diz que quem olhar com desejo
sexual para uma mulher já adulterou com ela, então o inferno cristão ficará
lotado até a tampa. E o céu, vazio!
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