SIGMUND FREUD E A ILUSÃO RELIGIOSA (VII)
Eustáquio
11/11/2015
Caro leitor,
Este é o 7º artigo de uma série em que analiso alguns trechos do livro “O futuro de uma ilusão”, de autoria do austríaco judeu Sigmund Freud (1856 – 1939), o Pai da Psicanálise.
A ilusão que consta do título é a religião. Freud foi o pioneiro em estudar a mente (psique) humana, daí ser chamado o Pai da Psicanálise. Já que Freud estudava a mente humana, estudou também a religião e os deuses porque a mente humana cria esses elementos. Assim, Freud escreveu muito sobre o fenômeno religioso. Seus principais livros acerca de religião são: “O futuro de uma ilusão” (1927), “O mal-estar na cultura” (1921) e “Moisés e o monoteísmo” (1930).
Repito! Estou analisando alguns trechos do primeiro livro, ou seja, “O futuro de uma ilusão”. Na página 88 , Freud, entre outras coisas, escreve:
“Nenhum homem racional se comportará tão levianamente em outros assuntos, nem se contentará com fundamentações tão miseráveis para seus juízos, para sua tomada de partido; ele se permite isso apenas em relação às coisas mais elevadas e mais sagradas. Na verdade, são apenas esforços para criar a ilusão, diante de si mesmo e dos outros, de que ainda se acredita na religião quando há muito já se está desligado dela.”
Você, caro leitor, entendeu o recado acima do mestre Sigmund Freud? Em poucas palavras, Freud diz que o homem, quando está atolado numa crença religiosa, perde momentaneamente o raciocínio, a razão. E eis mais uma verdade que pode ser comprovada por milhares de provas.
Veja, caro leitor, por exemplo, um homem qualquer inteligente e com formação educacional superior (universidade). Esse homem estudado, que lê diariamente livros, revistas e jornais, antes de acreditar em alguma coisa, passa por um processo de raciocínio, de análise. Apenas após analisar com cuidado cada caso, é que ele vai aceitar algo como verdadeiro. Talvez você, caro leitor, seja uma pessoa assim, inteligente, estudiosa e com formação universitária. Se, por exemplo, o seu vizinho for a sua casa, hoje, pela manhã, afirmando-lhe que o jumento do tio dele deu “bom-dia” para seu dono, você, leitor, vai rir bastante dessa grande mentira. Você vai rir porque sabe que jumento não fala, não usa a língua portuguesa (nem qualquer outra) para se comunicar. Porém, caro leitor, se você for um cristão, apesar do absurdo, vai acreditar que o jumento é capaz de falar porque essa aberração está escrita na Bíblia. Apenas porque está escrito na Bíblia que um jumento falou, isso já é o suficiente para uma pessoa acreditar. Entendeu agora, leitor, o que Freud diz? Ora, ele diz que nenhum homem racional aceitará fundamentações ingênuas e miseráveis acerca de qualquer coisa. Porém, quando esse homem racional se acha no mundo da crença religiosa, passa a aceitar essas fundamentações ingênuas e miseráveis. Ou seja, fora da religião, o homem tem um comportamento racional que preza pela razão, pelo raciocínio, pela análise; dentro da religião, o homem perde a razão, o raciocínio, a análise. Entendeu agora, leitor, a mensagem verdadeira de Sigmund Freud?
Deixe-me, leitor, dar-lhe mais um exemplo. Os cristãos brasileiros, com razão, ficam revoltados e tristes com a situação de milhares de cristãos que moram no Oriente Médio (terra da Bíblia) e que são perseguidos, expulsos e mortos por religiosos radicais islâmicos integrantes do Estado Islâmico (EI). Por que esses cristãos estão passando por esse sofrimento? Ora, porque o Estado Islâmico quer obrigá-los a mudar de religião, a deixar de adorar o Deus Javé para adorar o Deus Alá. Pois bem! Como já disse, os cristãos brasileiros, com razão, acham um absurdo alguém matar seres humanos (cristãos) apenas porque têm uma crença diferente. Essa conclusão dos cristãos brasileiros é racional. Porém, os cristãos brasileiros perdem essa racionalidade quando não veem o mesmo absurdo contido na Bíblia. Ora, se os integrantes do Estado Islâmico são terríveis por matarem pessoas (cristãos) que têm outro credo, o lendário Moisés bíblico também foi terrível por mandar matar milhares de hebreus apenas porque estavam adorando outro deus. Moisés e os integrantes do Estado Islâmico praticaram a mesma maldade pelo mesmo motivo. Só que os cristãos não veem a maldade de Moisés por causa da crença religiosa que não permite que eles raciocinem.
Como afirma Freud, no mundo normal, nenhum homem racional aceita fundamentações levianas, ingênuas e miseráveis. Já no mundo da religião, o homem perde sua racionalidade e passa a delirar na ilusão religiosa.
Como nós sob a luz da racionalidade conseguimos enxergar tais verdades e os religiosos nao?
ResponderExcluirComo nós sob a luz da racionalidade conseguimos enxergar tais verdades e os religiosos nao?
ResponderExcluirFLÁVIO, o homem adora ilusões. Como dizia Freud, o homem age mais pelos desejos impulsivos do que propriamente com a razão. Daí cria deuses, lobisomens, saci-pererê, bicho-papão, alienígenas, olho-gordo etc. Há pessoas que têm o senso crítico, sede de conhecimento, que gosta de analisar, de comparar, de estudar etc. Essas, sim, conseguem enxergar tais verdades. Um abraço!
ResponderExcluir