quinta-feira, 12 de novembro de 2015
SIGMUND FREUD E A ILUSÃO RELIGIOSA ( VIII )
SIGMUND FREUD E A ILUSÃO RELIGIOSA (VIII)
Eustáquio
12/11/2015
Caro leitor,
Este é o 8º artigo de uma série em que analiso alguns trechos do livro “O futuro de uma ilusão”, de autoria do austríaco judeu Sigmund Freud (1856 – 1939), o Pai da Psicanálise.
A ilusão que consta do título é a religião. Freud foi o pioneiro em estudar a mente (psique) humana, daí ser chamado o Pai da Psicanálise. Já que Freud estudava a mente humana, estudou também a religião e os deuses porque a mente humana cria esses elementos. Assim, Freud escreveu muito sobre o fenômeno religioso. Seus principais livros acerca de religião são: “O futuro de uma ilusão” (1927), “O mal-estar na cultura” (1921) e “Moisés e o monoteísmo” (1930).
Repito! Estou analisando alguns trechos do primeiro livro, ou seja, “O futuro de uma ilusão”. Na página 98 , Freud, entre outras coisas, escreve:
“É duvidoso que na época do domínio absoluto das doutrinas religiosas os homens tenham sido em geral mais felizes do que hoje; mais morais certamente não eram.”
Você, leitor, entendeu a verdade acima dita pelo mestre Sigmund Freud, não é mesmo? E olhe que ele escreveu isso em 1927, portanto, há 88 anos. O que diz acima o psicanalista Freud? Ora, ele está dizendo, em termos mais simples, que não é verdade afirmar que, no mundo antigo, quando a religião tinha o poder absoluto, as pessoas eram mais felizes, honestas, íntegras, portadoras de uma moral elevada.
Ora, é muito comum, caro leitor, religiosos dizerem que quem acredita em um deus ou em vários deuses é uma pessoa mais feliz, mais honesta, mais íntegra que um ateu. A gente vê essa mentira deslavada em livros religiosos, em programas evangélicos, por meio de apresentadores de programas de televisão (Datena e outros). Em vários vídeos e artigos meus acerca de religião, mostro, por exemplo, o discurso falso do espírita Allan Kardec quando ele, entre outras coisas, diz que os incrédulos (ateus) estão a um passo do suicídio e que são pessoas que sofrem de frouxidão moral, ou seja, que os ateus, por não acreditarem em Deus, se sentem livres para praticar os piores crimes. Que discurso mentiroso, não é mesmo, leitor?
Freud, que estudou profundamente a psique (mente) humana, sabe muito bem que essa propaganda religiosa é falsa. E, para alguém concordar com o mestre austríaco judeu, nem é preciso estudar psicologia e psicanálise. Basta ler um pouco sobre a história do homem na face da Terra. A história da civilização nos mostra, clara e irrefutavelmente, que o homem antigo, mergulhado na ignorância e na religião, não era mais feliz, mais honesto, mais íntegro, com moral mais elevada que o homem de hoje.
Ora, caro leitor, no mundo antigo, marcado por profunda ignorância, a religião reinava. Tudo era explicado à luz da religião. O homem antigo vivia religião, respirava religião, durante 24 horas por dia. E o que esse homem religioso fazia? Ora, a resposta é fácil e está registrada nos livros de história. O homem antigo, apesar de acreditar em deuses, praticava as piores barbaridades: homicídios, intolerância religiosa, estupros, roubos etc. Ou seja, a crença extrema em deuses não serviu como um freio à maldade humana. Quando a religião tinha poder absoluto, ou seja, quando ela ditava as regras, o mundo era muito pior. E a história prova essa verdade.
Veja, leitor, como exemplo, a história do Brasil, país em que moramos. Os portugueses chegaram aqui, em abril de 1500. Eles viram os índios, com suas religiões, deuses, ritos e rituais. Como os portugueses eram cristãos católicos em geral, trouxeram para cá sua religião, a cristã católica. A partir daí, ninguém tinha liberdade de crença. Veja, leitor, o que está escrito na primeira Constituição do Brasil, de 1824. Logo no início está escrito que ninguém deveria professar sua fé religiosa em público, a não ser somente os cristãos católicos. Somente os cristãos católicos poderiam, por exemplo, abrir templos, igrejas. Quem não era cristão católico deveria ficar calado, em sua casa e ponto final. Percebeu, leitor, a maldade? Nessa época, a religião dominava, dava as cartas. Tinha o poder absoluto. E veja a intolerância religiosa! Entendeu, leitor, como Sigmund Freud tem razão quando diz que, num mundo comandado pelas religiões, nem tudo são flores? Quando o cristianismo, por exemplo, tinha força e poder, veja o que os cristãos faziam. Veja a história da Igreja Católica Apostólica Romana. Ela não permitia a liberdade de crença. Veja também a desgraça que os cristãos protestantes também faziam. E tudo isso num mundo em que a religião dominava. Entendeu, leitor, como Freud tem razão?
Hoje, ano 2015, o Brasil não é mais um país dominado pela religião. É um país laico. E hoje existe liberdade de crença religiosa garantida pela Constituição federal, o que não havia na época em que era um país cristão católico, comandado pela religião.
Freud tinha razão!
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