SIGMUND FREUD E A ILUSÃO RELIGIOSA (IX)
Eustáquio
13/11/2015
Caro leitor,
Este é o 9º artigo de uma série em que analiso alguns trechos do livro “O futuro de uma ilusão”, de autoria do austríaco judeu Sigmund Freud (1856 – 1939), o Pai da Psicanálise.
A ilusão que consta do título é a religião. Freud foi o pioneiro em estudar a mente (psique) humana, daí ser chamado o Pai da Psicanálise. Já que Freud estudava a mente humana, estudou também a religião e os deuses porque a mente humana cria esses elementos. Assim, Freud escreveu muito sobre o fenômeno religioso. Seus principais livros acerca de religião são: “O futuro de uma ilusão” (1927), “O mal-estar na cultura” (1921) e “Moisés e o monoteísmo” (1930).
Repito! Estou analisando alguns trechos do primeiro livro, ou seja, “O futuro de uma ilusão”. Na página 110 , Freud, entre outras coisas, escreve:
“Se, por um lado, a religião produz restrições obsessivas apenas comparáveis às da neurose obsessiva individual, por outro, ela contém um sistema de ilusões de desejo com recusa da realidade como apenas encontramos isolado na amência, uma confusão alucinatória radiante.”
Você, caro leitor, entendeu o que diz acima o mestre Sigmund Freud? Em termos mais simples, Freud diz que a religião é um sistema de ilusões que beira à demência, caindo assim numa confusão alucinatória radiante. E diz também que a religião, já que é uma ilusão, recusa a realidade. E o que Freud diz acima é a mais pura e cristalina verdade. E é fácil provar que Freud tem toda razão.
Veja, caro leitor, o que o homem religioso é capaz de fazer por força de sua crença religiosa. Em sua quase totalidade, as religiões são sacrificiais, ou seja, o homem religioso, ao longo da história da humanidade, matou animais irracionais e seres humanos para oferecê-los aos deuses, o que beira à demência. Como é possível uma pessoa imaginar que existem divindades “espirituais” que adoram ver um espetáculo tão deprimente e hediondo, em que a pessoa sangra um animal irracional ou um ser humano. Como uma entidade “espiritual” pode ficar feliz e contente diante de tamanha crueldade e inutilidade? Percebeu, leitor, como o homem religioso cria um sistema de ilusões e vive preso a ele?
E as ilusões religiosas variam de acordo com as religiões. Hoje, temos, no mínimo, 10 (dez) mil religiões. Cada uma diferente das outras. Muitas ilusões, não é mesmo? Há religiosos que colocam explosivos no corpo, acionando-os em lugares públicos a fim de matar inúmeras pessoas inocentes. E o pior é que colocam na cabeça que, com esse ato terrorista e hediondo, ganharão prêmios da entidade “espiritual” quando chegarem ao “céu”. Percebeu, leitor, o estado de demência do homem religioso a que se refere o médico neurologista e psicanalista Sigmund Freud? Ou seja, o homem religioso cria um sistema de ilusões, fugindo da realidade.
Cada homem religioso vê sua religião como a verdadeira. Vê seu deus como o verdadeiro (monoteístas), ou seus deuses como os verdadeiros (politeístas). Os cristãos, por exemplo, dizem que só irão para o “céu” aqueles que aceitarem a Jesus Cristo como seu salvador pessoal. Os demais irão para o “inferno”. Só que existem 27 mil denominações cristãs diferentes em todo o planeta Terra. Cada igreja cristã é diferente das outras igrejas cristãs. Por exemplo, os adventistas do sétimo dia pregam que só eles irão para o “céu” porque não trabalham no dia de sábado. Já os cristãos da assembléia de Deus dizem também que só eles irão para o “céu” mesmo trabalhando no dia de sábado. Já os cristãos católicos apostólicos romanos dizem também que só eles irão para o “céu”. Como se vê, já que cada igreja cristã elimina a outra, nessa ilusão, ninguém alcançará o “céu”. Percebeu, leitor, como a religião conduz o seu humano a um estado de demência? E ele não percebe porque está inserido nesse sistema de ilusões. Esse estado de demência do homem religioso pode ser comparado ao estado em que se encontra um adolescente perdidamente apaixonado por uma pessoa com péssimos predicados. Quando uma mãe vê seu filho apaixonado por uma jovem, por exemplo, atolada em drogas, fica preocupada. Ela dá conselhos ao filho para que deixe aquela garota que só vai trazer problemas para ele. Porém, o filho não escuta a mãe porque está cego pela paixão. Todos veem que aquela garota é um problema, menos o jovem. E por quê? Porque está apaixonado. Ou seja, a paixão o impede de ver o que pessoas não apaixonadas veem.
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