terça-feira, 3 de novembro de 2015
SIGMUND FREUD E A ILUSÃO RELIGIOSA ( IV )
SIGMUND FREUD E A ILUSÃO RELIGIOSA ( IV )
Eustáquio
3/11/2015
Caro leitor,
Este é o 4º artigo de uma série em que analiso alguns trechos do livro “O futuro de uma ilusão”, de autoria do austríaco judeu Sigmund Freud (1856 – 1939), o Pai da Psicanálise.
A ilusão que consta do título é a religião. Freud foi o pioneiro em estudar a mente (psique) humana, daí ser chamado o Pai da Psicanálise. Já que Freud estudava a mente humana, estudou também a religião e os deuses porque a mente humana cria esses elementos. Assim, Freud escreveu muito sobre o fenômeno religioso. Seus principais livros acerca de religião são: “O futuro de uma ilusão” (1927), “O mal-estar na cultura” (1921) e “Moisés e o monoteísmo” (1930).
Repito! Estou analisando alguns trechos do primeiro livro, ou seja, “O futuro de uma ilusão”. Na página 75 , Freud, entre outras coisas, escreve:
“Tentemos medir as proposições religiosas com o mesmo critério. Quando perguntamos sobre o fundamento da pretensão de que se acredite nelas, recebemos três respostas que se harmonizam notavelmente mal entre si. Em primeiro lugar, merecem crédito porque nossos ancestrais já acreditavam nelas; em segundo lugar, possuímos provas que nos foram transmitidas precisamente dessa época antiga, e, em terceiro lugar, é absolutamente proibido questionar essa comprovação. No passado, esse atrevimento era punido com os mais severos castigos, e ainda hoje a sociedade vê com desagrado que alguém o renove.”
Você, caro leitor, entendeu o recado acima do mestre Freud? Veja bem que ele escreveu essa verdade em 1927, portanto, há 88 anos. O que Freud afirma acima? Ora, ele afirma que as ideias religiosas são uma ilusão, uma superstição. São ideias falsas e irracionais, que “se harmonizam notavelmente mal entre si.”
Freud diz que, quando pessoas religiosas solicitam que acreditemos em suas ideias religiosas (deuses, anjos, espíritos etc.), elas fazem uso de três respostas. Ou seja, os religiosos apresentam 3 respostas que, segundo eles, provam que, por exemplo, deuses existem. E o Freud nos mostra essas respostas:
a) Os deuses existem porque nossos ancestrais acreditavam neles;
b) Os deuses existem porque existem provas que nos foram transmitidas dessa época antiga;
c) É proibido alguém questionar essas provas.
Como você, caro leitor, percebe acima, as provas apresentadas pelas pessoas religiosas para comprovar a existência de deuses não são provas, mas ilusões, fantasias e superstições. São, na verdade, conclusões ingênuas, irracionais e completamente errôneas. Infelizmente, até hoje, ano 2015, depois de 88 anos desse texto de Freud, pessoas religiosas, mergulhadas num profundo fanatismo, ainda invocam essas “provas” citadas acima pelo genial médico neurologista. Veja, caro leitor, a primeira “prova” que carrega nas costas as demais:
OS DEUSES EXISTEM PORQUE NOSSOS ANCESTRAIS ACREDITAVAM NELES
Essa “prova” da existência de deuses é tão ingênua, irracional e errônea que dói nos olhos. E o pior, caro leitor, é que ela aparece até hoje em livros religiosos, principalmente em livros publicados por editoras evangélicas. E o pior mesmo é que os fiéis acreditam nessa “prova”. Por que essa “prova” da existência de deuses é ingênua, infantil, irracional e errônea? Ora, é ingênua, infantil, irracional e errônea porque uma coisa ou um ser existe simplesmente porque o homem primitivo acreditava nessa coisa ou nesse ser. A história da civilização nos mostra que o homem antigo era um homem ignorante. Por exemplo, o homem da Idade da Pedra Lascada não sabia nada sobre astronomia, astrofísica, física, química, tecnologia avançada etc. Ele não conhecia nada sobre o Universo. Não entendia os fenômenos da natureza: chuva, terremoto, furação, vulcão e maremoto. Esse homem antigo, mergulhado em profunda ignorância, criou deuses numa tentativa de entender tudo aquilo que o cercava. Em sua profunda ignorância, os deuses estavam por trás das chuvas, dos terremotos, dos vulcões etc. Em sua profunda ignorância, o planeta Terra tinha um abismo lá na linha do horizonte.
Você, leitor, está entendendo, não é mesmo? Ora, o fato de o homem antigo acreditar em deuses não prova que eles existam. Ora, o homem antigo acreditava em milhares de coisas que hoje sabemos que eram errôneas. Acreditava num universo de erros por causa de sua ignorância diante de tudo o que o cercava. Eu, caro leitor, poderia aqui mostrar uma infinidade de erros que, no passado, eram considerados uma verdade pelo homem primitivo. Dar-lhe-ei alguns exemplos.
A humanidade em peso acreditava que o planeta Terra era imóvel, fixo, com a estrela Sol e os demais planetas girando em torno dele. Era a defesa do sistema geocêntrico, ou seja, a Terra como centro do Universo. E esse erro está registrado na Bíblia cristã. Repito: a humanidade em peso acreditava nisso. E hoje sabemos que a humanidade estava completamente errada. Percebeu, leitor, como não podemos dizer que uma coisa é verdadeira apenas porque nossos ancestrais acreditavam nela?
A humanidade em peso acreditava que o planeta Terra possuía um abismo, ao longo da linha do horizonte. E esse erro também está gravado na Bíblia cristã. Esse “abismo” não existe. É apenas uma ilusão de ótica.
A humanidade em peso acreditava que a Lua tinha luz própria apenas porque ela aparecia à noite, bem clara. Nossos ancestrais pensavam que a Lua iluminava a Terra. E esse erro também está registrado na Bíblia cristã. Percebeu, leitor, como não podemos afirmar que uma coisa é verdadeira apenas porque nossos ancestrais ignorantes pensavam assim?
A humanidade em peso acreditava que, em queda livre, os corpos pesados caíam mais rapidamente que os corpos leves. O filósofo grego Aristóteles também pensava assim. E hoje sabemos que era mais um erro.
Percebeu, leitor, a infantilidade da afirmação de que, se nossos ancestrais acreditavam em deuses, então os deuses existem?
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