domingo, 10 de outubro de 2021

SANTA EDWIGES TE PROTEGE

                                                         Sigmund Freud (1856 - 1939), o Pai da Psicanálise, judeu e ateu, em seu livro O futuro de uma ilusão, 2010, editora Pallotti, na página 88, escreve:

 


“(...) Nenhum homem racional se comportará tão levianamente em outros assuntos nem se contentará com fundamentações tão miseráveis para seus juízos, para sua tomada de partido; ele se permite isso apenas em relação às coisas mais elevadas e mais sagradas.”




Freud faz uma afirmação irrefutável! É impossível alguém contestá-la. Ele afirma que o homem, quando age racionalmente, quando coloca seu cérebro para funcionar, não se contenta com fundamentações miseráveis para sua tomada de partido, para seus pontos de vista. Vamos pegar como exemplo um professor de Direito Penal. Na sala de aula, ele ouve um aluno dizer que qualquer homicídio causado por um motorista na direção de um veículo será um homicídio culposo. Esse professor concordará com a afirmação do aluno? Claro que não, porque, na direção de um veículo, um motorista pode ser autor de um homicídio doloso. Esse professor rejeitou a afirmação miserável de seu aluno porque agiu racionalmente. E se esse professor for um cristão evangélico? Ora, como ele está atolado no mundo do “sagrado”, passará a aceitar fundamentações miseráveis para seus pontos de vista. Se um aluno disser que a Bíblia é um manual muito antigo, lotado de erros, superstições, fábulas, lendas, discrepâncias, contradições etc., o professor dirá que esse aluno está afirmando besteiras, que não conhece a Bíblia. Na verdade, o aluno está dizendo a verdade, só que o professor, como está invadido pela fé religiosa, passa a aceitar fundamentações miseráveis para seus pontos de vista. Entendeu, leitor? Como professor de Direito Penal, ele rejeita as fundamentações miseráveis. Como cristão evangélico, ele se contenta com as fundamentações miseráveis.

Trago um exemplo prático que vi na Rede Globo de Televisão, no Jornal DFTV, que começa precisamente ao meio-dia, quarta-feira passada, dia 6 de outubro do corrente ano. A matéria 

jornalística tem apenas 4 minutos e 39 segundos de duração. Veja-a, leitor:

Como você, leitor, viu, trata-se de uma reportagem feita no Santuário Santa Cruz e Santa Edwiges, situado aqui, em Brasília, na Asa Sul. O entrevistado é o padre Divino Alves. E qual é o assunto religioso? A “Santa” Edwiges, a padroeira dos pobres e endividados. Padroeira de quem? Dos pobres e endividados! Eis aqui, leitor, mais um exemplo de que o homem religioso se contenta com fundamentações miseráveis para seus pontos de vista, como afirma Freud. Logo de início, não existem santos e santas. Por exemplo, no mundo do cristianismo evangélico, santos e santas não existem. Mas existem no mundo do cristianismo católico. A Igreja Católica Apostólica Romana fabrica santos e santas para agradar o gosto do freguês. E outro absurdo: a “santa” Edwiges é a protetora dos pobres e endividados. Ora, olhando para o Brasil, por exemplo, lotado de pobres e endividados, é fácil ver que “Santa” Edwiges não oferece proteção alguma. Quanto mais os pobres e endividados rezam para a santa, mais pobres e endividados ficam. Entendeu, leitor? O homem religioso se contenta com fundamentações miseráveis para seus pontos de vista. 

Na reportagem da Rede Globo, o padre Divino Alves fala logo no início:




“Boa-tarde, Letícia. Olha, realmente, a nossa igreja, como a protetora dos endividados, Santa Edwiges, e as pessoas do país e, de modo especial, em Brasília, muitas e muitas famílias estão endividadas. Está valendo hoje, mais de 700 mil famílias endividadas.”




O próprio padre Divino Alves mostra um quadro enorme de cristãos endividados em Brasília: 700 mil famílias! É fácil ver a ineficácia da proteção atribuída à “Santa”, não é mesmo? Não é, pois, racional afirmar que uma determinada santa é protetora dos pobres e endividados quando temos um universo de pobres e endividados. Só para clarear sua mente, veja, leitor, as imagens daquelas crianças africanas extremamente pobres, cadavéricas por falta de comida. E o padre Divino diz que Santa Edwiges socorre os pobres e endividados. Entendeu, leitor, como Freud tem razão quando afirma que o homem religioso se contenta com fundamentações miseráveis para seus pontos de vista? 

Você, leitor, é cristão católico, devoto de Santa Edwiges? É muito pobre? Está endividado? Dou-lhe um conselho: não faça orações à “santa”! Orações não servem para nada, não têm eficácia alguma! Procure um emprego para que você possa sair dessa situação de miserabilidade. Encontra-se endividado? Entre em contato com seus credores para um acordo, peça mais tempo para efetuar o pagamento da dívida. Santo algum ou santa alguma existe, santo algum ou santa alguma protege pessoas, muito menos pessoas pobres e endividadas. É mais fácil entender isso do que empurrar um bêbado ladeira abaixo. 

Na reportagem, sobre o cristão Celso, devoto da santa, padre Divino diz à jornalista Letícia de Oliveira:




“Olha, Celso, diante dessa pandemia, ele consegue um grande milagre de abrir 3 lojas em Brasília. É um milagre!”




Padre Divino diz que o cristão Celso conseguiu um milagre graças à Santa Edwiges: abriu 3 lojas em Brasília. Mais uma afirmação religiosa sem fundamentação, sem suporte algum. Em primeiro lugar, deuses, santos e santas não existem, logo, não agem, não interferem na vida de alguém. Em segundo lugar, o cristão Celso, devoto de Santa Edwiges, não foi a única pessoa de Brasília que, com a pandemia, obteve sucesso empresarial. Cristãos católicos não devotos de Santa Edwiges, cristãos evangélicos que rejeitam Santa Edwiges e até ateus conseguiram lucro diante da pandemia. Celso, pois, repito, não foi a única pessoa que se deu bem diante da pandemia e, claro, não teve ajuda alguma por parte da Santa.  Em terceiro lugar, quando o padre Divino afirma que o devoto Celso abriu 3 lojas em Brasília, graças à Santa Edwiges, ele não percebe a dimensão do absurdo. Quer dizer, então, que Santa Edwiges teve dó do cristão Celso, resolvendo ajudá-lo, mas não teve dó de milhões de brasileiros cristãos que, com a pandemia, foram reduzidos à pobreza e ao desemprego. Entendeu o absurdo, leitor? Celso, com a pandemia, com a ajuda da Santa, obteve êxito, abrindo 3 lojas, enquanto milhões de cristãos brasileiros deixaram de receber ajuda da Santa, foram a óbito, outros foram reduzidos à pobreza, ao desemprego e às dívidas. Percebeu, leitor, como o homem religioso se contenta com fundamentações miseráveis para seus pontos de vista?

E, mais à frente, padre Divino, sobre o cristão Fábio, diz à jornalista:




“O Fábio, há 4 anos atrás, estava desempregado e com muitas dívidas, e a Simone convida pra ele vir romar, preparar todo o andor e toda a imagem da Santa, a ornamentação. E, a partir daí, Fábio nunca mais ficou desempregado.”





Padre Divino afirma que o cristão Fábio se encontrava, há muitos anos, desempregado e com muitas dívidas. Uma cristã devota de Santa Edwiges, a Simone, o convidou para ajudar nos preparativos da festa em homenagem à Santa. A partir daí, Fábio nunca mais ficou desempregado e conseguiu zerar suas dívidas. É fácil ver que o homem religioso se contenta com fundamentações miseráveis para seus pontos de vista. Sob o horrível e defeituoso ponto de vista do padre, Santa Edwiges resolveu arranjar um emprego para o Fábio, além de zerar as dívidas financeiras dele. Só que essa mesma Santa abandonou um exército de cristãos também seus devotos que se encontram hoje desempregados, reduzidos à pobreza e a dívidas. Percebeu, leitor, como o homem religioso fica satisfeito diante de fundamentações miseráveis para a formação de seu raciocínio? Santa alguma existe, santa alguma consegue emprego para alguém, santa alguma anula dívidas de alguém.

 E um conselho a você, leitor: se você está cheio de dívidas, desempregado, não vá a igreja alguma. Indo a igrejas suas dívidas podem até aumentar porque será incentivado a pagar o dízimo e a entregar ofertas, principalmente nas igrejas evangélicas, cuja fome por dinheiro é maior ainda.   


Um comentário:

  1. Marx disse: "A religião é o ópio do povo" e Novo Testamento da Bíblia Almeida Corrigida fiel diz em Tiago 2:26 "Porque, assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta"

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