Esse é o 7º vídeo da série “Ateu Henrique X Cristão Renato Romão”. Uma série em que analiso algumas afirmações do cristão Renato Romão presentes no debate ao vivo com o ateu Henrique. Esse debate rendeu um vídeo com duração de 3 horas, 58 minutos e 54 segundos, encontrando-se à disposição de qualquer pessoa nos canais de Ismael Oliveira (o intermediador) e de Henrique.
No tempo de 13 minutos e 5 segundos, o cristão Renato Romão diz ao ateu Henrique:
“Agora veja só: você falar que um livro, aonde fala que você deve honrar seu pai e sua mãe, não pode ser lixo, cara!”
E o ateu Henrique respondeu assim:
“Ó, isso daí, cara, eu não preciso de um livro para honrar meu pai e minha mãe! Eu sou um dos filhos, se você perguntar pra minha mãe, entendeu, eu sou um dos filhos que mais honra meu pai e minha mãe. Então, eu não preciso dum livro! Eu não preciso acreditar num deus para ter caráter!”
Mais uma vez, venho aqui afirmar que o cristão Renato Romão é uma pessoa de bem, educado e simpático. Pessoalmente, nada tenho contra ele. Até gostei dele. Mas há um problema com ele: é um cristão evangélico, um homem religioso. Desde o berço, com certeza, Renato ouviu de seus pais que a Bíblia é a palavra de Deus. Ele acreditou nisso e acredita até hoje. Por isso, não aceita a afirmação de que a Bíblia não é um bom manual de conduta.
Para mostrar ao Henrique que a Bíblia é um excelente manual de conduta, Renato diz que ela ordena que os filhos honrem seus pais. Mais à frente, vou analisar esse “honrar pai e mãe” no contexto bíblico. Mas, antes, veja, leitor, o defeito na afirmação de Renato. De início, trago um exemplo histórico. Adolf Hitler adorava crianças. Em muitos vídeos da época, ele aparece brincando com as crianças de seus subordinados mais diretos. Imagine, leitor, um admirador de Hitler afirmando o seguinte:
“Meu irmão, Hitler adorava crianças, brincava com elas, então, como é que você pode dizer que ele era um monstro, um genocida?”
Sim, Hitler adorava crianças, crianças alemãs. Uma qualidade! Todavia, odiava as crianças judias. Uma maldade! O fato de Hitler ser carinhoso com crianças alemãs não eliminou sua maldade exorbitante. Da mesma forma, a Bíblia, ao trazer o “honrar pai e mãe”, não anula a maldade presente em seus textos.
A mesma Bíblia que determinava o “honrar pai e mãe”, condenava à morte o hebreu que prestasse culto a outros deuses, ou seja, proibia a liberdade de crença.
A mesma Bíblia que fixava o “honrar pai e mãe”, incentivava o povo hebreu a invadir terras alheias, apropriando-se de bens que não lhe pertenciam.
A mesma Bíblia que estabelecia o “honrar pai e mãe”, aplaudia a escravidão humana.
A mesma Bíblia que trazia o “honrar pai e mãe”, tratava a mulher como um ser inferior ao homem, excluindo-lhe os direitos mais elementares.
A mesma Bíblia que registrava o “honrar pai e mãe”, incentivava a destruição de sítios arqueológicos, com a destruição de “imagens” de deuses de outros povos.
A mesma Bíblia que estabelecia o “honrar pai e mãe”, condenava à pena de morte por apedrejamento os filhos desobedientes.
E assim por diante! Veja agora, leitor, esse “Honrar pai e mãe” no contexto bíblico. Honrar significa respeitar, ser obediente, exaltar. Será que, no mundo bíblico, os filhos realmente honravam os pais? Abra a Bíblia, leitor, e veja com seus próprios olhos. Veja um exemplo: o casal Isaque e Rebeca teve, inicialmente, 2 filhos: Esaú e Jacó. O mais famoso foi Jacó, que caiu nas graças do deus hebreu. Jacó honrava seus pais? Ora, o pai Isaque amava o filho Esaú, já a mãe Rebeca, o filho Jacó. E o que aconteceu? Rebeca e o filho Jacó enganaram o velho Isaque, em prejuízo do filho Esaú, que tinha o direito de primogenitura porque nascera primeiramente. Jacó, passando-se falsamente por Esaú diante do pai cego, conseguiu sua bênção. Enganou, pois, o próprio pai, DESONROU o próprio pai. Ele foi punido pelo deus hebreu? De forma alguma! Ao contrário, foi abençoado também pelo deus hebreu.
E, nos textos atribuídos a Jesus, esse “honrar pai e mãe” realmente era levado a sério? Quando digo “Jesus”, obviamente, estou me referindo ao Jesus das narrativas lendárias que estão no Novo Testamento, e não no Jesus histórico. O Jesus histórico é um nada! E aí, leitor, será que Jesus levava a sério o “honrar pai e mãe”? Para começar, veja o que está escrito em Lucas, capítulo 14, versículo 26:
“Se alguém vem a mim e não aborrece a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs e ainda a sua própria vida, não pode ser meu discípulo.”
A fala acima foi atribuída por um escritor cristão a Jesus. O discurso acima entra em contradição com o “honrar pai e mãe”? Entra ou não entra, leitor? Claro que entra em contradição! Ora, quem prega o “honrar pai e mãe”, não pode evidentemente pregar “quem não aborrece seu pai e sua mãe, não pode ser meu discípulo”. Entendeu, leitor? Na imaginação do escritor cristão, Jesus está afirmando que, para alguém ser seu discípulo, deverá aborrecer seu pai e sua mãe, ou seja, deverá DESONRAR seu pai e sua mãe, deverá DESOBEDECER a seu pai e sua mãe. Entendeu, leitor? Essa passagem cristã é contrária ao “honrar pai e mãe”! Na Bíblia, honrar pai e mãe significa não aborrecer pai e mãe, não desobedecer pai e mãe, não contrariar pai e mãe. E mais um exemplo, entre outros, atribuído a Jesus, em Marcos, capítulo 10, versículos 29 e 30:
“29 Tornou Jesus: Em verdade vos digo que ninguém há que tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou filhos, ou campos por amor de mim e por amor do evangelho,
30 que não receba, já no presente, o cêntuplo de casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições; e, no mundo por vir, a vida eterna.”
Na fala acima, Jesus diz que o filho que deixar seus pais em nome dele ganhará a vida eterna. Que o filho que abandonar seus pais em nome dele ganhará cem vezes mais. Que o filho que DESONRAR seus pais em nome dele receberá bênçãos. Entendeu, leitor, mais uma mensagem cristã contrária ao “honrar pai e mãe”?
Será que o cristão Renato Romão tem esse conhecimento sobre o “honrar pai e mãe”?
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