Esse é o 3º vídeo da série “Ateu Henrique X Cristão Renato Romão”. Uma série em que analiso algumas afirmações do cristão Renato Romão presentes no debate ao vivo com o ateu Henrique. Esse debate rendeu um vídeo com duração de 3 horas, 58 minutos e 54 segundos, encontrando-se à disposição de qualquer pessoa nos canais de Ismael Oliveira (o intermediador) e de Henrique.
No tempo de 3 minutos e 58 segundos, o cristão Renato Romão diz assim:
““(...) Vi também que um dos vídeos que ele debate é esse aqui a Bíblia. Aqui, o manual, Henrique, esse aqui é o manual de conduta. Vou defender o manual de conduta aqui!”
Como você, leitor, acabou de ver, no início de sua apresentação, o cristão Renato Romão, segurando a Bíblia com a mão esquerda, diz ao ateu Henrique:
““(...) Vi também que um dos vídeos que ele debate é esse aqui a Bíblia. Aqui, o manual, Henrique, esse aqui é o manual de conduta. Vou defender o manual de conduta aqui!”
Quando o Renato afirma que vai defender a Bíblia, seu manual de conduta, qual é a reação de Ismael Oliveira, o intermediador, e de Henrique? Os dois abrem um sorriso, riem. Por quê? Porque é muito estranho alguém, no uso de suas faculdades mentais, afirmar que a Bíblia é um manual de conduta exemplar. Um livro que incentiva invasões de terras, com a expulsão dos reais proprietários é um manual de conduta exemplar? Um livro que determina a morte de pessoas que venham a prestar culto a deuses, além do deus hebreu, é um manual de conduta exemplar? Um livro que prega condenação eterna no fogo do inferno para quem apenas não crê em Jesus é um manual de conduta exemplar? Um livro que apoia e incentiva a escravidão humana é um manual de conduta exemplar? Um livro que discrimina a mulher, excluindo-lhe os direitos mais elementares, é um manual de conduta exemplar?
Por que, então, o cristão Renato Romão afirma que a Bíblia é seu manual de conduta? Simplesmente porque ele é um cristão, ele recebe em sua igreja essa doutrinação. Um cristão qualquer, obviamente, irá defender a Bíblia cristã, um adepto do islamismo já defenderá o Corão, um judeu, a Bíblia hebraica diferente da Bíblia cristã por não conter o Novo Testamento. Cada religioso defenderá, pois, seu livro “sagrado”. E, como se trata de uma defesa com carga religiosa, infelizmente cai pelo abismo abaixo. Não tem sustentação alguma. Sigmund Freud, o Pai da Psicanálise, era judeu e ateu. Ele dizia que o homem religioso se contenta com fundamentações miseráveis para seus pontos de vista. Eis uma verdade freudiana inatacável, imbatível, incontestável.
O mundo da Bíblia, caro leitor, era um mundo totalmente diferente do nosso. Se você, leitor, é um cristão que mora no Brasil, por exemplo, sinta-se um felizardo porque, se as leis bíblicas estivessem funcionando hoje, você estaria numa situação caótica, desesperadora. A Constituição Federal, sim, é um excelente manual de conduta exemplar, porém, a Bíblia, não! Você, cristão, no Brasil, pode adorar o deus que quiser, prestar culto a qualquer divindade porque existe a liberdade de crença e de culto, o que era negado no mundo da Bíblia. Você, mulher cristã, que mora no Brasil hoje, fique feliz porque você pode sair de casa para ir à rua sem a permissão de seu marido, você pode falar em qualquer lugar, você pode trabalhar em qualquer lugar, você pode adquirir qualquer patrimônio, e tudo isso era negado à mulher no mundo da Bíblia. Você, homem cristão, que mora no Brasil, fique tranquilo porque jamais será submetido à escravidão. Se alguém transformar você num escravo, será processado e condenado à prisão porque a Constituição lhe garante a liberdade de locomoção. No mundo da Bíblia, você poderia ser transformado em escravo, um escravo obediente a seu proprietário, e tudo isso com a aprovação do deus hebreu. Na verdade, deus algum existe, deus algum faz algo a alguém. Essas maldades que estão na Bíblia são apenas uma prova do atraso do mundo antigo, isto é, uma prova de que nós evoluímos, de que nós avançamos.
Pelo vídeo, é fácil ver que o cristão Renato Romão é um rapaz simpático e educado. Gente boa! Mas dói em mim ver que ele vive uma ilusão religiosa que o aprisiona, que o impede de ver a realidade que está tão clara. Henrique foi um cristão evangélico fervoroso durante 20 anos. Hoje é um ateu convicto, isto é, ele conseguiu sair da fantasia religiosa. O intermediador do debate, Ismael Oliveira, cearense, também foi um cristão fervoroso, e hoje é um ateu também convicto. Henrique e Ismael são também pessoas simpáticas e amáveis. Renato Romão, quem sabe, conseguirá também sair da ilusão religiosa, a exemplo dos dois ateus citados.
Vou trazer aqui dois exemplos bíblicos que nada têm a ver com conduta exemplar, como pensa o cristão Renato. Claro que eu poderia apresentar uma infinidade de passagens bíblicas, mas vou me ater apenas a essas duas. No primeiro livro da Bíblia cristã, Gênesis, capítulo 12, começa a saga do lendário Abraão. Isso aqui, caro leitor, é mais uma lenda bíblica, uma narrativa criada por um hebreu que não se chamava Moisés. Nada de Moisés. O que está escrito no primeiro versículo? Uma monstruosidade bíblica que o cristão Renato, embalado pela fé religiosa, não consegue ver. Que monstruosidade bíblica é essa? Veja, leitor, com seus próprios olhos:
“Ora, disse o SENHOR a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei.”
Nessa lenda bíblica, o escritor hebreu escreveu: “Disse o SENHOR a Abrão!” Quem é esse SENHOR, leitor amigo? O cristão Renato Romão dirá que esse SENHOR foi o deus hebreu. Foi o deus hebreu que realmente falou isso para o Abrão, mais tarde, Abraão. Nada disso! Deus algum existe, deus algum fala com alguém. Esse SENHOR presente no relato foi apenas uma criação do escritor hebreu, uma imaginação. E não uma entidade “espiritual” boa e inteligentíssima. E o pior vem agora: o que esse SENHOR disse a Abraão? E aí vem a monstruosidade! Ele disse a Abrão que saísse de sua terra, UR (atual Iraque), e fosse para uma terra que já pertencia a outros povos. Para ser mais claro: o deus hebreu determina que Abraão saia de sua terra para INVADIR terra de outras pessoas. Isso é ético, caro leitor? É uma conduta exemplar? Claro que não, não é mesmo?
Vamos colocar o cristão Renato Romão no foco do problema? Vamos supor que Renato seja casado e pai de duas crianças. Trabalhando durante longos anos, conseguiu poupar um dinheirinho e comprou uma casa de praia em Fortaleza. Num belo domingo, lá está o Renato com a esposa e os 2 filhos, admirando o mar. E aí chega um grupo de pessoas, dizendo-lhe:
“Ei, moço! Você vai ter que sair desta casa porque nosso deus determinou que saíssemos de nossa terra para ocupar esta casa! Se você não sair por bem, nosso deus agirá!”
E aí, leitor, será que o cristão Renato Romão ficará feliz com essa visita e deixará a casa para os estranhos? Ou agirá, chamando a polícia ou fazendo uso de alguma arma? Com certeza, a segunda opção, não é mesmo, leitor? Esse relato bíblico monstruoso mostra, na verdade, que aqueles povos, naquela época, viviam brigando por terras, fazendo uso da violência para roubar terras alheias. É fácil ver que deus algum existe, deus algum bondoso e inteligente apareceu diante dos hebreus para instituir tamanha barbaridade. Como é possível que o cristão Renato não consiga ver essa realidade tão clara e cristalina?
Veja agora, leitor, um exemplo bíblico presente no Novo Testamento, cristianismo puro. No evangelho de Marcos, capítulo 16, versículo 16, está escrito:
“QUEM CRER E FOR BATIZADO SERÁ SALVO; QUEM, PORÉM, NÃO CRER SERÁ CONDENADO.”
Essa passagem bíblica acima é atribuída a um certo Jesus, apenas atribuída. Na verdade, o escritor cristão que a escreveu era muito ignorante e muito mau. Ignorante porque ninguém pode ser condenado por não CRER, já que isso independe da vontade da pessoa. Mau porque fixa uma punição com sofrimento eterno.
O inferno cristão é mais uma maluquice do cristianismo. E uma maldade sem fim! Imagine condenar ETERNAMENTE uma pessoa ao fogo do inferno apenas porque não crê no Jesus do Novo Testamento? Condenar ETERNAMENTE ao fogo do inferno um judeu, um budista, um ateu, um espírita? Condenar ETERNAMENTE uma pessoa não pelo que ela fez, mas apenas por NÃO CRER em JESUS! É ou não é uma maluquice? É ou não é uma conduta exemplar? No fundo, nem o cristão Renato Romão concorda com isso, mas propaga. Em primeiro lugar, ninguém pode ser condenado por NÃO CRER! Por que não pode? Simplesmente porque isso não depende da vontade da pessoa, ou seja, está além de sua vontade. Se alguém disser a um cristão que ele deve CRER em Maomé, o cristão dirá que isso é impossível porque não depende da vontade dele, ele não tem comando sobre isso. Se alguém disser a um adepto do islamismo que ele deve CRER em Jesus, ele dirá que isso é impossível porque não depende da vontade dele, ele não tem comando sobre isso. Entendeu, leitor? Ninguém pode ser obrigado a CRER porque está além de suas forças. Uma pessoa pode ser condenada por matar outra. Aí pode! Por quê? Porque, se uma pessoa mata outra, o fez de acordo com sua vontade. Se uma pessoa estupra outra, também pode ser condenada. Por quê? Porque agiu de acordo com sua vontade. Tinha controle sobre a situação. Poderia não ter matado. Agora, em relação a CRER, a coisa é diferente. Não depende da vontade da pessoa. Um judeu, por exemplo, poderia até dizer assim a um cristão: “Olhe, você me pede para CRER em Jesus, eu até gostaria, mas meu cérebro não aceita, entendeu?” Veja, leitor, um exemplo moderno: um bolsonarista poderia dizer ao Edson Martins: “Você deve CRER que Jair Bolsonaro é um homem inteligente”. Sabe o que Edson dirá? Dirá assim: “Rapaz, eu até gostaria de crer na inteligência de Jair Bolsonaro, mas meu cérebro não aceita isso!” Entendeu, leitor? Edson não pode ser punido por não CRER!
Em segundo lugar, o cristianismo fixa loucamente uma punição que traz um sofrimento eterno. O escritor cristão que escreveu a maluquice acima, atribuída a um certo Jesus, era muito mau! Eu, Eustáquio, não desejo sofrimento eterno nem para o pior estuprador da Terra. Para os estupradores, eu fixaria pena de morte, mas não sofrimento eterno. Suzane Von Richthofen, em 2002, mandou matar seu pai e sua mãe a marretadas. Para ela e os executores do crime, eu fixaria pena de morte, mas não sofrimento eterno. No mundo antigo, havia a ideia de que o sofrimento limparia o pecado. Por isso o preso tinha que sofrer castigos físicos. Isso mudou. O preso hoje fica apenas preso. Não pode sofrer castigos físicos. E, após o cumprimento da prisão, estará livre. Suzane já está livre e os dois executores do crime também. Entendeu, leitor, como a doutrina do cristianismo é muito má? Ela fixa sofrimento eterno para uma pessoa que apenas não ACREDITA em Jesus! É fácil ver que nossas leis de hoje são mais humanas porque não condenam o pior dos bandidos a sofrimento eterno. E, obviamente, não condenam alguém que não CRÊ em Jesus, em Buda, em Maomé, em Alá, em Jair Bolsonaro e outros.
E, lamentavelmente, o cristão Renato Romão ainda diz por aí que a Bíblia é o seu manual de ética!
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