segunda-feira, 4 de outubro de 2021

A ÉTICA NA BÍBLIA

                                       Esse é o 7º vídeo sobre o manual “Lições Bíblicas, 3º trimestre de 2002, Ética Cristã, confrontando as questões morais”. Mais uma vez, trago a parte do trecho do manual que está na página 4:




“(...) Graças a Deus, temos o maior e melhor referencial ético que o mundo já conheceu: a Palavra de Deus.”

 



O manual das Assembleias de Deus afirma que a Bíblia é o maior e melhor referencial ético que o mundo já conheceu. Como já dizia Sigmund Freud, o Pai da Psicanálise, judeu e ateu, o homem religioso se contenta com fundamentações miseráveis para seu juízo, para seus pontos de vista. É um absurdo alguém afirmar que a Bíblia é o maior e melhor referencial ético que o mundo já conheceu. Um absurdo! Só mesmo os livros evangélicos para fazer tal afirmação. Nos 3 vídeos anteriores, mostrei 3 passagens bíblicas que estão muito distantes do que conhecemos por ética. Para esse vídeo, mais um exemplo bíblico que é contra a ética. 

Você, amigo leitor, sabe o significado da palavra “escravidão”? Se você sabe, muito bem. Se não sabe, então vamos lá. Escravidão é a situação em que se encontra um escravo. O escravo é uma pessoa que não tem liberdade, submetida a trabalhos forçados sem remuneração e a castigos. Você, leitor, com certeza, trabalha, tem um emprego livre, que lhe garante um salário, descanso semanal, férias, 13º salário, FGTS, previdência social etc. Que beleza! Mas fique sabendo que um escravo não possui nenhum desses direitos. Para refrescar sua memória, leitor, lembre-se da escravidão que reinou no nosso Brasil até 1888.

Pergunto-lhe, agora, leitor: submeter uma pessoa à escravidão é ético? O que você me diz? É ético prender um ser humano, forçá-lo a trabalhar, aplicando-lhe castigos físicos? Isso é ético, amigo leitor? Não ouvi sua resposta, mas tenho certeza de que você disse “NÃO”! Muito bem, caro leitor! Claro que não é ético submeter uma pessoa à escravidão. Ao contrário: é uma das piores barbaridades contra o ser humano! 

Pois bem! Já que o manual das Igrejas Evangélicas Assembleias de Deus afirma que a Bíblia é o maior e melhor referencial ético que o mundo já conheceu, então, a Bíblia deve proibir a escravidão, não é mesmo, leitor? A Bíblia deve ser contra a escravidão, não é mesmo, leitor? E ela é contra a escravidão? Claro que não, leitor! Claro que não! Ao contrário: de Gênesis ao Apocalipse, a escravidão é apoiada e elogiada. É preciso que você, leitor, entenda que a Bíblia é um conjunto de livros de um povo, hebreu, e não de todos os povos. Outros povos, obviamente, têm livros diferentes e deuses diferentes também. No mundo antigo, essa maldade chamada escravidão se fazia presente. Existiu até aqui, no Brasil, que nasceu em 1500, e com maior razão ainda no mundo da Bíblia, que é muito mais antigo. O povo hebreu, que criou o deus hebreu, adorado também pelos cristãos, mantinha escravos. Veja, caro leitor, o que está escrito na Bíblia, no livro  Levítico, capítulo 25, versículo 44:



“Quanto aos escravos ou escravas que tiverdes, virão das nações ao vosso derredor; delas comprareis escravos e escravas.”



Viu aí, leitor, como os hebreus possuíam escravos! Havia escravos hebreus e escravos estrangeiros. Seres humanos comprados, como hoje se compra um televisor, um celular ou uma Bíblia. E o manual das Assembleias de Deus ainda tem a coragem de afirmar que a Bíblia é o melhor e maior referencial ético que o mundo já conheceu. É ou não é uma afirmação totalmente divorciada da história dos hebreus? A escravidão está na Bíblia e nada tem a ver com ética! Um livro que enaltece a escravidão obviamente não é um livro ético! Como, no mundo da escravidão, os escravos eram uma propriedade, um objeto, então se submetiam aos piores vexames, entre os quais, a satisfação sexual de seus proprietários. Eis um exemplo no livro de Gênesis, capítulo 16, versículo 1:



“Ora, Sarai, mulher de Abrão, não lhe dava filhos; tendo, porém, uma serva egípcia, por nome Agar.”



Nessa lenda bíblica, Abraão e Sara formavam um casal. E esse casal possuía escravas, uma delas chamada Agar. Abraão, que não era bobo, fazia sexo com as duas. Suas escravas não tinham vontade, poder de decisão porque eram consideradas objetos. Se o proprietário sentisse tesão por uma escrava, a relação sexual se concretizava. Era assim na Bíblia, como também era assim no Brasil. Os proprietários e seus filhos, como se diz lá, no Ceará, lavavam a burra em cima das miseráveis escravas. Na lenda bíblica, de tanto Abraão trepar na escrava Agar, nasceu um filho chamado Ismael. Após o nascimento da criança, Sara ficou com inveja porque era infértil, não podia gerar um filho. A escrava Agar, uma mera escrava parir, foi visto como ofensa por Sara. E aí, em comum acordo, Sara passou a humilhar a pobre Agar, que, não aguentando tamanha humilhação, fugiu de casa com o menino. 

No Novo Testamento, o apóstolo Paulo de Tarso, que foi realmente o fundador do cristianismo, já que o Jesus das narrativas lendárias não deixou igreja alguma, pois era judeu, fazia propaganda da escravidão. Em Gálatas, capítulo 4º, versículos 30 e 31, em relação à lenda de Agar e seu filho Ismael, Paulo escreve:


“Contudo, que diz a escritura?

 Lança fora a escrava e seu filho, porque de modo algum o filho da escrava será herdeiro com o filho da livre.

 E, assim, irmãos, somos filhos não da escrava, e sim da livre.”





Segundo o ponto de vista do apóstolo Paulo de Tarso, os escravos eram cidadãos de classe inferior, razão pela qual ele achou correta a expulsão da escrava Agar e de seu pobre filho pelo casal Abraão e Sara. Paulo diz que, de modo algum, o filho da escrava seria herdeiro, mas apenas o filho de Sara. Mais à frente, em 1 Timóteo, capítulo 6º, versículo 1, Paulo diz sobre os escravos:

 



“Todos os servos que estão debaixo de jugo considerem dignos de toda honra o próprio senhor, para que o nome de Deus e a doutrina não sejam blasfemados.”




Paulo de Tarso está afirmando que os servos (escravos) devem honrar seus proprietários, seus donos, porque agindo assim o deus hebreu ficará muito feliz. Você entendeu, leitor amigo? Serei mais claro: Paulo está dizendo que os escravos devem ser obedientes aos seus patrões para que a doutrina cristã não seja blasfemada. Entendeu agora, leitor? 


E, lamentavelmente, o manual das Igrejas Evangélicas Assembleia de Deus ainda tem a coragem de afirmar que a Bíblia é o melhor e maior referencial ético que o mundo já conheceu!

Durma-se com um barulho desse!!!!


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