domingo, 29 de setembro de 2019

O MEU DEUS É...É...É...




                                                                          Eustáquio


               
            Em meu vídeo “Deus e a peste sobre o povo de Israel”, publicado ontem, dia 28, até o presente momento, apenas um cristão lançou um comentário que, diga-se de passagem, como é natural, nada diz sobre o teor do vídeo. Todavia, resolvi fazer esse vídeo para mostrar a todos como funciona o fenômeno religioso. Eis o comentário do cristão que se apresenta como Josué pedras preciosas:


           Como sempre des do principio, os ateus reprovando as obras de Deus. e vivendo pertubados com a palavra. (falsa) e a palavras que sai da boca dos "ateistas"



            O Josué, com certeza, nem assistiu a meu vídeo. Apenas por saber que se trata de um vídeo de um ateu, ele já vai logo condenando. Em sua inocência religiosa, Josué diz que os ateus reprovam as obras de Deus. E diz também que são falsas as afirmações do ateus. Se o Josué fosse meu filho, hoje, eu estaria bastante preocupado com ele.
           Antes de analisar o comentário de Josué, trago aqui o Sigmund Freud (1856 – 1939), o Pai da Psicanálise, judeu e ateu. Em seu livro “O futuro de uma ilusão”, editora Pallotti, 2010, nas páginas 118 e 119, Freud escreve:



               “O homem é um ser de inteligência débil, dominado pelos seus desejos impulsionais. (...) O crente não se deixará privar de sua crença – não à força de argumentos e não à força de proibições. Caso se conseguisse isso com alguns, seria uma crueldade. Quem tomou soníferos por décadas obviamente não poderá dormir quando privado do remédio.”




                Freud lançou esse livro em 1927, portanto, há 92 anos, isto é, há quase um século. Assim, há quase um século, Freud já analisava o comentário recente do Josué feito aqui, no Brasil. O Josué é um crente, um cristão. Acredita no deus hebreu. Crê que a Bíblia é a palavra desse deus. E qual foi o esforço dele para chegar a essas constatações? Nenhum! Obviamente, nenhum! Josué, desde o berço, recebeu essa crença religiosa de seus pais. Se seus pais não fossem brasileiros, mas iranianos, Josué, hoje, não se referiria à Bíblia, mas ao Corão. Não estaria invocando a Jesus, mas o profeta Maomé. E, se seus pais fossem chineses, Josué hoje seria um adepto de Buda. Como se vê facilmente, a crença religiosa é um produto cultural, oriundo do meio em que determinada pessoa vive. É o meio em que a pessoa vive que vai dizer em que deus acreditar e a que religião se filiar.
             Assim, desde o berço, Josué está mergulhado na ilusão religiosa cristã. Freud, com maestria, já afirmava que um crente não se afastará facilmente de sua crença religiosa. Nem adianta a força dos argumentos, muito menos, a força das proibições. O crente religioso não está nem aí para os argumentos que quebram sua ilusão, por mais fortes que sejam. Não está também nem aí para as proibições que afetam sua crença religiosa, por mais terríveis que elas sejam. E isso ocorre porque o crente, no dizer de Freud, toma soníferos (ilusão religiosa) há muito tempo, razão por que fica viciado, preso a esses soníferos, dependente desses soníferos. Para o crente abandonar esses soníferos, dos quais se tornou dependente, é preciso muita força interna. É necessário que ele, e somente ele, tome essa decisão. De nada adianta, alguém de fora apresentar-lhe os mais fortes argumentos, ou proibi-lo de manifestar sua crença. A decisão, pois, deve partir dele, e de ninguém mais. É a mesma coisa que está no “slogan” dos Alcoólicos Anônimos (AA):



             “Se você quer beber, o problema é seu; se você quer parar de beber, o problema é nosso.”



              O alcoólatra, para entrar no AA, é preciso que queira parar de beber. Ele tem que querer, que desejar abandonar o vício. Se ele não quer deixar de beber, nem adianta. O problema é dele. Igualmente o crente religioso. Em minha página, recebo comentários de várias pessoas que eram crentes fanáticos, presos a várias igrejas. Porém, atualmente, são ateus fervorosos. Trago, como exemplo, o teólogo e pedagogo Fábio de Oliveira Lima, que possui um canal com o mesmo nome. O Fábio foi evangélico fervoroso durante 17 anos. Acreditava em tudo o que seus líderes lhe diziam. Hoje, arrepende-se amargamente de ter acreditado nessas bobas fantasias. Como o Fábio conseguiu abandonar sua crença cristã que lhe foi transmitida por seus pais desde o berço? Ele conseguiu sair da ilusão religiosa cristã a partir do momento em que começou a estudar profundamente a Bíblia, quando as dúvidas começaram a aparecer. Não foi simplesmente um ateu que o convenceu. Ele mesmo começou a questionar, a duvidar. E não deu outra.

            O Josué, torço muito, talvez consiga enxergar a verdade tão cristalina, a exemplo do Fábio, do Ferreira Rassier, do Leonardo Marcolino, do Aparecido Tadei, do Kennedy Litaiff e tantos outros.
            Veja como o Josué, por causa de sua crença religiosa, não consegue ver a realidade tão clara. Naquele vídeo, mostrei a péssima visão de justiça do mundo da Bíblia. Apresentei ali o relato que está em 2 Samuel 24:1. Ali, o deus hebreu incita o rei Davi a realizar o censo em Israel e Judá. No relato lendário bobo, o deus hebreu leva o Davi a fazer o censo. Acaba-se a responsabilidade do rei. A responsabilidade é apenas do deus hebreu. E o pior é que o deus hebreu resolveu punir Davi por ter feito o censo. E o pior ainda é que não puniu o rei, mas o povo, coitado, que não teve culpa no cartório. Qualquer pessoa normal, que faz uso do cérebro, que raciocina, que compara, vê logo que esse relato bíblico é muito bobo, cheio de infantilidades. Mas o Josué não vê essa realidade porque, desde o berço, toma soníferos, que o impede de enxergar essa verdade.
              Traço um paralelo dessa fantasia bíblica com um caso hipotético atual, aqui, no Brasil. Suponha que um governador de um estado brasileiro mande matar uma família composta por 5 pessoas. Ele foi o mandante dos homicídios, da chacina. A Justiça brasileira, em vez de condená-lo pelos crimes, resolve condenar e prender setenta mil cidadãos inocentes que não tiveram participação alguma nos homicídios. Isto é, setenta mil pessoas inocentes pagando pela ação desastrada do governador. Isso não seria um absurdo inimaginável? Sim, seria! Até o cristão Josué diria que é um absurdo o povo pagar pelo que o governador fez. Só que, quando um absurdo idêntico a esse está na Bíblia, aí o cristão Josué não consegue enxergar porque colocaram na cabeça dele que ela é a palavra de Deus. Não consegue ver as barbaridades atribuídas ao deus hebreu. Não consegue ver a visão errônea de justiça daquele povo. Não consegue ver que deus algum moderno existe ali. Não consegue ver que o deus hebreu é mais um deus criado por um povo arcaico.             

Nenhum comentário:

Postar um comentário