sexta-feira, 15 de dezembro de 2017
RIZOTO de PREPÚCIO ( 4 ) (RICHARD HOFFMAN)
RICHARD HOFFMAN
A Aliança Com Deus Através da Circuncisão
Os defensores da circuncisão, independente da fé, costumam listar os "benefícios" de tal prática. Eles afirmam que ela é, além de um pacto divino, uma questão de saúde pública, afim de ajudar a evitar transmissão de várias doenças graves (como câncer, inclusive). Até certo ponto faz sentido, mas... não tão rápido; a coisa não é bem assim. Vejamos: quando o homem não higieniza a glande (cabeça do pênis) de forma correta, forma-se uma secreção branca chamada de esmegma. Na vagina também ocorre coisa parecida entre os lábios. Todos nós conhecemos isso e sabemos que é mau cheiroso, mas ignoramos o seu perigo, especificamente para a mulher, que recebe a penetração do pênis, que se não estiver devidamente higienizado pode causar doenças graves à ela.
Por isso (repito; por isso) realmente faz sentido. Mas isso não é justificativa para um trauma tão horrível como a circuncisão. Na busca insana dos fanáticos e fundamentalistas em impingir essa atrocidade por puro egoísmo e ignorância, eles invocam a tese da profilaxia, ou seja, a circuncisão seria uma decisão inteligente e saudável, afim de prevenir enfermidades. Seus defensores apresentam dados realmente factíveis quanto aos seus benefícios, como números de mortalidade das mulheres, principalmente, causadas por infecções relacionadas a falta de higiene do pênis do parceiro, que, se este estivesse circuncidado, não estaria contaminado sua parceira.
Porém, vejamos:
Em primeiro lugar morre-se muito mais pessoas por infecções e hemorragia causadas pela circuncisão.
Em segundo lugar a AIDS (entre outras doenças) é uma triste realidade dos países da África, onde a circuncisão é uma tradição em quase todo o continente. Ou seja, até mesmo algumas doenças corriqueiras como a gonorréia, sífilis, cancro, hepatite etc., pouco tem a ver com a higienização do pênis, e sim com o atrito no ato sexual, e/ou com o sêmen contaminado na uretra. Estar circuncidado não garante prevenção de doenças; higiene, usar preservativos e tomar outros cuidados com parceiros sim. Qualquer pessoa saudável e bastante higiênica também poderá, tanto transmitir quanto se infectar de inúmeras doenças, independente de estar ou não higienizado. Mas as garantias de prevenção de doenças sexualmente transmissíveis estão ligadas a outros fatores que não a circuncisão. Toda doença que é facilmente transmitida pela falta de higiene pode ser evitada com a própria higiene e com preservativos também, mas a circuncisão pode contribuir para facilitar a contaminação da AIDS, por exemplo, pois o atrito no ato sexual causa micro feridas na pele das genitais. Isso é muito menos frequente com incircuncisos.
Não é necessário extrair nossos lábios ou nossos dentes para evitarmos doenças bucais (que inclusive podem afetar o coração!). Escovamos regularmente nossos dentes e usamos fio-dental. Não precisamos extrair o ânus para evitarmos doenças anais; lavamos o ânus sempre que necessário (apesar de que muitos, por ignorância, ainda usa papel higiênico pra isso, por mais inútil que seja). Isso tudo é resolvido com a educação para uma correta higiene. Simples assim, sem milagres ou tradições insanas. Basta não sermos "porcos"! Você acha que os japoneses, os suecos, os suíços por exemplo, são tão caprichosos e saudáveis assim devido a circuncisão? Acho que não, né? E você acha que povos como os indonésios, etíopes e somalis estão naquela situação por causa da incircuncisão? Pare e pense. Além do mais, nosso organismo produz secreções que nos protegem naturalmente de doenças. É o caso da cêra dos nossos ouvidos. Não é recomendável introduzir cotonetes além do recomendável. Todo o nosso corpo deve ser higienizado educadamente, sem exageros. Com nossas genitálias também é assim.
Se existisse um deus criador, ele até poderia exigir um pedaço do meu prepúcio como uma aliança. Mas, se o prepúcio é uma apêndice, que causa a morte, da qual a amputação seria uma solução, então ele deveria nos ter criado corretamente, com nosso pênis sem prepúcio, sem a necessidade de correção humana, certo? E a "Aliança com seu povo eleito" deveria estar na consciência, certo? Não parece óbvio?
Não adianta minimizar o que está escrito em Gênesis 17:14; a ordem é para matar os que não fossem circuncidados.
E a julgar pelas barbaridades que cristãos e islâmicos cometeram -- e ainda cometem -- em nome desse mesmo deus bíblico, imagine o que não fariam os verdadeiros criadores, o "povo escolhido" de Javé, o deus dos exércitos! Quer que desenhe? Não precisa, né? É só ler o Antigo Testamento.
JAVÉ quis MATAR MOISÉS por causa de um PREPÚCIO?!
Em Êxodo 4:24-26 Javé andou atrás de Moisés para matá-lo por causa de um prepúcio. Os exegetas bíblicos não se entendem com uma interpretação satisfatória para essa passagem. Mas Gênesis 17:14 deixa claro: o incircunciso tem que morrer.
Se Javé procurou Moisés para matá-lo e só não o fez porque sua esposa Séfora pegou uma pedra afiada, cortou o prepúcio do filho e o jogou nos pés de Moisés (diante de Deus!), fica evidente que foi devido a uma incircuncisão o motivo da ira divina. A dúvida é se Deus estava procurando o prepúcio de Moisés ou de seu filho, mas como ele queria matar Moisés, isso indica que o velho ancião estava incircunciso.
Séfora corta o prepúcio do filho, atira-o ao chão e diz: "Tu és para mim um esposo de sangue". Só então Javé os deixou em paz.
Fica a impressão de que Séfora enganou Deus, "salvando a pele" de Moisés, por muito pouco; ela foi mais rápida e esperta que Deus!
A conclusão possível pode ser que, Moisés era incircunciso porque foi criado de acordo com a cultura egípcia (Moisés é um nome egípcio). Nem isso justifica esse barraco. Seria muito simples: era só Deus trocar uma ideia com seu pupilo; Moisés iria ali num cantinho e cortaria o "courinho" do pinto. Pronto! Que falta de bom senso, eu hein?! Que estresse!
Final do capítulo 4
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