sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

RIZOTO de PREPÚCIO ( 2 ) (RICHARD HOFFMAN)

Richard Hoffman A Aliança Com Deus Através da Circuncisão O que acontece é que os defensores religiosos de Paulo não querem admitir que um erro, uma falha, ou dez, cem ou incontáveis invenções procede da cabeça de um homem só (ou vários), então se diz que tal homem não inventou, mas "lhe foi revelado". Ou seja, tudo é "revelação". Quando não se tem fundamento de onde se origina uma ideia, então se argumenta que foi por "divina revelação"; resolvido o problema. Então, para um observador racional que busca conhecimento sem paixões de fé, fica claro e cristalino que foi uma decisão pessoal de Paulo ou de quem os criaram. Por isso a indagação é se essas são idéias de um homem só -- ou seriam idéias dos romanos? Repare que, mais da metade de todo o Novo Testamento, ou foi escrito por Paulo, ou foi escrito sobre ele, e em nenhum lugar Paulo cita nome de nenhum deus; não cita João Batista; não cita os ditos de Jesus entre outras coisas importantes da história do cristianismo, o que dá margem a forte especulação de que Paulo foi uma personagem criada, ou pelos novos judeus messiânicos apocalípticos, ou pelos romanos, que mais tarde, essa ideia de que o "filho de Deus" já tinha vindo, ressuscitado e voltado aos Céus após 40 dias (!) foi sendo pregada, lapidada com algumas mudanças, de acordo com um novo formato até o ponto de ser adotada pelo maior e mais poderoso inimigo dos judeus: o império romano. Duas personagens históricas foram fundamentais para isso: o cristão Lactâncio, e claro, o mais importante de toda a história do cristianismo; o imperador romano Constantino. E essa nova personagem (Paulo) deveria ser criada, ou melhor, lapidada e entrar em ação, tomar de assalto um religião originalmente judaica, e torná-la romanizada, condenando os "judeus teimosos que mataram o Cristo"; "aqueles judeus ingratos que mataram Deus!". Genial! Que virada de mesa! Que grande sacada! Os romanos foram realmente os maiorais em tudo. Mas isso é história para outro texto. Paulo foi acusado pelos judeus de apostasia contra a Lei de Moisés e a circuncisão (Atos 21:18-26). Ele ouviu essas acusações, mas, se ele nada devia, e se essas acusações são falsas, então não há o que temer, certo? Quem não deve não teme. Ocorre que neste mesmo capítulo Paulo é preso perante tais acusações e, quando vai se defender, ele afirma categoricamente em Atos 25:8: "Nenhum pecado cometi contra a Lei dos judeus". Mas no relatório constava que Paulo ensinava apostasia (revolta, abandono). Será que Paulo devia? Ou será que as acusações eram infundadas? Vejamos: em em Atos 15:1 diz que a circuncisão é mencionada explicitamente como exemplo crucial da observância da Lei. Mas, além de tudo o que já vimos acima, em outras passagens como em Gálatas 5:2 fica novamente claro e cristalino: "Eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada aproveitará", "Pois nem a circuncisão é coisa alguma, nem a incircuncisão, mas vale o ser nova criatura". Veredito: Paulo cometeu sim apostasia contra as leis judaicas em inúmeras passagens do Novo Testamento, além de reforçar o machismo contra a mulher e defender a escravidão. E, numa atitude hipócrita, ele é obrigado a se sujeitar ao ritual judeu e se purificar com quatro judeus voluntários, raspar a cabeça e a fazer oferta (sacrifício animal) para cada um deles (Atos 21:23-26). Ou seja, Paulo se acovardou novamente. Oras, por que não bradou a plenos pulmões "Cristo é o fim da Torá!"? Para os judeus ortodoxos de hoje, as palavras de Paulo são palavras de Satã! Nada a estranhar, pois seus antepassados diziam que Jesus expulsava demônios por meio do príncipe dos demônios (Mc 3:22; Mt 9:34 e 12:24; Lc 11:15). Não há como esconder essas profundas divergências. Observe o que diz Paulo: "Para os judeus fiz-me judeu, afim de ganhar os judeus. Para os que estão debaixo da Lei fiz-me como se eu estivesse debaixo da Lei, embora o não esteja, a fim de ganhar aqueles que estão debaixo da Lei" (1Co 9:20); "Para os que não tem Lei fiz-me como se eu não tivesse Lei, ainda que eu não esteja isento da Lei de Deus, porquanto estou sob a Lei de Cristo, afim de ganhar os que não tem Lei" (1Co 9:21). Estes dois versos são esclarecedores para a polêmica levantada por judaizantes que insistem na tese de que Paulo, mesmo depois da conversão, continuou sendo um guardião da Lei. Mas Paulo deixa claro, sem meias palavras, que se comportava como seguidor da Lei para ganhar os da Lei, e como se não tivesse Lei, para ganhar os gentios, mas afirma categoricamente que não estava sob o domínio da Lei de Moisés (vs.20). No vs.21 ele declara que a Lei sob a qual estava era a Lei de Cristo. Depois de Romanos e Gálatas, fica bem mais fácil compreender algumas passagens: "O aguilhão da morte é o pecado e a força do pecado é a Lei" (1Co 15:56). "Graças a Deus, que nos dá a vitória por intermédio de Nosso Senhor Jesus Cristo" (1Co 15:57). Por tudo isso, fica claro que Paulo (considerado um intrometido pelos líderes de Jerusalém) desvirtuou o cristianismo para um sistema de crença totalmente pessoal, da qual sobrou pouca coisa do judeu Jesus. O cristianismo hoje bem que poderia ser chamado "Paulinismo" ou "Romanismo". Para um observador esperto, fica evidente que toda "história" dessa personagem Paulo como vítima dos judeus, é uma fraude ridícula. Jamais um prisioneiro judeu ou cristão (mesmo tendo cidadania romana) teria a honra de ser conduzido durante meses por um exército, simplesmente porque esse prisioneiro judeu exigiu ser ouvido por um César Augusto em Roma (Atos 25;11-12). Isto era simplesmente impensável. Um fanático religioso crê realmente que, naquela época, um imperador romano iria mesmo querer receber no seu palácio um prisioneiro judeu ou cristão para julgar se o infeliz mandou ou não mandou abolir a circuncisão. Atá!

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