Leitor amigo,
Sigmund Freud (1856-1939), o Pai da Psicanálise, judeu e ateu, em seu maravilhoso livro O futuro de uma ilusão, Editora Pallotti, 2010, na página 88, escreve:
“Nenhum homem racional se comportará tão levianamente em outros assuntos nem se contentará com fundamentações tão miseráveis para seus juízos, para sua tomada de partido; ele se permite isso apenas em relação às coisas mais elevadas e mais sagradas.”
Freud publicou esse livro em 1927, portanto, há 95 anos, mas parece até que foi publicado neste ano, 2022. Ele foi claro em sua afirmação, mas, mesmo assim, ainda vou explicá-la para que você, leitor amado, entenda com facilidade. Veja o quadro abaixo:
O HOMEM
Como exemplo, amigo leitor, peguemos um professor de língua portuguesa que seja cristão. Na escola, na sala de aula, ele agirá racionalmente, fazendo uso de fundamentações lógicas para explicar aos alunos as normas das gramáticas. Se, por exemplo, um aluno lhe perguntar por que, na oração Edson Martins está feliz, o predicado é nominal, o professor lhe dirá que isso se deve ao fato de o verbo ser de ligação. Ou seja, o professor agiu racionalmente, fez uso de uma fundamentação lógica.
Peguemos agora, leitor, esse mesmo professor agindo religiosamente, fora da sala de aula, como cristão. Uma pessoa lhe pergunta por que milhares de seres humanos nascem com defeitos físicos. O filho dessa pessoa nasceu paralítico e com problemas mentais. E ela pergunta ao professor cristão o porquê. E o professor lhe diz que milhares de pessoas nascem com problemas de saúde por causa do pecado original. Nascem assim por causa do comportamento de Adão e Eva praticado há 6 mil anos, na região onde hoje se localiza o Iraque. Ou seja, o professor, agindo como homem religioso, faz uso de fundamentações miseráveis, age de forma leviana. Contenta-se com essas fundamentações miseráveis. Entendeu agora, leitor, a mensagem de Sigmund Freud?
O pai do filho que nasceu paralítico dirá ao professor que ele, por causa da fé religiosa, afirmou uma maluquice. Que o professor não está batendo bem da cabeça. Dirá que é loucura o professor afirmar que o filho dele nasceu assim por causa das ações de Adão e Eva. Dirá que, regra geral, filhos nascem sem defeitos. Se fosse assim, os filhos nasceriam com defeitos. E mais: é loucura do professor porque está injustamente jogando desgraças sobre crianças inocentes, que estão pagando pelo que seus pais fizeram. E mais: o relato sobre Adão e Eva se trata de lenda. Jamais existiram. Entendeu, leitor, a afirmação de Freud, o mesmo homem, a mesma pessoa agindo como professor e como cristão? Como professor, contenta-se somente com fundamentações lógicas. Como cristão, contenta-se com fundamentações miseráveis.
Vejamos, leitor, mais um exemplo. O ateu Jason Ferrer possui um canal brilhante, no You Tube, com o título Além da fé. No dia 12 de agosto do corrente ano, ele entrevistou algumas pessoas, no Parque 13 de maio, no centro de Recife. Essa entrevista está reproduzida em seu vídeo Ateu é só um peso no mundo, com duração de 17 minutos e 27 segundos. Várias pessoas se pronunciaram sobre os ateus. Para esse vídeo meu, vou trazer duas pessoas entrevistadas por Jason, cada uma com ideia contrária à outra acerca dos ateus. Veja, leitor, a primeira jovem:
Jason pergunta a ela que, se tivesse um filho, deixá-lo-ia com Suzane Von Richthofen ou com um ateu. Como é do conhecimento geral da nação, Suzane foi a mandante da morte dos próprios pais, tendo sido condenada e presa. A jovem responde ao Jason que deixaria seu filho com Suzane. Jamais com um ateu. Veja, agora, leitor, a mesma pergunta de Jason endereçada à outra jovem:
A jovem, ao contrário da outra, diz ao Jason que deixaria seu filho aos cuidados de um ateu. E ela diz que um ateu é uma pessoa digna, como qualquer outra. Jamais deixaria seu filho com Suzane. Vamos colocar as afirmações das duas jovens num quadro para que possamos visualizar melhor a situação:
E agora, leitor? Qual das duas jovens fez uso de fundamentação lógica para sua tomada de partido? Qual das duas jovens fez uso de fundamentação miserável para sua tomada de partido? Qual das 2 jovens, vamos assim dizer, foi mais inteligente nas respostas?
Como afirmou acima Sigmund Freud, o homem religioso se contenta com fundamentações miseráveis para sua tomada de partido. Então, leitor? Qual das duas jovens se encaixa perfeitamente na afirmação freudiana? Ora, a primeira jovem! Ela disse que deixaria o filho com Suzane Richthofen, porém, jamais com um ateu. A jovem fez uso de fundamentação miserável porque agiu religiosamente. Fez uma afirmação que não tem respaldo algum no mundo real. Não tem amparo algum em estatísticas. A jovem respondeu assim porque é enganada por líderes cristãos, pregadores de que uma pessoa descrente no deus deles não tem amor, não pode ser portadora de confiança. Ora, as estatísticas estão aí, mostrando crianças abusadas sexualmente por religiosos (padres, cardeais e pastores evangélicos). Entendeu, leitor, como a jovem se contentou com fundamentação miserável para seu ponto de vista?
Já a segunda jovem se saiu muito bem, mostrou sua inteligência. Não agiu religiosamente. Afirmou que, sim, deixaria seu filho aos cuidados de um ateu. Explicou que um ateu é uma pessoa igual à outra, que pode ser considerada digna, de confiança. A mera descrença dele não pode ferir seu caráter, sua personalidade, sua confiança.
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