Amigo leitor,
Rubem Alves (1933-2014) foi escritor, psicanalista, pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB) e doutor em Teologia e Filosofia. Foi um cristão profundamente fanático, porém, após o doutorado em Teologia nos EUA, abandonou o cristianismo, passando a criticá-lo com veemência.
Em sua biografia escrita pelo jornalista Gonçalo Junior, intitulada É uma pena não viver - uma biografia de Rubem Alves, Editora Planeta do Brasil LTDA, 2015, página 145, escreve:
“A teologia cristã é um edifício construído sobre o absurdo.”
Atenéia Araújo, em seu canal no You Tube, publicou, no dia 28 de julho do corrente ano, um vídeo com o título A ideia de pecado. Veja, leitor amado, o início de seu vídeo:
“A ideia do pecado, se a gente analisar bem, ela só tem sido usada para nos manipular. Né! Porque, por causa da desobediência de Adão e Eva, é que o pecado entrou no mundo. Por conta disso, não somos perfeitos, somos herdeiros do pecado. Herdamos o pecado, como se fosse uma doença genética.”
Atenéia está se referindo à doutrina cristã do pecado original. Os cristãos, no Novo Testamento, criaram essa ignorância. Como diz acima Rubem Alves, mais uma teologia absurda. Paulo de Tarso, em 1 Coríntios, capítulo 15, versículos 21 e 22, escreve:
“Visto que a morte veio por um homem, também por um homem veio a ressurreição dos mortos. Porque, assim como, em Adão, todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo.”
Paulo de Tarso, em sua profunda ignorância, está afirmando que o homem morre por causa do pecado cometido por Adão e Eva. O casal pecou, razão pela qual a morte entrou no mundo. E essa morte foi transmitida aos filhos que ainda nem existiam. Isto é, os filhos inocentes pagando pelo que seus pais fizeram no passado. Percebeu o absurdo, leitor querido?
Para que você, leitor, perceba o absurdo dessa ideia, vou aqui traçar um caso hipotético. Você vai reclamar! Você vai reclamar! Imagine você, leitor, em sua casa, com a esposa e os 3 filhos. Num certo dia, aparecem, na viatura policial, dois policiais civis, trazendo um mandado de prisão. Você vai até à porta, perguntando a eles por que está sendo preso. E aí eles lhe dizem que você, leitor, está sendo preso porque seu avô paterno matou um homem há 20 anos. O que você, leitor querido, dirá aos dois policiais? Responda-me, leitor? O que você dirá aos dois policiais? Ora, você dirá a eles que não pode ser preso porque o crime foi cometido por seu avô. É injustiça você sofrer uma punição por causa da ação de seu avô. Não é mesmo, leitor? Claro que é! Pois fique sabendo que a doutrina cristã do pecado original traz o mesmo absurdo. Ela diz que você, leitor, morrerá por causa do comportamento de Adão e Eva, ocorrido há 6 mil anos, na região onde hoje se localiza o Iraque. É a mesma injustiça! Você, leitor, será condenado à morte por uma ação praticada por Adão e Eva. Ora, seu avô praticou o crime, então, somente ele que seja condenado. Da mesma forma, Adão e Eva praticaram o pecado, então, somente os dois que sejam condenados.
O mundo da Bíblia era muito injusto, visões errôneas sobre justiça. Se meus pais praticam um crime, eles, somente eles, que recebam a punição. O filho, não! Percebeu, leitor, o absurdo da doutrina cristã? E o pior: nunca existiu o casal Adão e Eva. Até o papa Francisco sabe que aquele relato de Gênesis foi uma criação de um escritor hebreu. Logo, a doutrina cristã do pecado original está apoiada numa lenda, e não num fato histórico.
Atenéia Araújo, que foi uma cristã evangélica fervorosa, diante do absurdo dessa doutrina, diz:
“Herdamos o pecado, como se fosse uma doença genética.
Muito bem! Muitas doenças genéticas são transmitidas dos pais para os filhos. Doenças, mas não comportamentos. Se um pai recebe uma punição por algum comportamento, por alguma ação, seus filhos não podem sofrer também essa punição. Somente o pai, que praticou a ação proibida, é que deve ser punido. Estender a punição aos filhos é loucura do mundo antigo, mais um absurdo presente na doutrina cristã do pecado original.
Será que fui claro, leitor amado?
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