segunda-feira, 27 de março de 2017

QUEM TRABALHA DEUS AJUDA





Sigmund Freud, médico neurologista judeu e ateu, em 1927, portanto há 90 anos, escreveu o livro “O futuro de uma ilusão”. Nesse livro, Freud faz um estudo crítico sobre a religião, sobre a fé religiosa. Há alguns meses, fiz uma série de vídeos sobre essa obra de Freud que está disponível a qualquer um, em minha página no “You Tube”. Neste momento, tenho em mãos uma edição do livro, editora Pallotti, L&PM POCHET, 2010. Na página 110, Freud, acerca da religião, diz o seguinte:


“(... ) ela contém um sistema de ilusões de desejo com recusa da realidade como apenas encontramos isolado na amência, uma confusão alucinatória radiante.”


Freud diz que o homem religioso está mergulhado num sistema de ilusões que recusa ver a realidade. Vive uma situação equiparável à amência (demência). E os fatos do dia a dia comprovam que o Pai da psicanálise tinha realmente razão. Para isso, trarei mais um exemplo nesse vídeo.
Há poucos dias, estive em Pacoti, uma cidadezinha cearense, perto de Fortaleza. Neste momento, você está vendo imagens do centro dessa cidadezinha. Quando estava ali, fiz dois vídeos que também estão expostos no “You Tube”. Em um desses vídeos, mostrei imagens de uma das pracinhas da cidade, mostrando dois caminhões parados. E caminhões que transportam seres humanos, principalmente trabalhadores rurais. Como o povo brasileiro é muito apegado à crença religiosa, notadamente as pessoas do interior, os dois caminhões trazem uma legenda de caráter religioso. Veja o primeiro caminhão com a primeira legenda:


“QUEM TRABALHA DEUS AJUDA”



A expressão “QUEM TRABALHA DEUS AJUDA” tem carga religiosa. O homem religioso a emprega todos os dias. Agora vem a pergunta: será que esse adágio popular é verdadeiro? Será mesmo que o Deus da Bíblia ajuda a quem trabalha? Infelizmente, a resposta é um seco “não”. E nem há necessidade de alguém ser ateu para perceber essa realidade. Basta empregar o bom senso. Basta ver a realidade dos trabalhadores brasileiros. É fácil ver que eles não recebem ajuda dos deuses. Percebeu como Freud tinha razão quando afirmou que o homem religioso está imerso num sistema de ilusões, recusando-se a ver a realidade que o cerca?
Não é verdade que “quem trabalha Deus ajuda”. Deuses não existem, não protegem, pois, trabalhadores. Os trabalhadores brasileiros, na verdade, são protegidos pelas leis. E isso foi produto de muitos anos de luta, inclusive com muitas mortes. Nada caiu do céu. E, além disso, a quase totalidade dos trabalhadores brasileiros vive em situação de penúria, de pobreza, de abandono, apesar de terem trabalhado durante anos a fio. Citarei apenas alguns exemplos bem claros.
Veja a situação deplorável de um universo de aposentados brasileiros. Seres humanos (homem e mulher) que trabalharam durante toda a vida, ganhando um salário miserável, vivem uma velhice sofrida, sem ter um tostão no bolso para comprar um remédio qualquer. Trabalhadores aposentados, idosos, que vivem com apenas um salário mínimo, são uma realidade brasileira. Entendeu como deus algum ajuda a quem trabalha? Esses pobres aposentados brasileiros, que trabalharam durante toda a vida adulta, hoje não têm dinheiro para comprar alimentos, remédios, vestuário etc.
E a situação é a mesma com a quase totalidade dos trabalhadores que estão na ativa, que estão trabalhando. Também recebem salários miseráveis cujo valor não é suficiente para bancar despesas de primeira necessidade. Trabalham dia a dia, com presteza e responsabilidade, mas, em contrapartida, recebem salários miseráveis. Apesar de trabalharem incansavelmente, não têm uma casa para morar, não têm dinheiro nem para comprar um leite para o filhinho recém-nascido. Entendeu, agora, como deus algum protege a quem trabalha? A realidade é mais forte do que supõe nossa vã filosofia.
E o que dizer dos acidentes de trabalho? No Brasil, assim como em todos os países, ocorrem acidentes durante a realização dos trabalhos. Trabalhadores, durante o trabalho, sofrem acidentes terríveis em razão dos quais fica paralítico ou vai a óbito. Todos os dias esses desastres ocorrem no Brasil. Em 1975, fui morar em Fortaleza. Chegando à capital do Ceará, arranjei um emprego numa fábrica de estruturas metálicas. Chapas de ferro sendo transportadas por guindastes. Um trabalho muito perigoso. Fiquei lá apenas durante 3 meses. Nesse curto espaço de tempo, presenciei 2 acidentes terríveis. Vi, no primeiro acidente, um operário perder a mão direita. O trabalho dele era colocar a chapa de aço dentro de uma máquina alemã. Junto com a peça foi a mão. Vi, diante de mim, a mão dele cair ao chão. Nunca me esqueci daquele momento terrível. Percebeu como deus algum ajuda a quem trabalha? O segundo acidente também foi muito chocante. Não presenciei de imediato. Vi operários correndo para um lugar da fábrica. Acompanhei-os. Só aí vi um operário dependurado, bastante pálido, pedindo socorro. O pé direito dele estava quase solto. Apenas um pedaço da pele o segurava. Que quadro horrível! Nunca me esqueci.
Percebeu como deus algum protege a quem trabalha?

sexta-feira, 24 de março de 2017

JESUS, NÓE E A SURPRESA DO MESSIAS





Este é o 19º vídeo da série “Erros bobos de Jesus” em que apresento mais dois erros de Jesus. Sempre é bom deixar claro que trato aqui do Jesus que está no Novo Testamento, e não do Jesus histórico. Na história propriamente dita, Jesus é um nada. E, no Novo Testamento, não há apenas um Jesus, mas vários. Porém, isso é assunto para outra série.
Em Mateus 24:37, 43 e 44, está escrito:


“37  Pois assim como foi nos dias de Noé, também será a vinda do Filho do Homem.
  43  Mas considerai isto: se o pai de família soubesse a que hora viria o ladrão, vigiaria e não deixaria que fosse arrombada a sua porta.
 44  Por isso, ficai também vós apercebidos; porque, à hora em que não cuidais, o Filho do Homem virá.”


No relato do escriba cristão acima, Jesus estava no monte das Oliveiras. E, com ele, seus discípulos. Esses discípulos aproveitaram a oportunidade e pediram que Jesus lhes dissesse quais seriam os sinais da vinda do Messias, Cristo em grego, e da consumação do século. E Jesus resolve atender ao pedido de seus companheiros de jornada. Passa então a mostrar vários sinais que antecederão à chegada do Filho do Homem. E aí uma sucessão de erros. Como já mostrei na série “Jesus nunca voltará”, o cristianismo é uma religião apocalíptica. Religião apocalíptica é aquela que prega o fim dos tempos. Logo, os cristãos pregavam e ainda pregam o fim dos tempos. Jesus pregava a volta do Messias para seu tempo, para sua época. Quando Jesus caminhava pelas ruas da Palestina, repletas de poeira, os romanos eram os invasores. Jesus era um judeu. Os judeus aguardavam a chegada do Messias. E como seria esse Messias? Ora, esse Messias seria um judeu homem, forte e poderoso, que, a exemplo de Davi, seria rei em Israel. E esse Messias iria expulsar os romanos, esses miseráveis, da Palestina. Jesus, a exemplo de outros judeus, foi criado ouvindo essa fantasia. E quando cresceu também dizia ser esse Messias. E o que aconteceu com todos os judeus que diziam ser o Cristo? Ora, todos foram mortos pelos invasores. Após a morte desses Cristos, a Palestina continuou do mesmo jeito: sob domínio de invasores. Os Messias que apareceram não tiveram força alguma para expulsar de sua terra os invasores.
Vejamos, agora, o primeiro versículo citado acima:


“37  Pois assim como foi nos dias de Noé, também será a vinda do Filho do Homem.”


No relato do escriba cristão, Jesus diz a seus discípulos que a vinda do Filho do Homem, que é ele mesmo, seria igual ao que aconteceu nos dias de Noé. Ou seja, o Filho do Homem viria  pelos céus quando alguém menos esperasse. Viria de surpresa. Pegaria a todos desprevenidos. Nesse relato, Jesus acreditava em Noé com sua famosa arca. Ora, qualquer estudioso sério da Bíblia sabe muito bem que Noé e sua família nunca existiram de fato. São personagens mitológicos. E a narrativa da Arca de Noé é apenas cópia de relatos mais antigos. Até o  papa Francisco sabe disso. A narrativa da lenda de Noé com a destruição de todas as coisas pela fúria do Deus hebreu é mais um relato ingênuo como tantos outros que se encontram na Bíblia. Ainda farei uma série de vídeos sobre esse assunto. Vejamos, agora, o outro versículo bíblico:


“43  Mas considerai isto: se o pai de família soubesse a que hora viria o ladrão, vigiaria e não deixaria que fosse arrombada a sua porta.”


Veja como a Bíblia está repleta de relatos lendários marcados pela ingenuidade. Jesus disse a seus discípulos que nem mesmo ele sabia a hora da chegada do Messias. Isto é, Jesus perde mais uma vez sua onisciência. No versículo acima, ele disse que o Messias viria como um ladrão. E faz uma comparação profundamente infantil com um pai de família. Segundo Jesus, se um pai de família soubesse a que hora viria o ladrão, vigiaria então sua casa e não deixaria que ela fosse violada. Da mesma forma, se o povo soubesse a que hora viria o Filho do Homem, ficaria vigilante, e o Filho do Homem não teria sucesso em sua empreitada. Percebeu a inocência do relato? O Filho do Homem, segundo Jesus, viria de surpresa porque, do contrário, não teria sucesso em sua tarefa, já que o povo, sabendo de antemão, ficaria prevenido, assim como o exemplo do pai de família. Quer dizer então que a vigilância do povo neutralizaria o poder do Filho do Homem, por maior que fosse. Percebeu a ingenuidade do relato bíblico?

O KENNEDY, DEUS E A PENA DE MORTE





Em meu vídeo “O Deus da Bíblia e a pena de morte”, o internauta ateu Kennedy Litaiff fez o seguinte comentário:    

                        
                    “A pena de morte é uma solução definitiva, não deixando margem para correção no futuro, se por acaso, o apenado descobrir-se inocente. Para sociedades atuais civilizadas(existem exceções, é claro) é o extremo do rigor penal, o radicalismo jurídico... Religiosos fazem de tudo para desassociar o personagem bíblico "Jesus" em relação ao Antigo Testamento e aos costumes do povo judeu. Jesus, como é dito no Novo testamento, não veio para mudar as leis do Antigo Testamento, e sim, para confirmá-las. Em nenhuma linha, é dito que esse personagem diz que os crentes deveriam apagar o Antigo Testamento e seguir só Novo. Estamos falando de uma sociedade milenar, cheias de analfabetos e ignorantes de conhecimento, onde os milagres permeavam a rotina diária. A Bíblia é um mar de carnificina, tudo ordenado pelo seu mentor especial.”


O Kennedy frequentemente faz comentários em minha página. Por meio de seus comentários, ele torna públicos sua inteligência e conhecimento acerca do tema religião. Comentários inteligentes sobre religião são uma raridade no mundo do “You Tube”. Portanto, o Kennedy é uma exceção à regra.
Neste vídeo, analisarei somente as duas primeiras partes do comentário do Kennedy. Ei-las:


A pena de morte é uma solução definitiva, não deixando margem para correção no futuro, se por acaso, o apenado descobrir-se inocente. Para sociedades atuais civilizadas(existem exceções, é claro) é o extremo do rigor penal, o radicalismo jurídico.”


Logo no início de seu comentário, Kennedy mostra que é contra a pena de morte. E traz como argumento o erro judiciário. Assim, diante de um erro judiciário, uma pessoa inocente será executada, não havendo mais possibilidade de reparação, já que está morta. E Kennedy diz também, entre linhas, que atualmente, salvo algumas exceções, não existe pena de morte em sociedades civilizadas. Ou seja, a pena de morte é uma sanção rigorosa, cruel e muito antiga. Graças à evolução das leis penais, em sociedades civilizadas, ela foi substituída por outras penas, tais como: privativas de liberdade, multa, prestação de serviços à comunidade etc.
Eu sou a favor da pena de morte, apesar de dar razão às afirmações do Kennedy. Tudo o que ele diz em seu comentário é a pura verdade. Qualquer doutor em Direito penal sabe disso. A pena de morte era a única pena existente no mundo antigo, nas sociedades tribais, indígenas etc. Com o desenvolvimento das penas, com a evolução das leis penais, ela foi substituída por outras penas. Ou seja, a pena de morte é coisa de museu, de um mundo bárbaro. Veja, como exemplo, o nosso país, o Brasil. Os portugueses chegaram aqui em abril de 1500. Trouxeram em suas malas o cristianismo, a língua portuguesa, seus hábitos alimentares, seus vestuários e a pena de morte. A pena de morte foi largamente aplicada durante o Brasil colonial e o Brasil imperial. Hoje, só existe pena de morte no Brasil em caso de guerra declarada. Como se vê facilmente, a tendência da evolução penal é extinguir essa pena capital.
E Kennedy cita, como exemplo, a civilização hebraica, isto é, o povo da Bíblia. Como o povo da Bíblia era uma civilização antiga, atrasadíssima se comparada com a nossa de hoje, a única pena existente lá era a de morte. Os hebreus, obviamente, não alcançaram a evolução que nós alcançamos. No mundo tribal deles, não havia o progresso científico de penas. Basta ver que eles aplicavam a pena de morte para todos os crimes, leves ou graves. Por exemplo, se um filho desobedecesse aos seus pais, era apenado com a pena de morte. E a mesma pena era aplicada a um hebreu que matasse outro hebreu. Ou seja, um filho desobediente era equiparado a um homicida. Que loucura, não é mesmo? No Brasil, por exemplo, graças à evolução das leis penais, um filho desobediente não sofre punição alguma, não é um criminoso, e um homicida vai preso, não será executado. Percebeu a diferença do mundo hebreu para o nosso?
Como mostrei em meu vídeo anterior “O Deus da Bíblia e a pena de morte”, líderes religiosos cristãos deturpam os textos bíblicos, dando a eles um sentido completamente diferente. Esses líderes dizem aos fiéis que o mandamento “NÃO MATARÁS”, que está em Êxodo 20:13, significava que o Deus hebreu era contra a pena de morte. Segundo esses líderes, um hebreu não podia matar outro hebreu, assim como a sociedade hebraica não podia condenar um hebreu à pena de morte. Que mentira! E os fiéis acreditam porque não conhecem a Bíblia, porque não estudam os costumes do povo hebreu. Em toda a Bíblia, a verdade está lá. Em cada página, a pena de morte! Só para ilustrar este vídeo, veja alguns versículos bíblicos comprovando a existência da pena de morte:


“Quem ferir a outro, de modo que este morra, também será morto.” Êxodo 21:12.


Quem ferir seu pai ou sua mãe será morto.” Êxodo 21:15.


Se também um homem se ajuntar com um animal, será morto, e matarás o animal.” Levítico 20:15.


Pelos exemplos acima, é fácil ver que a sociedade hebraica era muito atrasada, com uma visão infantil sobre crimes e penas. Uma sanção grave como a pena de morte era aplicada até mesmo a crimes leves. E até os pobres animais irracionais eram punidos. Uma loucura total! Se um homem hebreu fosse pego fazendo sexo com uma jumenta, ele era condenado à pena de morte, e a pobre jumenta, totalmente inocente,  também deveria ser morta. Uma idiotice sem fim, não é mesmo?
O Kennedy escreveu bonito!