Leitor amigo,
Jonas Venâncio reside em Paracatu, no estado de Minas Gerais, a 230 quilômetros de Brasília. Terça-feira passada, dia 13 de setembro do fluente ano, em seu canal no You Tube, ele tornou público um trecho de uma live, com a participação de outros ateus. Até hoje, 4 pessoas lançaram comentários lá: eu, Edilina Vieira, Edson Martins e Ronin. Os dois últimos (Edson e Ronin) dialogaram entre si. Os 2 comentários feitos pelo Ronin exigem uma explicação mais elástica, razão pela qual estou aqui. Ronin escreve assim ao Edson:
“Eu acabei de fazer uma pergunta a seu amigo sobre se sabia explicar sobre o surgimento do universo sem a necessidade de um ser criador, de uma inteligência. O cara não responde e vem com outra pergunta. Fica difícil de uma pessoa como eu nessas condições chegar ao ateísmo.”
É bom esclarecer, de início, que Ronin foi um cristão evangélico fervoroso, porém, há muito tempo, abandonou sua crença cristã, mas, ainda acha (acha) que deve existir alguma força misteriosa inteligente por aí. No comentário acima, ele diz que perguntou a um amigo de Edson se sabia explicar sobre o surgimento do Universo sem a necessidade de um ser criador, de uma inteligência. Diz ele que não obteve resposta. E aí ele diz que fica difícil chegar ao ateísmo.
A pergunta do amigo Ronin já nasce defeituosa. Ele quer saber como surgiu o Universo sem a necessidade de um criador inteligente. O defeito na pergunta dele é de ordem cultural. Ele diz:
“UM criador inteligente”.
Por que Ronin diz “UM criador inteligente”, no singular? Por que não “dois, trinta ou milhões de criadores inteligentes”? Por que apenas UM? A resposta é mais fácil que empurrar um bêbado ladeira abaixo. Ronin diz apenas um criador, no singular, porque nasceu numa cultura religiosa monoteísta, que prega a existência de somente um deus. Nasceu no Brasil. Ele apenas está reproduzindo aquilo que ouviu de seus pais desde quando estava no berço. Em culturas politeístas, que pregam a existência de vários deuses, as pessoas invocam vários criadores para o Universo, e não apenas um. É fácil ver que o comportamento das pessoas é diferente, de acordo com as várias culturas. Resumindo: Ronin diz “UM criador” por imposição de sua cultura.
E Ronin quer saber como surgiu o Universo sem a existência desse criador inteligente. Desde quando estava no berço, mamando nos seios de sua mãezinha, escutava de seus familiares que o deus da Bíblia foi o criador de tudo o que existe na Terra e fora dela. Eu também passei por isso. Durante 27 anos de minha vida, tempo em que convivi com minha mãe e irmãos, em Sobral e, depois, em Fortaleza, eu escutava isso. Sempre fui ateu, mas, ouvia isso de meus familiares. A mesma coisa ocorreu com o Ronin. Ora, estudando um pouco sobre o Universo (Astronomia e Astrofísica), chega-se à conclusão de que o Universo dispensa criadores inteligentes, ou seja, não precisa deles. A história do Universo é uma história do caos, ao longo de bilhões de anos. É provado que tudo partiu das formas mais simples para as mais complexas. Por exemplo, para o Sol se tornar essa estrela fantástica, foram necessários bilhões de anos. Nada surgiu completo e pronto por ordem de alguma força inteligente. Nosso planeta, a Terra, no início, um caos total, não abrigando qualquer tipo de vida, nem mesmo bacteriana. 4 bilhões de anos se passaram para que assumisse a forma de hoje. E existem bilhões de galáxias, planetas, sóis e luas. E ainda hoje há caos, com colisões de astros e explosões de estrelas.
Saindo um pouco do espaço e entrando na Terra, é fácil ver que a natureza dispensa criadores inteligentes e, muito menos, um criador. Veja, por exemplo, o vulcão. Quem criou o vulcão? Ninguém criou o vulcão, muito menos alguém inteligente. O vulcão é formado pela própria estrutura geológica da Terra. Quem criou o terremoto? Ninguém criou o terremoto. Ele ocorre quando placas terrestres se movem e se chocam. E mostram que o planeta Terra não é perfeito, já que existem as falhas geológicas. E mais: vulcões e terremotos ocorrem não somente na Terra, mas também em outros planetas. Como se vê, o caos ainda se faz presente.
Saindo dos fenômenos naturais terrestres e entrando no reino animal, é fácil ver que a natureza dispensa criadores inteligentes e, muito menos, um criador. Vou contar a você, leitor, um fato que ocorreu em minha família há 25 anos, no Gama, uma cidade do Distrito Federal. Eu estava em casa, assistindo a um belo documentário sobre leões, exibido pela NET. No momento em que um leão parte para cima de um animal de pequeno porte, apertando-lhe o pescoço até a morte, meu filho, com 6 anos de idade, passa a ver a cena. E ele me disse:
“Pai, que maldade desse leão, matando esse animalzinho. E agora vai comer.”
Eu disse a ele que o leão não era um animal mau. Expliquei-lhe que aquilo fazia parte da natureza. O leão é um animal carnívoro, come carne, logo, é normal atacar animais para matar sua fome. É a lei da sobrevivência. É triste a gente ver um leão partindo para cima de um animalzinho indefeso? É, é triste, mas é a natureza. É fácil ver, leitor, que um ser inteligente não faria algo assim, que causa aos animais e às pessoas tamanha dor. Olhe para o mundo animal, leitor, e veja que não há criadores inteligentes por trás de tamanha selvageria, e, muito menos, um criador.
Veja agora, leitor amado, a segunda e última pergunta de Ronin a Edson Martins:
“Olha está igualzinho ao cara que veio pra cima de mim dizendo que deus foi uma criação humana. Eu perguntei quem foi esse indivíduo que criou deus e o cara não respondeu. Tamo aí brincando, etc e tal, mas pra levar isso a sério é difícil, em?”
Ronin diz ao Edson que escutou um cara afirmando que deus foi uma criação humana. E aí Ronin perguntou ao cara qual o nome da pessoa que criou deus, mas o cara não soube responder.
Ronin escutou uma verdade. De fato, é o homem que cria criaturas imaginárias: deuses, demônios, anjos, lobisomem, saci-pererê, mula sem cabeça, boitatá, duendes, bicho-papão etc. Esses animais fictícios só existem no cérebro humano. Não fazem mal nem bem às pessoas. Não existem no mundo real, mas as pessoas passam a acreditar em sua existência. Em todo o planeta Terra, são inúmeros os animais irreais criados pelo homem em várias culturas. O poder da criatividade humana é realmente imenso.
Ronin pediu a alguém que lhe dissesse o nome da pessoa que criou a primeira ideia de deus. Ronin mora em Natal, no Rio Grande do Norte, é um nordestino, um gozador. O que ele pede é um absurdo! É o mesmo absurdo que pedir a alguém o nome da pessoa que criou o adágio popular “macaco velho não mete a mão em cumbuca”. Quem criou esse adágio? Alguém criou, mas seu nome é desconhecido. Ninguém sabe. Quem criou o adágio “pobre é que nem sabão: só anda liso”. Alguém criou, porém, é impossível saber. A mesma coisa ocorre com os deuses. As primeiras pessoas que surgiram na Terra passaram a criar vários deuses. A história do homem é a história dos deuses. É impossível saber qual foi a primeira pessoa que criou um deus qualquer, da mesma forma que é impossível saber quem criou o adágio popular “cachorro que late não morde”. Alguém criou deuses e adágios populares, só não sabemos os nomes das primeiras pessoas.
Para provar que adágios populares são uma criação do homem, não precisamos saber os nomes das pessoas que os criaram. Da mesma forma, os deuses. Para provar que os deuses são uma criação do homem, não precisamos saber os nomes das pessoas que os criaram.
Agora, em relação ao deus adorado pelos cristãos, é fácil saber quem o criou: o povo hebreu! O deus que os cristãos adoram é o deus de Abraão, Isaque, Jacó, Davi, Salomão e outros. Para que você entenda, leitor amado, a civilização hebraica foi formada apenas há 6 mil anos, na região denominada hoje Iraque. O que são 6 mil anos na longa história do homem no planeta Terra? Nada, leitor! Na Pré-História, período mais longo da existência humana, não havia a civilização hebraica, não existia, pois, o deus hebreu. Todavia, já existiam milhares de deuses fabricados por nossos antepassados.
É simples entender isso!
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