segunda-feira, 5 de setembro de 2022

A ESCRAVIDÃO NO BRASIL E NA BÍBLIA

                                       Leitor amigo,

Eis o vídeo da série. Domingo passado, 28 de agosto do fluente ano, Fábio de Oliveira Lima, em seu canal Ministério da Razão, fez a “live” Lindos exemplos de família da Bíblia 2, com duração de 1 hora e 30 minutos. Ouça novamente, leitor, o que Fábio diz, no início do vídeo:


“Todo livro dito religioso, ele vai refletir a cultura da época em que foi escrito. Isso é fato!”


Com razão, Fábio! Ao longo dessa série, estou fazendo uma breve comparação de um romance do genial Machado de Assis com a Bíblia. É fácil ver que os dois livros (Memórias Póstumas de Brás Cubas e a Bíblia) refletem a cultura da época em que foram escritos. Quando você, leitor, estiver lendo esse romance ou a Bíblia, será transportado para épocas passadas, muito diferentes da época atual. 

Machado de Assis escreveu esse livro em 1881, portanto, há 141 anos. Ele estava com 42 anos de idade. A ação se passa na capital Rio de Janeiro. Fábio de Oliveira Lima mora na mesma capital. Só que o Rio de Janeiro em que viveu Machado é muito diferente do Rio de Janeiro de hoje. Assim sendo, vou trazer para esse vídeo um fato que existia no Rio de Janeiro de Machado, mas não existe no Rio de Janeiro de Fábio de Oliveira Lima: a escravidão

Brás Cubas, o personagem principal do romance, inventado por Machado de Assis, ao narrar sua vida, mostra aos leitores a escravidão presente na época. Na página 25, ele escreve:




“(...) um dia quebrei a cabeça de uma escrava, porque me negara uma colher do doce de coco que estava fazendo, e, não contente com o malefício, deitei um punhado de cinza ao tacho, e, não satisfeito da travessura, fui dizer à minha mãe que a escrava é que estragara o doce ‘por pirraça’, e eu tinha apenas seis anos.”


Escravidão, que maldade! Submeter seres humanos a trabalhos forçados, à prisão, à tortura e a depravações sexuais. Assim era o Brasil em 1881, assim era o Rio de Janeiro. No texto acima, Brás Cubas tinha pais ricos que possuíam escravos. Ele diz que, quando tinha apenas 6 anos de idade, ainda uma criança, já praticava maldades com os escravos de sua casa. Num certo dia, uma pobre escrava estava fazendo doce de coco. Brás Cubas lhe pediu um pouco daquele doce, tendo seu pedido negado porque a escrava não havia terminado a obra. Isso foi o bastante para que o moleque quebrasse a cabeça da pobre negra. Além de agredir a pobre mulher, ele jogou cinza no doce para estragá-lo, e ainda foi dizer à sua mãe que a escrava estragara o doce por pirraça. Veja, leitor, uma criança com apenas 6 anos de idade, praticando tamanha maldade. Na verdade, criança não nasce com preconceitos, herda de seus pais. Ela vê seus pais torturando pessoas negras e passa a ver aquilo como se fosse algo natural. 

Na mesma página, Brás Cubas escreve sobre o escravo Prudêncio:


“(...) Prudêncio, um moleque de casa, era o meu cavalo de todos os dias; punha as mãos no chão, recebia um cordel nos queixos, à guisa de freio, eu trepava-lhe ao dorso, com uma varinha na mão, fustigava-o, dava mil voltas a um e outro lado, e ele obedecia, algumas vezes gemendo, mas obedecia sem dizer palavra, ou, quando muito, um ‘ai, nhonhô!’ ao que eu retorquia: – ‘Cala a boca, besta!’” 


   Pobre escravo Prudêncio! A criança rica e branca o maltratava. Ele ficava de quatro no chão, com as duas mãos e os joelhos tocando no solo, como se fosse um cavalo. Brás Cubas colocava uma corda no queixo do infeliz para servir como freio. Em seguida, subia em suas costas, batendo no miserável com uma vara. Quando o pobre escravo gritava de dor, a criança dizia-lhe: “—Cala a boca, besta!” 

Como diz o Fábio de Oliveira Lima, no início do vídeo, cada livro reflete a cultura da época em que foi escrito. E aqui está a prova. Esse romance de Machado de Assis reflete a cultura da época em que foi escrito, o Rio de Janeiro de 1881, com a hedionda escravização de seres humanos de cor preta. Mais à frente, na página 29, Brás Cubas narra um fato presenciado por ele quando estava com 9 anos de idade:


“(...) Um sujeito, ao pé de mim, dava a outro notícia recente dos negros novos que estavam a vir, segundo cartas que recebera de Luanda, uma carta em que o sobrinho lhe dizia ter já negociado cerca de quarenta cabeças. (...) O que afiançava é que podíamos contar, só nessa viagem, uns cento e vinte negros, pelos menos.”








Veja a maldade da época, leitor! É dito acima que está para chegar um navio repleto de escravos oriundos de Luanda, uma cidade da África. Imagine um negro africano adolescente e fisicamente forte. Era sequestrado por homens brancos para servir como escravo em outros países. Esse negro era retirado à força de sua família, do seio de sua mãe, jamais veria novamente seus familiares. Existe, leitor, maldade pior que essa? Eu, numa situação dessa, me suicidaria. É dito, no texto, que um branco brasileiro já havia comprado, negociado, “quarenta cabeças”, ou seja, quarenta escravos. Isto é, seres humanos igualados a mercadorias. 

E na Bíblia, livro adorado pelos cristãos? Será que a escravização de seres humanos era proibida? Era diferente do Rio de Janeiro de 1881? O que você, leitor querido, acha? Se você não tem costume de ler a Bíblia, então, vou dizer-lhe uma coisa, mas não vá ficar com raiva de mim. Vou apenas reproduzir como era no mundo da Bíblia, de Gênesis ao Apocalipse. Veja, leitor, o que está escrito em Levítico, capítulo 25, versículos 44 e 45:


“Quanto aos escravos ou escravas que tiverdes, virão das nações ao vosso derredor, delas comprareis escravos e escravas. Também os comprareis dos filhos dos forasteiros.”


É dito, no texto bíblico acima, que os hebreus compravam e vendiam seres humanos oriundos de outros lugares. Viu aí, leitor! A mesma infâmia do Rio de Janeiro de 1881. Ou seja, a escravidão também presente na Bíblia! Seres humanos submetidos a trabalhos forçados, à prisão, à tortura e a depravações sexuais, tudo isso na própria Bíblia. Veja, leitor, o que está escrito em Gênesis, capítulo 17, versículo 23:


“Tomou, pois, Abraão a seu filho Ismael, e a todos os escravos nascidos em sua casa, e a todos os comprados por seu dinheiro…”


Viu aí, leitor? Abraão mantinha também escravos, que eram comprados, como se mercadorias fossem. A mesma hedionda escravidão presente no Brasil antigo, retratada na obra de Machado de Assis. A lendária família de Abraão já começa com 2 mulheres, uma delas era sua escrava. Em Gênesis, capítulo 16, versículo 1, está escrito:


“Ora, Sarai, mulher de Abrão, não lhe dava filhos; tendo, porém, uma escrava egípcia, por nome Hagar.”


Abrão, mais tarde Abraão, manteve relações sexuais com a escrava Hagar, gerando o filho Ismael. Depois, Sara pariu o filho Isaque. Num certo dia, os irmãos Ismael e Isaque estavam brincando quando o primeiro passou a zombar do outro. Isso foi o suficiente para Sara pedir a Abraão que expulsasse de casa a escrava com seu filho. Abraão assim o fez, abandonando-os, de madrugada, no deserto de Berseba. 

Jacó também possuiu vários escravos, e manteve relações sexuais com muitas escravas. Em Gênesis, capítulo 29, 2 escravas à disposição dele: Zilpa e Bila. Rúben, filho de Abraão com Lia, mais tarde, manteve relações sexuais com uma das escravas do próprio pai (Bila), deixando Jacó contrariado. O chifre pesa, e como pesa!



O lendário rei Salomão, na mesma linha. Possuía inúmeros escravos, que sofriam castigos terríveis. Quando morreu, seu filho Roboão assumiu o reino. Em 1 Reis, capítulo 12, versículo 11, está escrito:


“Assim que, se meu pai vos impôs jugo pesado, eu ainda vo-lo aumentarei; meu pai vos castigou com açoites, porém eu vos castigarei com escorpiões.”


Após a morte do rei Salomão, o povo que sofria escravidão foi ao encontro de Roboão para lhe pedir um tratamento humano. E aí Roboão lhes disse que seria pior que seu pai. Se Salomão mandava açoitar os escravos, ele, seu filho, aumentaria esses castigos. 

No Novo Testamento, textos cristãos, a escravidão também era apoiada e elogiada. O apóstolo Paulo de Tarso, o verdadeiro fundador do cristianismo, elogiava a escravidão, orientando os escravos a serem obedientes ao proprietário. Assim, em Efésios, capítulo 6, versículo 5, Paulo escreve:


“Quanto a vós outros, servos, obedecei a vosso senhor, segundo a carne com temor e tremor, na sinceridade do vosso coração, como a Cristo.”






Paulo de Tarso trata acima da família cristã. Ele diz aos escravos que devem ser obedientes a seus proprietários, como são obedientes a Jesus. Os escravos devem ter medo de seus proprietários. Em Tito, capítulo 2, versículos 9 e 10, mais conselhos de Paulo aos escravos miseráveis da época:


“Quanto aos servos, que sejam, em tudo, obedientes ao seu senhor, dando-lhe motivo de satisfação; não sejam respondões, não furtem; pelo contrário, deem prova de toda a fidelidade, a fim de ornarem, em todas as cousas, a doutrina de Deus, nosso Salvador.”


Paulo diz aos escravos que não devem contrariar as ordens de seus proprietários porque, agindo assim, estão em consonância com a doutrina de Deus. Veja, leitor! Se Paulo de Tarso fosse um brasileiro em 1881, com certeza, seria contra a abolição da escravidão, que ocorreu em 1888. Dependendo dele, os negros seriam sempre escravos. 

Em 1 Pedro, capítulo 2, versículo 18, está escrito: 


“Servos, sede submissos, com todo o temor ao vosso senhor, não somente se for bom e cordato, mas também ao perverso; porque isto é grato, que alguém suporte tristezas, sofrendo injustamente, por motivo de sua consciência para com Deus.”





O texto acima é atribuído a Pedro, apenas atribuído. Na verdade, o discípulo Pedro era analfabeto, não sabia ler, não sabia escrever. Mas, veja, leitor, o que está dito aí. Os escravos devem ser submissos a seus donos, mesmo que esses donos sejam perversos. Os escravos devem aguentar os piores castigos porque Deus assim o determina. É natural que algumas pessoas sofram. Por favor, leitor, pare de rir porque atrapalha minha concentração aqui! E o que está escrito acima não é motivo para risos, mas, para choro!  

Muito bem! Mostrei acima a escravidão presente no Brasil em 1881, estampada na obra de Machado de Assis, e também na Bíblia. Agora, leitor amado, quero lhe fazer uma pergunta. Hoje, no Brasil, a escravidão é condenada. O Estado brasileiro sente nojo, repugnância, diante dessa brutalidade do passado. Mas eu quero lhe perguntar uma coisa, leitor:



                1ª PERGUNTA

                   2ª PERGUNTA


Você, de acordo com as leis brasileiras de hoje, sente repugnância e nojo da escravidão no Brasil, no passado? 


 Você, de acordo com a Bíblia, acha a escravidão uma coisa maravilhosa, que os escravos devem se conformar com ela para que a doutrina do deus bíblico seja louvada? 



Você, de acordo com as leis brasileiras de hoje, sente repugnância e nojo da escravidão no Brasil, no passado? 

Ou você, de acordo com a Bíblia, acha a escravidão uma coisa maravilhosa, que os escravos devem se conformar com ela para que a doutrina do deus bíblico seja louvada? 


Nenhum comentário:

Postar um comentário