sexta-feira, 16 de setembro de 2022

DEUS E O FOGO BÍBLICO

                                    Leitor amigo,

Edilina Vieira é cearense, nascida em Santana do Acaraú, a 43 quilômetros de Sobral, minha cidade natal. Atualmente mora na cidade de Trairi, caracterizada por belas praias, a 126 quilômetros da capital Fortaleza. Em seu belo canal no You Tube, em que narra histórias reais ocorridas no Ceará, Edilina, segunda-feira passada, 12 de setembro do corrente ano, publicou um vídeo, narrando um fato horrível ocorrido no interior do Ceará. Esse vídeo feito por ela está em meu canal com o título Deus viu meu filho no fogo?

Edilina conta que, há algum tempo, no interior do Ceará, perto de onde ela mora, uma mulher muito pobre havia parido um filho de um homem casado, que não assumiu a responsabilidade. A pobre mulher foi morar com o filhinho numa casa totalmente de palha, muito comum em zonas rurais dos municípios cearenses. Num certo dia, ela colocou, num “fogão” improvisado no chão da casa, uma panela com feijão. Deixando seu filho, uma criança indefesa, dormindo numa rede, ela pegou algumas roupas para lavar no açude mais próximo. Estava certa de que, ao voltar para casa, o feijão, no fogo, já estaria pronto. Após lavar as roupas, já as colocando para secar, ela viu uma forte fumaça, na direção de sua casa. Ficou desesperada, já pensando no pior. Quando se aproximou da miserável casa, não existia mais casa, mas, tão somente, o fogo. Sabendo que seu filhinho já havia sido consumido pelo fogo, entrou em total desespero, gritando, ao mesmo tempo em que, com força, arrancava seus cabelos. Queria morrer também. Correu para o açude. Quando estava se afogando, dois homens apareceram, salvando-a. 



Casos assim, amigo leitor, envolvendo mortes por acidente com fogo, são comuns, principalmente em casas muito pobres, nas quais existe a presença marcante de madeiras, palhas e papel. Eu não gostaria de estar no lugar dessa pobre mulher. Perder um filho, uma criança inocente tragada pelo fogo, por culpa minha, por ter deixado o fogo aceso, acho que eu me suicidaria. Não conseguiria viver com tamanha dor. A morte por fogo, leitor amado, é algo terrível, tão hediondo que nosso Código Penal pune, com pena maior, alguém que mata uma pessoa fazendo uso do fogo. Por exemplo, se você, leitor, mata alguém com uma facada, receberá uma pena. Se você mata alguém, utilizando o fogo, sua pena será maior, justamente por causa do meio empregado, o fogo. 

O internauta Sebastião Hilário, após assistir ao vídeo de Edilina Vieira, escreveu assim:


“É q Deus gosta dum cheirim de carne assada, aí deixou o  churrasquim rolar.”








Sebastião diz que o deus da Bíblia, o deus dos cristãos, não salvou a criança do fogo porque gosta de sentir o cheiro de carne assada. Por isso, deixou a criancinha ser consumida pelo fogo. Nada fez. Um cristão qualquer, lendo esse comentário de Sebastião, pode até ficar revoltado com ele, com raiva, por não respeitar sua divindade amada. Mas há um problema aqui. Sebastião não desrespeitou divindade alguma. Pelo contrário, ele reproduziu fielmente os textos que estão na Bíblia. Entendeu, leitor? Sebastião recorreu à própria Bíblia, está apoiado, pois, na Bíblia. Portanto, se um cristão ficar com raiva de Sebastião, na verdade, deve ficar com raiva da Bíblia. Antes de entrar na Bíblia, quero deixar claro que deus algum existe. É o homem que cria deuses conforme sua cultura. Agora, no mundo da fantasia, da criatividade humana, os deuses são muitos. A própria Bíblia está repleta de deuses criados pelos mais variados povos da época: hebreu, filisteu, amorreu, jebuseus, heteus, heveus, midianitas etc. Esses povos que estão na Bíblia, nos textos bíblicos, criaram os deuses que estão lá: Javé, Dagom, Baal, Milcom, Astarote, Adrameleque etc. Esses deuses adoravam sacrifícios e holocaustos, envolvendo animais irracionais e seres humanos. Por isso mesmo, o internauta Sebastião não desrespeitou divindade alguma. Ele, repito, apenas reproduziu textos que se encontram na Bíblia.






Para começar, caro leitor, veja como o deus Javé, dos cristãos, realmente adorava sentir o cheiro da carne assada, como diz o Sebastião. Na Bíblia, em Êxodo, capítulo 29, versículo 18, está escrito:


“Assim, queimarás todo o carneiro sobre o altar; é holocausto para o Senhor, de aroma agradável; oferta queimada ao Senhor.”


Viu aí, leitor, como o Sebastião está apenas reproduzindo textos bíblicos? Na passagem acima, um carneiro será morto e queimado para que o deus Javé sinta o aroma, o cheiro da carne queimada. É isso aí, leitor! Todos os deuses que estão na Bíblia adoravam sentir o cheiro da carne queimada. Adoravam sacrifícios e holocaustos! 









Veja, leitor, mais um exemplo bíblico, em que um ser humano é sacrificado ao deus Javé, o deus dos cristãos. No livro de Juízes, capítulo 11, Jefté, que era um homem temente ao deus hebreu, tinha uma filha. Ele fez um voto (promessa): se o deus hebreu entregasse seus adversários em suas mãos, ao voltar para sua casa, vitorioso, ele ofereceria em holocausto a primeira pessoa que estivesse saindo de sua casa. Holocausto, amigo leitor, era queimar uma pessoa ou animal irracional, para que o deus Javé sentisse o cheiro da carne queimada. Jefté ganhou a batalha, voltando para casa. A primeira pessoa que ele encontrou foi sua própria filha. Ficou triste porque teria que matá-la e queimá-la,  e aí cumpriu a promessa. Matou e queimou sua filha em homenagem ao deus Javé.  

O fogo é uma ameaça sempre presente na Bíblia. Os deuses da Bíblia o adoravam. Até Jesus também! Quando falo sobre Jesus, é óbvio, estou falando sobre o Jesus presente nas lendas do Novo Testamento. O Jesus histórico é um quase nada. Nos 4 evangelhos que estão na Bíblia, Jesus ameaçava as pessoas ignorantes da época justamente com o emprego do fogo. Ele dizia que aquela pessoa que não cresse nele, quando morrer, será queimada eternamente no fogo do inferno. E os cristãos ainda dizem que Jesus é amor. Ele pregava sofrimento eterno no fogo para todos que não acreditassem nele. Existe maldade maior que essa, leitor? E o pior é que o crer não depende da vontade de uma pessoa. Por isso, não pode ser exigido que uma pessoa creia em alguém. Isso é loucura!


 O cristão que escreveu esse texto, atribuído a um certo Jesus, não regulava bem da cabeça, o que era muito comum naquela época.



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