terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

FREI BETTO, JESUS E O CEGO DE NASCENÇA

                      Leitor amigo,


Na página 86, Frei Betto , referindo-se a Jesus, escreve o seguinte:

 



“No capítulo 9 do Evangelho de João, os fariseus tentam convencer o cego de que sua deficiência é fruto do pecado. ‘Ou você pecou ou seus pais pecaram.’ Jesus se contrapôs, sinalizando que Deus não pode ser culpado por doenças, pois ele quer vida para todos.”

 




Antes de analisar esse texto de Frei Betto, trago aqui uma afirmação de Sigmund Freud, o Pai da Psicanálise, que era judeu e ateu, em seu maravilhoso livro O futuro de uma ilusão, Editora Pallotti, 2010, página 117:

 



“Não precisamos nos espantar muito acerca da debilidade intelectual de quem uma vez tenha se obrigado a aceitar todos os absurdos que as doutrinas religiosas lhe apresentaram, sem crítica e mesmo sem observar as contradições entre elas. Bem, mas não temos outro meio para dominar nossos impulsos senão a nossa inteligência.”

 



Você, leitor amigo, entendeu o que Freud afirma acima? Ele está dizendo que você, leitor, não deve ficar espantado diante da fraqueza intelectual de uma pessoa religiosa porque isso já é o esperado. No dizer de Freud, a pessoa religiosa, lamentavelmente, aceita os absurdos da doutrina religiosa que segue, sem fazer uso da crítica e sem observar as contradições existentes nessa doutrina. É isso o que Freud diz acima. Entendeu, leitor? 

Sim, mas o que isso tem a ver com a afirmação do cristão Frei Betto? Tudo, leitor amigo, tudo! O objetivo aqui não é ofender a pessoa de Frei Betto. Longe disso! A finalidade aqui é analisar uma afirmação dele com carga religiosa, entendeu, leitor? Então, vamos lá!

Frei Betto, no texto que inicia este artigo, traz a passagem bíblica que está no Evangelho de João, capítulo 9. Veja, leitor, o que está escrito nos versículos 1 a 3:









“Caminhando Jesus, viu um homem cego de nascença.

 E os seus discípulos perguntaram: Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?

 Respondeu Jesus: Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus.”

 




Frei Betto diz, no texto acima, que os fariseus tentam convencer o cego de que sua deficiência é fruto do pecado. Cabe aqui a primeira correção: não são os fariseus, mas os próprios discípulos de Jesus. E a segunda correção: os discípulos não tentam convencer o cego, ao contrário, apenas falam diretamente com Jesus. Os discípulos, pois, falam com Jesus, e não com o cego. Eles perguntam a Jesus quem pecou para que aquela pessoa nascesse cega, o próprio cego ou os pais deles. E Jesus respondeu aos discípulos, dizendo que nem o cego pecou, nem os pais dele pecaram, mas ele nasceu cego para que, mais tarde, fosse curado por Deus. Por favor, leitor, não ria porque seus risos atrapalham minha concentração aqui. E diz o Frei Betto que Jesus deixou claro que Deus não pode ser culpado por doenças, pois ele quer vida para todos. Você, leitor, está rindo de novo! Por favor, mantenha-se em silêncio. Deixe para rir depois!

De início, esclareço que, quando se fala sobre Jesus, é o Jesus que está presente nas narrativas lendárias do Novo Testamento. E não existe apenas 1 Jesus nesses textos, mas vários, com pontos de vista diferentes. Na verdade, textos bobos escritos por cristãos da época e atribuídos a Jesus. Em todo o Novo Testamento, é fácil ver essa ignorância dos cristãos: atribuir morte e doenças a pecados. Essa maluquice é a marca do cristianismo! O próprio apóstolo Paulo de Tarso propaga isso em  Romanos, capítulo 5, versículo 12:

 



“Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram.”











Assim, segundo a doutrina cristã, doenças e morte são consequências do pecado. Que loucura! Se uma pessoa nasce cega, isso é em consequência do pecado. Se uma pessoa morre, isso também é uma consequência do pecado. O cristianismo é isso! Infelizmente, Frei Betto traz uma passagem bíblica, afirmando o contrário, que aquele homem nasceu cego não porque pecou ou porque seus pais pecaram. Entendeu, leitor, a contradição? Em toda a doutrina cristã, doenças e enfermidades são consequências do pecado, mas, agora na passagem bíblica acima, já não são mais. E o pior vem agora: Jesus diz que aquele homem nasceu cego, não porque pecou, mas para que se manifestassem nele as obras de Deus. Que coisa horrível, leitor! Veja a falta de amor presente nessa passagem bíblica. Aquele pobre homem nasceu cego e permaneceu cego durante muitos anos para que, mais tarde, fosse curado por Jesus. Percebeu, leitor, a maldade nesse texto? Imagine você, leitor, pai de um bebê cego. A pobre criança não terá uma infância igual à de outras crianças, não terá uma adolescência ampla, e só recuperará sua visão na fase adulta para concretizar o poder de Deus. Existe texto mais cruel do que esse, leitor? E os bebês que nascem cegos a cada dia e não são curados por deus algum? 

Frei Betto diz acima que Deus não pode ser culpado por doenças, pois ele quer vida para todos. Sinceramente, não sei qual é a Bíblia cristã de Frei Betto porque só pode ser diferente da minha. Nos textos de minha Bíblia cristã, na ignorância dos escritores, o deus hebreu lança pragas e doenças contra o povo. E agora Frei Betto diz que Deus não pode ser culpado por doenças. Com certeza, a Bíblia dele não é a mesma que tenho aqui, em casa. E também não é a Bíblia presente em igrejas cristãs e nas casas dos cristãos. 


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