sábado, 26 de fevereiro de 2022

FREI BETTO, JESUS E A CONVERSÃO SEM AMEAÇAS

Na página 28, Frei Betto escreve sobre Jesus:





“(...) Enfatizava que, agora, a conversão já não era para escapar dos castigos divinos, e sim para acolher os dons amorosos de Deus.”

 




Leitor amigo, antes de fazer uma análise sobre a afirmação acima de Frei Betto, trago, mais uma vez, Sigmund Freud, o Pai da Psicanálise, que era judeu e ateu. Em seu maravilhoso livro O futuro de uma ilusão, Editora Pallotti, 2010, página 83, acerca das ideias religiosas, escreve:



“(...) Não são produto da experiência ou resultados finais do pensamento; são ilusões, são realizações dos desejos mais antigos, mais fortes e mais prementes da humanidade, e o segredo de sua força está na força desses desejos.”

 



Freud, com maestria, afirma acima que as ideias religiosas não são um produto oriundo da experiência, da observação, da razão, mas apenas ilusões. Eis uma verdade, caro leitor! É fácil explicar esse fenômeno. Por exemplo, quando uma pessoa invoca uma divindade “espiritual” qualquer, não age de forma racional, sua crença não é um produto do raciocínio, da experiência, da observação. Ao procurar um deus, a pessoa entra num estado de confusão alucinatória radiante. 

Essa afirmação de Freud tem tudo a ver com a afirmação acima do teólogo cristão brasileiro Frei Betto. Ele diz que Jesus, nos textos dos 4 evangelhos do Novo Testamento, era a expressão máxima do amor, que enfatizava a conversão das pessoas às suas ideias não para escapar dos castigos divinos, mas para acolher os dons amorosos do deus hebreu. Entendeu o recado de Frei Betto, leitor? Vou explicar melhor: Frei Betto está afirmando que Jesus pregava o evangelho para aquele povo miserável e analfabeto da Palestina sem fazer ameaça alguma, sem atormentá-los com a ideia de castigos divinos, mas apenas para que acolhessem os dons amorosos do deus hebreu. Por favor, leitor, não ria, por favor! 






Com todo respeito em relação à pessoa de Frei Betto, é impossível concordar com ele. Em todo o Novo Testamento, a doutrina do cristianismo mais impactante é o castigo eterno no fogo do inferno para aqueles que não aceitarem Jesus como seu salvador pessoal. O próprio Jesus presente nas narrativas lendárias dos 4 evangelhos ( Mateus, Marcos, Lucas e João) ameaçava com os castigos divinos todos aqueles que não aderissem à sua ideia. E, infelizmente, Frei Betto afirma que Jesus não fazia ameaças, que não pregava punição às pessoas que não aderissem à sua mensagem. Um absurdo, um absurdo!

Apenas para começar, veja, leitor, o que está escrito em Marcos, capítulo 16, versículo 16:




“Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado.”




A passagem acima é atribuída a Jesus. Atribuída, apenas! Ora, a pregação de Jesus acima é contrária à afirmação de Frei Betto. Este afirma que Jesus, ao pregar, não ameaçava as pessoas com castigos divinos. Ora, na verdade, leitor, veja aqui Jesus ameaçando as pessoas com castigos divinos. Jesus está dizendo que aquela pessoa que não crer em sua pregação, quando morrer, será condenada, ou seja, queimará eternamente no fogo do inferno. Isso é ameaça nos evangelhos, em Brasília, em Sobral, em Fortaleza e até na Ucrânia. Entendeu, leitor? Esse cristão que escreveu esse texto atribuído a Jesus era ignorante e perverso. Perverso porque está obrigando pessoas a acreditarem em sua mensagem. Imagine, leitor, isso acontecendo com você. Imagine um muçulmano lhe dizendo que, se você não crer em Maomé, quando morrer, queimará eternamente no fogo do inferno. Se você, leitor, for um cristão, com certeza ficará revoltado com tamanha maldade, não é mesmo? Você dirá que é livre para crer em alguém ou não, que não adianta ameaçar, não é mesmo?  Ora, com o Jesus dos 4 evangelhos, a maldade é a mesma, leitor, e você aceita. Jesus está impondo pessoas a acreditarem em suas ideias por meio de ameaças, de castigos divinos. Afirmei acima que o cristão que escreveu esse texto atribuído a Jesus era ignorante e perverso. Já expliquei porque era perverso. Agora vou explicar porque era ignorante. É loucura, leitor, exigir que uma pessoa acredite em algo, em alguém. O acreditar não depende da vontade da pessoa. É impossível uma pessoa crer em alguém por imposição, por ordem. Imagine, leitor, uma pessoa lhe dizendo que você deve crer em Maomé. Você é um cristão, logo, será impossível crer em Maomé. O acreditar não é uma escolha pessoal. Você não diz: vou acreditar em Jesus, em Maomé, em Buda, em lobisomem, em duendes, em Papai Noel. Você não diz isso! Não diz porque o acreditar não é uma opção, não é voluntário, não depende de sua vontade, está além de suas forças, entendeu, leitor? Logo, você não pode ser jamais punido por não crer em Jesus ou em Jair Bolsonaro

Frei Betto, lamentavelmente, diz que Jesus não ameaçava com castigos divinos o povo daquela época. Ora, os 4 evangelhos dizem coisa diferente e contrária à afirmação do cristão brasileiro. Veja, leitor, mais um exemplo, em Mateus, capítulo 11, versículos 20 a 24. É dito ali que Jesus passou a ameaçar com castigos divinos os habitantes das cidades de Corazim, Betsaida e Cafarnaum. Os moradores dessas cidades não abraçaram a mensagem de Jesus, e, no versículo 24, Jesus afirma que no Dia do Juízo haverá muito sofrimento para aquele povo. Ameaças,  ameaças e ameaças! Se vocês não crerem em mim, sofrerão eternamente no fogo do inferno. E, por incrível que pareça, Frei Betto ainda escreve que Jesus pregava a conversão sem a ameaça dos castigos divinos. 

Em Mateus, capítulo 10, versículos 5 a 15, Jesus passa instruções aos 12 discípulos. Ele diz que os discípulos devem bater de casa em casa para levar sua mensagem. Se não forem recebidos pelos moradores, que os discípulos fiquem quietos porque, no Dia do Juízo, aqueles habitantes sofrerão mais do que sofreram os moradores de Sodoma e Gomorra. E Frei Betto ainda escreve que Jesus pregava a conversão sem a ameaça dos castigos divinos. Repito, a ameaça de castigos divinos, nos 4 evangelhos, é a marca característica atribuída a Jesus e é a propaganda do cristianismo até hoje. 

Sinceramente, é impossível concordar com Frei Betto!

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