O jornalista Luiz Carlos Azedo inicia seu artigo assim:
“A notícia de que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, havia pedido demissão foi a sensação nas redes sociais, ontem, até ser desmentida pelo próprio. (...) A história toda começou por causa de uma vírgula, na coluna publicada pelo jornalista Matheus Leitão, no site da revista Veja, intitulada “Queiroga, pede para sair”.
Amigo leitor, o jornalista do jornal Correio Braziliense Luiz Carlos Azedo diz que, nas redes sociais, foi veiculada a exoneração do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. Queiroga havia pedido sua saída. Mais uma notícia falsa, que foi desmentida pelo próprio ministro. E qual foi a causa do surgimento da notícia? Ora, o desconhecimento do emprego de uma miserável vírgula em um artigo do jornalista Matheus Leitão, no site da revista Veja. Matheus Leitão empregou corretamente a vírgula, só que um exército de pessoas, por não dominar o emprego da vírgula, deu sentido totalmente diferente ao texto. Leitão escreveu:
“Queiroga, pede para sair”
Na oração acima, Leitão está pedindo ao ministro Queiroga que saia do poder, que deixe o ministério da Saúde. Pede para sair, Queiroga, por favor, pede para sair! Coisa bem diferente seria a oração sem a vírgula:
“Queiroga pede para sair”
Na oração acima, o sentido é outro. A ausência da vírgula faz a diferença. O ministro Queiroga pediu sua saída, solicitou sua exoneração. Só que não foi isso que afirmou o jornalista Leitão. Ele colocou a vírgula depois de Queiroga, indicando que o ministro não pediu sua exoneração. Assim, temos:
Eis, leitor, mais um exemplo no mundo da realidade de que uma simples vírgula é capaz de mudar completamente o sentido de uma oração, de uma afirmação. Veja mais exemplos que ocorrem no dia a dia.
As duas orações acima trazem as mesmas palavras, a única diferença é a vírgula. Ela muda o sentido da oração. Na primeira oração, com o emprego da vírgula, “Não, espere”, alguém está pedindo que outra pessoa não aja no momento, que espere um pouquinho mais para agir, que deixe para depois. Na segunda oração, sem a vírgula “Não espere”, alguém está pedindo que outra pessoa aja logo, imediatamente, que não deixe para depois. Sentidos, pois, diferentes!
Nas orações acima, com as mesmas palavras, há mudança de sentido causada pelo uso da vírgula. Na primeira oração “Isso só, ele resolve”, com a vírgula depois da palavra “só”, o sentido é de que alguém resolve algo que é fácil. Isso só, ou seja, esse problema tão simples é resolvido por ele, por alguém. Na segunda oração “Isso, só ele resolve”, com a vírgula antes da palavra “só”, o sentido é outro, o de que determinado problema só será resolvido por uma pessoa em especial. Somente ele, alguém, resolverá o problema, outra pessoa, não!
Na primeira oração “Não queremos saber”, sem vírgula, o sentido é de que nós não queremos saber, não queremos tomar conhecimento acerca de algo. Na segunda oração “Não, queremos saber”, com a vírgula, o sentido é outro, o de que nós, sim, queremos saber, queremos tomar conhecimento acerca de algo.
Na primeira oração “Não tenha clemência”, sem a vírgula, o sentido é de que alguém não deve ter clemência, não deve ter compaixão pela dor de alguém. Na segunda oração “Não, tenha clemência”, com a vírgula, o sentido é outro, o de que alguém deve ter clemência diante de outra pessoa, deve ter compaixão com o sofrimento de outrem.
Na primeira oração “Vamos perder, nada foi resolvido”, com a vírgula antes da palavra ‘nada”, alguém está afirmando que a derrota é iminente, próxima, porque nada foi resolvido. Na segunda oração “Vamos perder nada, foi resolvido”, com a vírgula depois da palavra ‘nada’, o sentido é outro. Alguém está afirmando que o problema foi resolvido, que ninguém perderá alguma coisa.
Na primeira oração “Roberto Carlos canta muito”, está-se afirmando que o cantor brasileiro Roberto Carlos canta bem. Na segunda oração “Roberto, Carlos canta muito”, o sentido é outro. Alguém está afirmando a uma pessoa de nome Roberto que outra pessoa de nome Carlos canta bem. Carlos canta muito, e não o Roberto.
Cuidado, leitor, muito cuidado com as vírgulas!
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