quinta-feira, 23 de setembro de 2021

JESUS MUDOU O ADULTÉRIO ( I )

                                      Há uma semana, precisamente no dia 14 de setembro do corrente ano, tornei público o vídeo “Bíblia - minha bússola”, em que analisei um trecho do manual “Lições Bíblicas, 3º trimestre de 2002, Ética Cristã, confrontando as questões morais”, relativo ao adultério que se encontra no livro de Êxodo, capítulo 20, versículo 14.

Naquele vídeo, afirmo que líderes religiosos cristãos enganam os fiéis acerca da figura do adultério no mundo da Bíblia. Na página 10 do manual das Assembleias de Deus, é dito que a proibição do adultério era um mandamento que valorizava e protegia a família e o casamento. Uma grande mentira! Na verdade, o homem hebreu, o macho, podia trair sua esposa, desde que suas amantes não fossem de outro homem, do próximo. Já a mulher, a fêmea, de forma alguma, podia trair seu esposo, nem com homem solteiro, nem com homem casado. Por que essa diferença? Porque o mundo bíblico era um mundo patriarcal, em que o macho se sobressaía em detrimento da pobre mulher. Por isso mesmo, na Bíblia, a mulher apanha de Gênesis ao Apocalipse. 

E agora volto à pagina 10 do manual para a continuidade do tema. Está escrito assim:

 


“a) No Antigo Testamento. (...) O adultério só era realmente condenado se ocorresse a conjunção carnal.

 b) Na ética de Cristo. (...) A exigência agora é muito maior, porque parte dos motivos, e não apenas do ato. Cristo não apenas condena o ato, mas os pensamentos impuros, as fantasias sexuais, envolvendo uma pessoa que não é o cônjuge do transgressor. É condenado o adultério mental”. 

 



Você, leitor, já sentiu a maluquice presente nas afirmações acima, não é mesmo? O manual evangélico está afirmando que antes o adultério só era condenado quando ocorresse a conjunção carnal, isto é, quando houvesse sexo. Até aqui tudo bem. De fato, somente ocorria o adultério se houvesse relação sexual. E até hoje é assim, com a realização do ato sexual. Sem o ato sexual, não se pode falar em adultério. E, no Brasil, o adultério não é mais crime, os adúlteros não são mais punidos. 


E agora vem a maluquice do manual evangélico. Está escrito que Jesus era inteligentíssimo e mudou a dinâmica do adultério. Segundo a cabeça de Jesus, para um homem ser condenado eternamente ao fogo do inferno por causa do adultério, nem é preciso que  realmente pratique relação sexual fora do casamento, bastando apenas que venha a DESEJAR sexualmente uma mulher, isto é, o chamado adultério mental. Que maluquice, caro leitor! Que maluquice! Essa passagem bíblica atribuída a Jesus, apenas atribuída, está no evangelho de Mateus, capítulo 5, versículos 27 e 28:

 



“Ouvistes que foi dito: Não adulterarás.

 Eu, porém, vos digo: qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, no coração, já adulterou com ela.”




Em primeiro lugar, o cristão que escreveu essa aberração acima era uma pessoa extremamente burra, nada sabia sobre a natureza humana. O cristão que escreveu essa besteira a atribuiu a um certo Jesus. Os absurdos contidos nessa passagem bíblica são públicos e notórios. De início, veja o erro sobre o coração. No mundo antigo, o homem não conhecia a fundo a fisiologia do corpo humano. Até hoje, ano 2021, por exemplo, muitas pessoas não sabem qual é a função do pâncreas, do intestino delgado, da bílis etc. Pior ainda no mundo antigo, no mundo da Bíblia. O homem bíblico pensava erroneamente que o coração humano era a sede do pensamento, da intenção, da maldade, da bondade, do desejo etc. E esse erro sobre o coração está, mais uma vez, na passagem bíblica acima. É dito que um homem que olhar para uma mulher com intenção impura, no coração, já adulterou com ela. Ou seja, intenção no coração. Percebeu o erro, caro leitor? Esse cristão pensava que a intenção era proveniente do coração, e não é. Depois de muitos séculos, é que o homem descobriu que a intenção nasce no cérebro, e não no coração. O coração humano é apenas um músculo que bombeia sangue para as partes do corpo humano. Esse órgão não pensa, não tem intenção, não tem bondade, não tem maldade etc. 

Outra maluquice presente na afirmação bíblica acima reside na condenação de um homem que apenas DESEJAR sexualmente uma mulher. Existe loucura maior que essa, caro leitor? O cristão que escreveu esse absurdo nada entendia da fisiologia humana. E aqui dois absurdos: em primeiro lugar, o DESEJO SEXUAL faz parte da natureza humana. É próprio do homem e, claro, de muitos animais irracionais. Uma pessoa sente DESEJO SEXUAL por outra da mesma forma que sente DESEJO em comer uma gostosa feijoada, em assistir a uma peça teatral, a um filme etc. Pessoa alguma, portanto, pode ser condenada por simplesmente DESEJAR sexualmente outra, por DESEJAR uma feijoada, por DESEJAR uma casa porque o DESEJO faz parte da natureza humana, é da essência humana. Em segundo lugar, o DESEJO SEXUAL é INVOLUNTÁRIO, isto é, não depende da vontade do homem. Ele surge sem que o homem tenha culpa. Quando, por exemplo, um homem resolve se casar com uma mulher, o DESEJO SEXUAL é recíproco, um DESEJA SEXUALMENTE o outro, e isso é algo natural. Isso não é um “adultério mental”, como escreveu o cristão sem juízo. É comum, por exemplo, um homem casado sentir DESEJO SEXUAL por outras mulheres. É comum e faz parte da natureza humana. Uma coisa é um homem casado DESEJAR SEXUALMENTE outra mulher, coisa bem diferente é realizar esse desejo, pô-lo em prática. Da mesma forma, uma mulher casada sentir DESEJO SEXUAL por outros homens. Uma coisa é uma mulher casada DESEJAR SEXUALMENTE outro homem, coisa bem diferente é realizar esse desejo, pô-lo em prática. Ninguém pratica adultério por simplesmente DESEJAR. Condenar o DESEJO SEXUAL é condenar a natureza humana. Uma loucura sem fim! Ora, todos os cristãos sadios física e mentalmente, solteiros ou casados, sem exceção, sentem DESEJO SEXUAL por outras pessoas. Um cristão casado sente DESEJO SEXUAL por outras mulheres, sem que com isso esteja praticando adultério mental. Da mesma forma, uma cristã casada. Nenhum deles deve ser condenado por esse DESEJO porque não é voluntário, não depende de sua vontade, ao contrário, surge inesperadamente. Uma certidão de casamento não anula esse desejo porque é NATURAL, não está preso a uma convenção chamada casamento. Ninguém pode ser condenado por algo que está além de seu controle. Uma pessoa pode ser condenada por acionar os músculos de seu braço para matar alguém porque movimentar os braços depende de sua vontade. Todavia, uma pessoa não pode ser condenada por movimentar os músculos do coração porque essas batidas cardíacas são involuntárias, não dependem da vontade humana. Do mesmo jeito, o DESEJO SEXUAL. Ele brota NATURALMENTE. Surge sem que o homem tenha participação alguma, da mesma maneira que o desejo em comer uma feijoada. Se um homem casado sente DESEJO SEXUAL por uma bela morena com fio dental que passa diante dele, na Praia de Copacabana,  jamais deve ser condenado porque esse desejo lhe é natural, não depende da vontade dele. Ao contrário, é uma prova de que ele é um ser humano.


Nenhum comentário:

Postar um comentário