terça-feira, 14 de setembro de 2021

ASSEMBLEIA DE DEUS E O ADULTÉRIO

                                                  O manual Lições Bíblicas, 3º trimestre de 2002, traz a Lição 2 com o título “A ética cristã e os dez mandamentos”, nas páginas 8 a 12. 

Em primeiro lugar, deus algum existe, deus algum fez os dez mandamentos que estão no livro de Êxodo, capítulo 20. Em segundo lugar, não são 10 mandamentos. Em terceiro lugar, não são leis inteligentes e justas.

Líderes cristãos enganam os fiéis, afirmando-lhes que o deus hebreu criou os 10 mandamentos, razão pela qual são dispositivos legais inteligentes, justos e fraternos. E os fiéis acreditam porque não conhecem o mundo bíblico, nada sabem sobre os costumes da civilização hebraica. Sobre o adultério, por exemplo, veja, leitor, o que está escrito no manual, na página 10:


“2. ‘Não adulterarás’ (Êx 20.14; Dt 5.18). O sétimo mandamento visava valorizar e proteger a família e o casamento, livrando-o dos males funestos e destruidores da infidelidade conjugal, bem como defender a pureza sexual.”


O papa Francisco, os padres, pastores evangélicos e protestantes dizem que o “Não adulterarás”, que está no livro de Êxodo, capítulo 20, versículo 14, foi um mandamento do deus hebreu para valorizar e proteger a família e o casamento, contra a praga chamada infidelidade conjugal. Ora, amigo leitor, eis mais uma mentira cristã!!! Essa propaganda cristã sobre o adultério não é verdadeira, não retrata o verdadeiro significado do adultério dentro da sociedade hebraica. A coisa é mais feia do que dizem os cristãos.



Ao contrário do que propagam os líderes cristãos, dentro da sociedade hebraica, o “não adulterarás” não valorizava e protegia a família e o casamento, não era contra a infidelidade conjugal. Ora, para que uma pessoa entenda a Bíblia, é preciso conhecer os costumes da sociedade hebraica da época. Era uma sociedade patriarcal, em que o homem (macho) se destacava, em detrimento da mulher (fêmea). Por isso mesmo, em toda a Bíblia, de Gênesis ao Apocalipse, a mulher, a parte mais fraca, apanha muito, sofre muito. 

Como funcionava isso? Ora, funcionava assim: um homem hebreu casado podia livremente trair sua esposa, não lhe devia fidelidade conjugal porque a esposa era equiparada a um bem de sua propriedade, ela pertencia ao esposo. Então, um homem hebreu casado podia trair sua esposa com várias amantes livres. Ele só não podia se envolver com mulher casada, de outro homem, do próximo, porque estaria ofendendo o direito de propriedade do outro homem. Entendeu, leitor? Um homem hebreu casado podia trair sua esposa, desde que a amante não fosse casada, de outro homem. É por isso que está escrito nos mandamentos: “Não desejarás a mulher do teu próximo”! Se a mulher fosse solteira, não tivesse um proprietário, podia ser desejada. 

E como funcionava para a mulher? Ora, já que a mulher, coitada, era vista como um ser inferior, uma propriedade do homem, então, ela jamais podia traí-lo. Uma mulher hebreia casada jamais podia trair o marido, nem com homem solteiro, nem com homem casado. Percebeu, leitor, como os líderes cristãos enganam os fiéis quando afirmam que essa lei era igual para o homem e a mulher? Repito: fiéis cristãos são enganados porque não estudam a Bíblia, nada sabem sobre os costumes da sociedade hebraica da época. 

Uta Ranke-Heinemann, considerada a maior teóloga da Terra, de raiz católica, em seu maravilhoso livro “Eunucos pelo Reino de Deus - Igreja Católica e sexualidade - de Jesus a Bento XVI”, 5ª edição, editora Rosa dos Tempos, 2019, na página 45, escreve:


“(...) O povo judaico entendia “Não cometerás adultério” com implicações diferentes para homens e mulheres; para o homem, só a relação sexual com a esposa de outro era adultério; para a mulher, a relação com qualquer outro afora o esposo era adultério. O homem só violava o casamento de outro homem; o próprio casamento é violado só pela esposa. A razão disso é que a esposa era considerada não uma companheira ou parceira do homem, mas sua posse. Ao cometer adultério, a esposa estava depreciando as posses do marido, enquanto o marido, ao cometê-lo, estava depreciando as posses de outro homem. O adultério era uma espécie de crime contra a propriedade. Assim, a relação sexual com uma mulher solteira não constituía adultério para o homem.”


O que Uta Ranke-Heinemann afirma acima é do conhecimento de qualquer estudioso sério e honesto da Bíblia. O “não adulterarás”, que está em Êxodo, era uma lei boa para o macho, mas péssima para a mulher. Era uma lei que não protegia a família e o casamento porque o homem, o macho, podia trair sua esposa com qualquer mulher, desde que não fosse casada com outro homem. O manual das Assembleias de Deus diz que era uma lei contra a infidelidade conjugal. Conversa fiada! Era uma lei contra a infidelidade conjugal DA ESPOSA, mas a favor da infidelidade conjugal DO MARIDO, do MACHO!


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