quinta-feira, 7 de janeiro de 2016
GRAÇAS A DEUS, ESCAPEI!
Eustáquio
7/01/2016
Caro leitor,
Em meu artigo anterior (A ilusão religiosa e a realidade), mostrei alguns exemplos de ilusão religiosa, fazendo referência a um dos livros de Sigmund Freud (1856 – 1939). Você, leitor amigo, ficou ciente de que a pessoa religiosa vive uma ilusão, uma alucinação. Por exemplo, quando uma pessoa religiosa escapa de algum acidente, qual é a divindade “espiritual” salvadora invocada? Ou seja, que divindade “espiritual” a pessoa religiosa invoca como sua salvadora? A resposta, obviamente, vai depender da crença da pessoa. Ou seja, a divindade “espiritual” salvadora variará de acordo com a ilusão religiosa da pessoa. Se, por exemplo, a pessoa religiosa for um cristão devoto de Cícero Romão Batista, o famoso “Padim Ciço” de Juazeiro do Norte, no Ceará, então afirmará que a divindade “espiritual” que a salvou do acidente foi o “Padim Ciço”. Se, ao contrário, a pessoa religiosa for um cristão evangélico, então a divindade “espiritual” invocada jamais será o “Padim Ciço”. Por quê? Porque o “Padim Ciço” não tem relevância alguma para a ilusão cristã evangélica. O cristão evangélico dirá que a divindade “espiritual” que o salvou do acidente foi Deus ou Jesus. E se a pessoa religiosa for um cristão católico? Aí o rol de divindades “espirituais” é imenso, tudo, é óbvio, dependendo da ilusão cristã católica. Se o católico for devoto de São Francisco de Assis, invocará essa divindade “espiritual” como sua salvadora. Se for devoto de Nossa Senhora Aparecida, afirmará que essa divindade “espiritual” o salvou do acidente. Se for devoto de São Benedito, essa será a divindade “espiritual” invocada, e assim por diante. Esses exemplos claros, públicos e cotidianos mostram que a divindade “espiritual” invocada dependerá do poder de imaginação da pessoa religiosa. Na verdade, deuses não existem, “santos” não existem, logo, deuses e “santos” não salvam ninguém.
Neste artigo, mostrarei outra deformação dessa ideia religiosa. Só para facilitar o entendimento, trago novamente a afirmação do mestre Sigmund Freud, contida em seu fantástico livro “O futuro de uma ilusão”, L&PM editores, 2010, página 110. Veja, leitor, o que ele diz sobre a religião:
“(...) ela contém um sistema de ilusões de desejo com recusa da realidade como apenas encontramos isolado na amência, uma confusão alucinatória radiante.”
E que deformação é essa? É a seguinte: quando uma pessoa religiosa invoca uma divindade “espiritual” como sua salvadora, em conformidade com sua crença, não percebe a monstruosidade da própria divindade. Exemplo: fulano de tal, cristão católico, perdeu o voo que o levaria de Brasília a Juazeiro do Norte, no Ceará (existe essa linha aérea em Brasília). A aeronave caiu, matando instantaneamente 230 pessoas. Ao ser entrevistado pelo Jornal Nacional da Rede Globo de Televisão, o cristão católico, devoto de “Padim Ciço” disse:
“Graças ao Padre Cícero, escapei. O “Padim Ciço” me fez perder aquele voo.”
Percebeu, caro leitor? No mundo ilusório do cristão devoto de “Padim Ciço”, a monstruosidade da divindade invocada é latente. O “Padim Ciço” resolveu salvar apenas um tripulante, uma pessoa muito “especial”, abandonando à morte trágica 230 pessoas, incluindo aí crianças inocentes, mulheres grávidas, idosos e, pasmem, todos cristãos. Entendeu, agora, leitor, como a ideia religiosa conduz o homem ao absurdo, sem que ele perceba?
E esse absurdo é comum no mundo da religião. Veja as catástrofes naturais como furacões, maremotos, terremotos, vulcões etc. Inúmeras pessoas religiosas que escapam invocam, de acordo com sua crença, as divindades “espirituais”: “Graças a Deus, escapei!”; “Graças aos deuses, escapei!”; “Graças a Jesus, escapei!”; “Graças a Maomé, escapei!”; Graças a Shiva, escapei!” E não percebem que, em cada catástrofe, perderam a vida milhares de pessoas (crianças, idosos e religiosos).
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