sexta-feira, 8 de janeiro de 2016
A ILUSÃO RELIGIOSA E OS ARGUMENTOS
Eustáquio 8/1/2016 Caro leitor, Em seu magnífico livro “O futuro de uma ilusão”, L&PM Editores, 2010, página 119, Sigmund Freud (1856 – 1939), considerado o Pai da Psicanálise, judeu e ateu, escreve o seguinte: “ (...) O crente não se deixará privar de sua crença – não à força de argumentos e não à força de proibições. Caso se conseguisse isso com alguns, seria uma crueldade. Quem tomou soníferos por décadas obviamente não poderá dormir quando privado do remédio.” Uma verdade cristalina e incontestável a afirmação acima do mestre Freud, não é mesmo, caro leitor? A “ilusão” que faz parte do título do livro supracitado é a religião. Nesse livro, Freud analisa a fundo o fenômeno religioso. Ele diz acima que o crente, ou seja, o homem que crê em divindades “espirituais”, jamais abandonará essa crença, essa ilusão, por meio de argumentos e proibições. E isso é uma grande verdade, não é mesmo, leitor amigo? O crente vive mergulhado num mar de ilusões. Essas ilusões provocam nele um estado de alegria, de ânimo, de consolo, de esperança. Daí a razão de os argumentos contrários a essa crença, por mais racionais e lógicos que sejam, não produzirem frutos. Sua ilusão religiosa é mais forte que qualquer argumento. O crente só deixará sua crença a partir do momento em que começar a questionar aquilo que lhe foi imposto pela sociedade em que vive. Ou seja, a partir do momento em que tiver iniciativa própria. Do contrário, não terá êxito. Como bem o diz Freud, argumentos e proibições não terão efeito algum. Veja, leitor, como as proibições não produzem efeito! Há pouco tempo, o mundo viveu a febre do socialismo, um sistema ateu, sem religião. URSS, Polônia, Alemanha Oriental, Cuba, Coreia do Norte, China etc. Igrejas foram fechadas, transformadas em repartições públicas. Não se permitia nenhuma manifestação pública de crença religiosa. Nenhuma igreja, nenhum templo. Proibição total de crença religiosa. E aí? Essas proibições eliminaram a crença religiosa das pessoas? Claro que não, não é mesmo? Apesar de tudo, as pessoas continuaram acreditando em divindades “espirituais”. E veja que, atualmente, apesar de Cuba, Coreia do Norte e China serem estados socialistas ateus, existe a liberdade de crença religiosa. As pessoas que moram lá não são mais perseguidas em razão de sua crença. Em Cuba, por exemplo, o cristianismo é a religião que tem mais adeptos. Na China, destacam-se o budismo e o confucionismo. Percebeu, leitor, como Freud tem razão? No mundo da ilusão religiosa, simplesmente proibir não elimina a ilusão. E argumentos simplesmente também não têm efeito. Por mais racionais e lógicos que sejam, não farão efeito algum na “psique” do crente. Não se esqueça, leitor, de que o crente vive uma ilusão, uma alucinação. E por que os argumentos não têm efeito algum? Ora, porque, para acreditar em divindades “espirituais”, o crente os dispensa. Ou seja, o crente não precisa de argumentos para acreditar em deuses. Já que os argumentos não são necessários para alguém acreditar em deuses, também não serão necessários para que alguém deixe de acreditar em deuses, entendeu, leitor? O crente, para acreditar em deuses, não faz uso de argumentos, de provas ou de evidências. Tudo se resume apenas em mera crença, em simples convicção pessoal. Então, argumentos e provas não têm força alguma no mundo da ilusão religiosa. Freud, com sua inteligência ímpar, diz também acima que seria uma crueldade proibir alguém de ter uma crença religiosa, de adorar deuses. Não se deve proibir. Porém, no próprio mundo da religião, essa crueldade é constante. O fanatismo e a intolerância reinam nas religiões. Mas isso aí é assunto que ainda veremos em muitos artigos. Freud tinha razão!
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