quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

O RABINO JONATHAN, A BÍBLIA E A HOMOSSEXUALIDADE



                       Eustáquio
                                                                                                              

                     Caro leitor,
                     A revista “Veja” do dia 15 de janeiro de 2014, nas páginas amarelas, traz uma entrevista com o rabino e filósofo inglês Jonathan Sacks. Entre outras coisas, o religioso fala acerca de judaísmo, de Bíblia hebraica, de homossexualidade, de alguns ateus famosos, do poder da oração, do conflito entre israelenses e palestinos etc.
                     Ao ler a matéria somente agora, depois de 2 anos, veio a mim a vontade de fazer alguns artigos acerca de alguns pontos da entrevista para mostrar a você, leitor, que as ideias religiosas levam facilmente as pessoas ao erro, ao absurdo. Neste artigo, analisarei a ideia religiosa de Jonathan Sacks sobre a homossexualidade. Na página 18, o jornalista Jerônimo Teixeira pergunta a Sacks qual é a posição judaica sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Veja, leitor, a resposta do rabino:

                    “Nossa posição é muito parecida com a católica: a Bíblia proíbe o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Portanto, não podemos admiti-lo.”

                   O psicanalista Sigmund Freud (1856-1939), também judeu, mas ateu, dizia que “a religião é uma neurose obsessiva universal da humanidade”. E Freud tinha toda razão! A afirmação acima do rabino Sacks é uma prova incontestável de que Freud realmente tinha razão. O que diz o rabino? Ora, ele diz que é contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo, ou seja, que é contra a homossexualidade simplesmente porque a Bíblia proíbe. Você, leitor, percebeu a ingenuidade da afirmação do rabino? De acordo com o raciocínio dele, se a Bíblia proíbe uma coisa, então ele é contra essa coisa. Ou seja, se a Bíblia proíbe a homossexualidade, então o rabino é contra a homossexualidade.
                     Ora, ser contra a homossexualidade apenas porque a Bíblia a proíbe é assinar um atestado de pura ignorância, de puro desconhecimento da evolução da humanidade ao longo do tempo. A civilização hebraica viveu há muitos anos, no mínimo, há 4 mil anos, na região hoje conhecida por Oriente Médio. É público e notório o atraso dos costumes do povo hebreu se comparados aos costumes das civilizações ocidentais da atualidade. As civilizações egípcia, hebraica, grega, maia etc. foram marcadas por profundos atrasos que envergonham qualquer ser humano que vive no mundo ocidental: sacrifícios e holocaustos aos deuses, envolvendo seres humanos e animais irracionais, invasões e roubos de terra, matança indiscriminada de mulheres, crianças e velhos, destruição de sítios arqueológicos, estupros, intolerância religiosa etc. E tudo isso está registrado na Bíblia. E tudo isso fazia parte dos costumes daqueles povos, inclusive do povo hebreu. Era um mundo de profundo atraso!
                    Recorrer à Bíblia para condenar hoje a homossexualidade é simplesmente uma irracionalidade humana, uma “demência”, no dizer de Freud. O rabino Jonathan Sacks e os cristãos recorrem aos livros de Gênesis, Êxodo e Levítico para condenarem a homossexualidade. Ora, esses mesmos livros eram a favor da intolerância religiosa, ou seja, traziam como regra a matança ao fio da espada dos hebreus que viessem a adorar outros deuses. Já que o rabino e os cristãos são contra a homossexualidade porque é proibida, por exemplo, em Levítico, então deveriam invocar a mesma proibição para a liberdade religiosa que existe hoje no mundo ocidental. Você, leitor, está entendendo, não é mesmo? Serei mais claro! Se o rabino e os cristãos recorrem à Bíblia para condenarem a homossexualidade, deveriam pregar hoje também a intolerância religiosa porque esse monstro era regra na Bíblia. Se o rabino e os cristãos recorrem à Bíblia para condenarem a homossexualidade hoje, deveriam então recorrerem a ela também para condenar hoje a posição que a mulher ocupa no mundo ocidental, já que a mulher na Bíblia tinha uma posição inferior ao homem, comparada quase a mero objeto. No mundo da Bíblia, a mulher não podia nem falar em público. Obviamente, ninguém vê, no Brasil, religiosos cristãos invocando a Bíblia para calarem as mulheres brasileiras. Deveriam invocar a Bíblia para essa loucura porque as fontes são as mesmas. No mundo da Bíblia, a mulher podia ser traída pelo marido, mas não podia traí-lo. A prova está lá, em Êxodo, em Levítico. Ou seja, nos mesmos livros em que a homossexualidade era condenada. Ora, se o rabino e os cristãos invocam esses livros para condenarem a homossexualidade, deveriam invocar também os mesmos livros para aprovarem a infidelidade por parte do marido. Muitos homens iriam adorar esse discurso.
                       Percebeu, leitor amigo, a ignorância da afirmação do rabino Jonathan Sacks? É loucura tentar trazer costumes antigos de civilizações atrasadas para implementá-los num mundo evoluído como o que vivemos hoje. Costumes antigos devem ficar no passado. O mundo evolui.
                   Já pensou, amigo leitor, se aparece um louco aqui, no Brasil, invocando a Bíblia para restabelecer a escravidão?
                  



quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

O PAPA FRANCISCO E O FÍSICO STEPHEN HAWKING



                       Eustáquio
                                                                                                               

                     Caro leitor,

                      Ontem, dia 19, pela manhã, aqui, em Brasília, fui a uma clínica a fim de buscar o resultado de exames realizados em minha próstata. Todos os anos, submeto-me a uma bateria de exames: próstata, sangue, urina, coração, diabetes etc.
                      Enquanto eu aguardava o chamado do médico, na sala de espera, peguei uma revista Veja entre várias que estavam ali, à disposição dos pacientes. A que estava em minhas mãos era do dia 1º de outubro de 2014. Na página 52, vi a matéria que me levou a fazer este pequeno artigo. Trata-se de duas frases: uma, do físico inglês Stephen Hawking; a outra, do papa Francisco. O médico, gentilmente, me deu a revista, e ela está aqui comigo.
                    Pois bem, caro leitor. Tenho, aqui, uma afirmação de um cientista (Hawking) e uma afirmação de um homem religioso (papa Francisco). Vou mostrar-lhe, leitor amigo, como a ideia religiosa leva facilmente o homem ao erro, ao absurdo, à fantasia, como já bem o dizia o psicanalista Sigmund Freud (1856-1939). Veja, leitor, primeiramente, a afirmação verdadeira do cientista Stephen Hawking:

                   “Antes de entendermos a ciência, era natural acreditar que Deus criou o Universo. Mas agora a ciência oferece uma explicação mais convincente.”

                     Você, caro leitor, entendeu o que diz acima o notável físico inglês Stephen Hawking, não é mesmo? Ora, ele diz a pura verdade, não é mesmo? O que ele está afirmando? Ora, ele está afirmando que, em épocas remotas, antes do aparecimento do conhecimento científico, era natural o homem acreditar em deuses e atribuir a eles todos os fenômenos que presenciava. Em sua ignorância, o homem criou deuses sob as mais diferentes formas. E, em sua imaginação, colocou esses deuses como os protagonistas de todos os fenômenos que presenciava. Por exemplo, quando um raio caía sobre uma pessoa, matando-a instantaneamente, o homem antigo entendia que aquilo era uma punição dos deuses. Da mesma forma, diante de um terremoto. Pensava que eram os deuses que estavam com muita raiva do comportamento dos membros da comunidade. Quanto ao Universo, o mesmo erro. Pensava que os deuses haviam criado a Terra, o Sol, a Lua, os rios, os mares etc. Ou seja, atribuía tudo aos deuses pelo simples fato de desconhecerem a natureza daqueles fenômenos. Com o aparecimento da ciência, caracterizada por um conhecimento sólido, racional, lógico, baseado em experiências, métodos de comparação, comprovação, experimentação etc., tudo mudou. A visão científica é completamente diferente da religiosa. Por exemplo, quando um raio cai sobre uma pessoa, matando-a instantaneamente, isso ocorre por causa da mera probabilidade. Quando chove, a incidência de raios é enorme. Muitos atingem o solo, causando desgraças e destruições. Não há deus algum por trás dos raios, com raiva de pessoas, de animais irracionais e de edifícios. Nos campos, devido à existência de várias árvores, os raios caem com mais frequência, matando inúmeros animais irracionais (bois, vacas, ovelhas, carneiros, cavalos). Não há deus algum por trás desses raios, com ódio mortal aos pobres animais irracionais. Percebeu, leitor, como a afirmação do cientista Stephen Hawking representa a pura verdade?
                   Infelizmente, já não posso dizer a mesma coisa diante da afirmação do papa Francisco. Nada pessoal contra o papa. Estou apenas analisando uma afirmação dele. Ei-la:

                    “Que ninguém pense que pode se escudar em Deus quando projeta e realiza atos de violência e abusos.”

                   O papa Francisco, segundo a revista Veja, pronunciou a frase acima quando estava visitando a Albânia. Ora, a frase do papa não tem sentido algum, não tem lógica alguma, não tem sustentação alguma, como é comum em frases de caráter religioso. Você, leitor, entendeu o que o papa diz acima? Ora, ele está dizendo que homem algum deve se apoiar em Deus para realizar atos de violência e abusos. Ou seja, segundo o papa Francisco, Deus nada tem a ver com violência e abusos. Veja, leitor, a ingenuidade das palavras do papa. A que Deus o papa se refere, já que temos hoje, no mínimo, 2 mil deuses? Ora, o papa se refere ao Deus hebreu, ao Deus da Bíblia. Pois bem! Agora vem a pergunta: será que o Deus hebreu era contra a violência e os mais diversos abusos? Para responder a essa pergunta, é fácil. Basta abrir a Bíblia, começando logo pelo livro de Gênesis, o primeiro. A própria Bíblia é a prova maior de que o papa não diz coisa por coisa. Nas lendas bíblicas, há um universo de violência e de abusos praticado pelo povo hebreu sob o comando do Deus Javé. Como é, então, que o papa diz que o Deus dele é totalmente contrário a atos de violência e de abusos? Ora, ele mesmo diz que o Deus dele é o da Bíblia. Percebeu, leitor, como a afirmação do papa carece de lógica? Ora, o papa, em suas missas, elogia Moisés, Josué, Davi e outros personagens bíblicos (lendários ou não). A própria Bíblia narra que Moisés, Josué e Davi praticavam atos de violência e abusos sob o comando e proteção do próprio Deus hebreu. Como então o papa Francisco pode afirmar que “ninguém pense que pode se escudar em Deus quando projeta e realiza atos de violência e abusos”.
                        Percebeu, leitor, a infantilidade do discurso religioso do papa Francisco, não é mesmo?
                      Em relação ao resultado dos exames relativos à minha próstata, o médico me deu os parabéns, afirmando que minha próstata é a mesma de um jovem de 18 anos. Segundo ele, eu jamais serei um homem prostático, ou seja, jamais sofrerei um câncer de próstata.

                     Fiquei feliz, óbvio!

domingo, 17 de janeiro de 2016

A NUDEZ NA BÍBLIA




Eustáquio
                                                                                                                 


Caro leitor,

Neste artigo, vou escrever um pouco acerca da nudez. Para que você, leitor amigo, entenda o assunto, torna-se necessário conhecer o significado das palavras “natural” e “convencional”. Você sabe, caro leitor, o que quer dizer o vocábulo “natural” e o vocábulo “convencional”? Caso você não saiba, peço-lhe permissão para que eu possa lhe explicar.
A palavra “natural” significa tudo aquilo que é referente à natureza. Ou seja, tudo aquilo em que não há participação do homem. Por exemplo, a Lua. Ela é um satélite natural do planeta Terra. “Natural” porque surgiu sem a participação do homem. O Sol é outro exemplo. Surgiu sem a participação do homem. Ou seja, surgiu naturalmente. O sexo também é outro exemplo, caro leitor. É uma coisa natural porque surgiu naturalmente, sem a participação do homem. E a nudez? Ora, a nudez também é uma coisa natural porque surgiu sem a participação do homem. Quando um ser humano sai do útero materno, obviamente sai nu, com os órgãos genitais à mostra, não é mesmo?
Você, leitor, agora já sabe o que significa a palavra “natural”. Sendo assim, explicar-lhe-ei o que significa a palavra “convencional”. O vocábulo “convencional” está amarrado à palavra “convenção”. “Convenção” quer dizer acordo, ajuste, determinação sobre um assunto ou tema qualquer. Ou seja, significa tudo aquilo em que há participação do homem. Ou seja, “convencional” quer dizer o conjunto de tudo aquilo que é criado pelo homem. Por exemplo, as religiões. As religiões não são coisas naturais, referentes à natureza, como o Sol, a Lua, o Universo etc. As religiões são coisas “convencionais”, ou seja, criadas pelo homem. As sociedades humanas criam religiões diferentes, com ritos e rituais próprios. Outro exemplo de coisa convencional são os deuses. Da mesma forma, as sociedades humanas criam os mais variados deuses conforme seus costumes. Outro exemplo é o casamento. O casamento é uma coisa convencional, e não natural, porque também foi criado pelo homem. As sociedades humanas criam cerimônias matrimoniais muito diferentes, ao sabor de seus costumes.
Pois bem, caro leitor! Agora você já sabe diferenciar as palavras “natural” e “convencional”, não é mesmo? Assim sendo, vou mostrar-lhe mais um erro e uma ingenuidade que está registrada na Bíblia.
Líderes religiosos (padres, pastores e “bispos” evangélicos) dizem aos fiéis que o Deus hebreu é contra a nudez, ou seja, que a entidade “espiritual” sobrenatural condena a nudez de qualquer pessoa. E, infelizmente, os fiéis passam a acreditar nessa ignorância absurda. Para mostrar aos fiéis que estão certos, os líderes religiosos recorrem às lendas bíblicas acerca de Eva, Adão, Serpente, Jardim do Éden, desobediência, pecado etc. Tudo isso se encontra no livro de Gênesis.
Na ingênua lenda bíblica, Adão e Eva viviam nus, mas não percebiam sua nudez. Os dois só foram perceber que estavam nus depois de terem desobedecido à ordem do Deus hebreu. A partir daí é que Adão e Eva ficaram envergonhados com a própria nudez. E o que os dois fizeram? Veja, leitor, Gênesis 3:7:


“Abriram-se, então, os olhos de ambos; e, percebendo que estavam nus, coseram folhas de figueira e fizeram cintas para si.”


Quando perceberam que estavam nus, Adão e Eva ficaram envergonhados com a própria nudez e resolveram fazer cintas para si, ou seja, Adão escondeu seu pênis e bunda, e Eva escondeu sua bunda, vagina e seios. Alguns instantes depois, o Deus hebreu aparece diante de Adão e Eva, e descobre tudo. E vê que os dois fizeram cintas para esconder os órgãos genitais. E o que faz o Deus hebreu? Veja, leitor, Gênesis 3:21:


“Fez o Senhor Deus vestimenta de peles para Adão e sua mulher e os vestiu.”


Ora, o Deus hebreu, bastante envergonhado com a nudez de Adão e Eva, não confiando nas cintas que eles fizeram, resolveu fazer vestimenta de peles para esconder os órgãos genitais dos dois. Vestimenta feita à base de peles de animais é mais segura que cintas feitas à base de folhas de figueiras, não é mesmo, caro leitor?
Percebeu, leitor, a ingenuidade da lenda bíblica acima? Ora, deus algum existe. Deus algum condena a nudez humana. Deus algum é contra a nudez do homem e da mulher. O escriba hebreu escreveu essa bobagem porque, na sociedade em que ele vivia (civilização hebraica), o povo se vestia, ou seja, o povo hebreu fazia uso de vestuário. Numa sociedade qualquer, em que o povo faz uso de roupas, a nudez é vista como coisa feia, “pecado”. Entendeu, leitor? É por isso que a nudez é “castigada” na Bíblia. Claro, o povo hebreu tinha vestuário!  Porém, o planeta Terra é muito grande. Não houve apenas a civilização hebraica. Ao contrário, milhões e milhões de civilizações. E milhões dessas civilizações não usavam roupas, vestuário. Ou seja, seus membros andavam normalmente nus, e não se envergonhavam. Até hoje, ano 2016, há inúmeros povos que vivem naturalmente nus, e, óbvio, não se envergonham de sua própria nudez. No Brasil, ainda hoje, há inúmeras tribos indígenas (índios) que andam nuas, mas não existe essa “vergonha” porque a nudez é a regra natural. Quando os portugueses chegaram ao Brasil em 1500, ao verem os índios completamente nus, ficaram envergonhados. Os portugueses ficaram escandalizados, mas os índios não estavam nem aí. Não esconderam seus órgãos genitais porque para eles a nudez era, e é, uma coisa natural. Entendeu, caro leitor? E fora do Brasil ainda hoje também existem várias sociedades em que as pessoas andam nuas, e isso é a coisa mais natural do mundo.
Portanto, deus algum existe. Deus algum é contra a nudez do homem e da mulher. A nudez é uma coisa natural, própria da natureza, sem a participação do homem. Já o vestuário (roupas) é uma coisa convencional, ou seja, inventada pelo homem.

Entendeu, leitor?

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

O ATEÍSMO CONDUZ O HOMEM AO DESESPERO




Eustáquio
                                                                                                             


Caro leitor,

É muito comum a gente ouvir que a não crença na vida após a morte conduz o homem ao desespero, ao desânimo e ao suicídio. Assim sendo, os ateus vivem desesperados, imersos numa tristeza profunda, sem gosto pela vida, próximos do suicídio porque sabem que a morte física é o fim de tudo.  
Um exemplo dessa falsa propaganda religiosa está no livro “O evangelho segundo o espiritismo”, de Allan Kardec (1804-1869). Em sua 21ª edição, editora Lake, 1980, página 84, Kardec escreve:


“(..) Quando vemos, pois, homens de ciência, que se apoiam na autoridade do seu saber, esforçarem-se para provar aos seus ouvintes ou aos seus leitores que eles nada têm a esperar depois da morte, não o vemos tentando convencê-los de que, se são infelizes, o melhor que podem fazer é matar-se? Que poderiam dizer para afastá-los dessa idéia? Que compensação poderão oferecer-lhes? Que esperanças poderão propor-lhes? Nada além do nada! De onde é forçoso concluir que, se o nada é o único remédio heróico, a única alternativa possível, mais vale atirar-se logo a ele, do que deixar para mais tarde, aumentando assim o sofrimento.”

Você, leitor amigo, entendeu o recado acima do espírita Allan Kardec? O que ele está afirmando acerca dos ateus, dos que negam a existência de vida depois da morte? Ora, Kardec está dizendo que quem nega a existência de vida depois da morte vive uma vida muito infeliz, sem esperança alguma. Já que sabe que a morte é o fim de tudo, então o ateu perde o gosto pela vida. Para que trabalhar, se a morte é o fim de tudo? Para que estudar anos a fio, se a morte é o fim de tudo? Para que comprar uma casa ou um carro, se a morte é o fim de tudo? Segundo Kardec, por tudo isso, o ateu vive uma vida infeliz, sem esperança, sem alegria, à beira de um ataque de nervos, a um passo do suicídio.
Percebeu, leitor amigo, a infantilidade das palavras do espírita Allan Kardec? Ele está mais perdido que cego em tiroteio. Ora, o ateu não é nada disso que ele prega. Veja, leitor, por exemplo, o meu caso. Sou ateu desde os 12 anos de idade. Portanto, desde jovem, sei que não existe vida depois da morte. E, ao contrário do que diz Kardec, desde criança sou uma pessoa muito feliz. Aonde quer que eu vá, levo comigo a alegria. Sempre sou considerada a pessoa mais alegre de qualquer ambiente onde eu esteja. Rio bastante, gosto de contar piadas e até incentivo pessoas quando estão passando por momentos difíceis. Sempre fui um excelente filho, um irmão maravilhoso, um esposo amigo e um pai exemplar. A certeza de que a morte física é o fim jamais me subtraiu a alegria de viver a vida com intensidade, garra e amor. Mesmo sabendo que a morte física é o fim, não deixei de estudar. Ao contrário, um de meus prazeres diários é justamente o estudo, a leitura. Como já dizia um filósofo de cujo nome não me lembro neste momento, “o que se leva da vida é a vida que se leva”. Ou seja, o importante é a gente viver a vida a cada instante, a cada momento, a cada dia. Não importa se, amanhã, a morte virá. Trabalhei com alegria durante 35 anos, mesmo sabendo que poderia morrer a qualquer momento. Como já afirmei, a pessoa deve viver a vida intensamente, sem se preocupar com a morte. Mesmo sabendo que minha vida chegará ao final com a morte, continuo vivendo com felicidade e alegria porque o importante é a vida que se leva.

Percebeu, leitor, a bobagem do Allan Kardec? Essa ilusão de vida depois da morte foi criada pelo homem porque ele deseja ser eterno. O homem quer ser eterno, quer que a vida dele se prolongue após a morte. Essa ilusão é criada justamente para dar uma vã esperança a pessoas fracas. Eu, como ateu, não necessito de ilusões para ser feliz. Não recorro a ilusões para alcançar a felicidade. Alcanço a felicidade com a realidade. 

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

A CRISTÃ TÂNIA BARROS, O RASSIER E O DESRESPEITO AOS CRENTES





Eustáquio
                                                                                                                                      12/1/2016


Cara cristã Tânia Barros,

Nos comentários endereçados ao meu artigo “A Bíblia e o Millôr Fernandes”, li uma manifestação sua direcionada ao Ferreira Rassier, por quem tenho uma grande admiração. Eis, na íntegra, o que você escreveu:

             “Ferreira Rassier. Todo ser humano tem o direito de crer ou não em Deus.Mas aqueles que não crêem deveria respeitar os que crêem e vice versa.Só uma última coisa para encerrar o assunto com sua pessoa, novamente, você subestimou a minha inteligência,como da última vez em que conversamos você sugeriu que eu fizesse um curso superior sem ao menos me conhecer,sem saber sobre minha formação,minha profissão.não faz isso não meu caro,deduzindo com base em conversas aleatórias na internet.Pode ser que a pessoa subjugada tenha mais graduações do que você.”


Destaco, aqui, a primeira parte de seu comentário:

“Todo ser humano tem o direito de crer ou não em Deus. Mas aqueles que não crêem deveria respeitar os que crêem e vice-versa.”

Com todo respeito, cara Tânia, seu comentário merece inúmeros consertos. E vou provar-lhe sem deixar uma dúvida sequer.
Em primeiro lugar, nem todos os seres humanos têm o direito de crer, ou não, em Deus. O Deus a que você, cara Tânia, se refere é o Deus dos hebreus, não é mesmo? Para provar essa verdade, basta que você, Tânia, saia do Brasil e vá à terra da Bíblia, ao Oriente Médio. Você, Tânia, já ouviu falar acerca do Estado Islâmico? O que seus integrantes religiosos estão fazendo contra os cristãos? Ora, eles estão obrigando os cristãos a deixarem sua crença para aderirem à deles. Percebeu, cara Tânia, como nem todos os seres humanos têm o direito de crer, ou não, em Deus? E na própria Bíblia, havia esse direito de crença, cara Tânia? Todas as pessoas tinham o direito de acreditar, ou não, no Deus hebreu? Ora, cara Tânia, os próprios hebreus acreditavam em vários deuses, e não apenas no Deus Javé. Na lenda de Moisés, como exemplo, no livro de Êxodo, inúmeros hebreus aguardavam a descida de Moisés do monte. Como Moisés estava demorando muito, os hebreus resolveram criar mais um deus, o deus Bezerro de Ouro, e passaram a adorá-lo. Quando Moisés desceu do monte, ele respeitou o direito de crença de seu próprio povo, cara Tânia? Ele permitiu que seu povo adorasse o deus Bezerro de Ouro? Claro que não, Tânia! Moisés ordenou que seus soldados matassem a todos ao fio da espada. E apenas porque estavam adorando outro deus. Viu, aí, cara Tânia, como nem todos os seres humanos têm o direito de crer, ou não, em Deus!
No Brasil, atualmente, a coisa é outra, cara Tânia! Aqui, sim, todos têm o direito de crer, ou não, no Deus hebreu, como também em outros deuses. E isso graças à evolução! A Constituição da República Federativa do Brasil, a lei maior, garante a todos a liberdade de crença e a liberdade de expressão. Ou seja, garante a todos aquilo que a Bíblia nega. No Brasil, cara Tânia, você, que é uma cristã, tem todo o direito de se manifestar sobre sua crença. Você pode escrever acerca da Bíblia, fazer comentários e publicar vídeos. E isso jamais será um desrespeito a quem não crê. Da mesma forma, o gaúcho Ferreira Rassier tem o direito de escrever acerca da Bíblia, mostrando suas lendas, mitos, alegorias, fábulas e erros de toda espécie que, aliás, são do conhecimento de qualquer teólogo sério. Quando o Rassier faz vídeos ou comentários dessa natureza, ele não está desrespeitando sua crença, cara Tânia. Ele está apenas fazendo uso da liberdade de expressão que é garantida a ele pela Constituição. No Brasil, se o crente tem o direito de se manifestar acerca de sua crença, o ateu também tem o direito de se manifestar acerca de sua descrença.

Entendeu, cara Tânia?

domingo, 10 de janeiro de 2016

A BÍBLIA E O MILLÔR FERNANDES

Eustáquio 10/1/2016 Caro leitor, Millôr Fernandes (1923-2012) foi humorista, desenhista, escritor, poeta, tradutor, dramaturgo, jornalista e outras coisas mais. Tinha um cérebro privilegiado, ou seja, usava-o para raciocinar, e não apenas para separar as orelhas, como muitos o fazem. Em seu maravilhoso livro “Millôr Definitivo --- A Bíblia do Caos, L&PM Pochet, 2002, página 56, entre outras coisas, escreve o seguinte: “Se a Bíblia tivesse sido submetida aos críticos, todos teriam achado subliteratura sem pé nem cabeça. No princípio era a verba.” O humor inteligente do Millôr Fernandes contagiava a todos. Veja acima, caro leitor, que ele criou a expressão “No princípio era a verba”, fazendo referência à passagem bíblica “No princípio era o Verbo”, contida no evangelho atribuído a João, capítulo 1, versículo 1. Qual o significado da palavra “verba” usada por ele? Dinheiro, caro leitor! Grana! E por que Millôr fez isso? Ora, porque ele, como era estudioso e muito inteligente, via às claras a exploração financeira praticada por líderes religiosos sobre os fiéis por meio de dízimos, ofertas e doações. Millôr também afirma acima que, se a Bíblia tivesse sido submetida aos críticos, todos teriam encontrado nela subliteratura sem pé, nem cabeça. E não só em relação à Bíblia, mas também em outros livros religiosos. Millôr faleceu em 2012, portanto, há 4 anos. Assim, em sua época, ele já sabia acerca dos estudos críticos acerca da Bíblia. No fundo, ele faz alusão ao passado em que ninguém podia criticá-la. Ou seja, no mundo antigo, quando a Igreja Católica Apostólica Romana dava as cartas, jamais alguém ousaria criticar a Bíblia, duvidar dela. Como exemplos, veja os casos de Giordano Bruno (1548-1600) e de Galileu Galilei (1564-1642). Havia até a expressão latina “Roma locuta, causa finita”. Ou seja, o Vaticano falou, então a causa está terminada. Não há mais o que discutir. E ai daquele que ousar contrariar a Bíblia. Giordano Bruno, coitado, foi assado vivo numa fogueira. Por pouco, Galileu Galilei não teve o mesmo fim. Só escapou da fogueira, porque foi obrigado a dizer que sua teoria heliocêntrica estava errada, mesmo sabendo que ela estava correta. Triste e hedionda época, não é mesmo, caro leitor? Hoje, a coisa não funciona assim. O mundo evoluiu. E o mundo ocidental mais ainda. Brasil, França, Estados Unidos da América do Norte, a própria Itália, Canadá, Portugal e Espanha são provas dessa evolução. Reina a liberdade de crença e reina também a liberdade de expressão. Atualmente, em faculdades sérias de teologia, são feitos estudos críticos acerca da Bíblia, mas os estudiosos não vão mais para as fogueiras “santas”. Sabe-se hoje, por exemplo, que a Bíblia é um conjunto de livros de caráter essencialmente religioso, e não histórico. Ou seja, mais lendas, mais mitos, mais alegorias, mais fábulas, mais hipérboles, que propriamente fato histórico. No fundo, como diz Millôr Fernandes, é “subliteratura sem pé nem cabeça”. Por que “sem pé nem cabeça?” Porque os relatos lendários bíblicos sepultam tudo aquilo que os crentes na Bíblia dizem sobre ela. Além disso, esses relatos são ingênuos, excessivamente infantis, frutos da imaginação de um povo que viveu há séculos num mundo marcado profundamente pela ignorância e analfabetismo. Termino este artigo, com mais um humor de Millôr Fernandes. Veja, caro leitor, o epitáfio que ele criou para sua falecida esposa (brincadeira dele): “AQUI JAZ MINHA MULHER QUE PARTIU PARA O ALÉM. AGORA ELA DESCANSA EM PAZ E EU TAMBÉM.”

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

A ILUSÃO RELIGIOSA E OS ARGUMENTOS

 

   

Eustáquio 8/1/2016 Caro leitor, Em seu magnífico livro “O futuro de uma ilusão”, L&PM Editores, 2010, página 119, Sigmund Freud (1856 – 1939), considerado o Pai da Psicanálise, judeu e ateu, escreve o seguinte: “ (...) O crente não se deixará privar de sua crença – não à força de argumentos e não à força de proibições. Caso se conseguisse isso com alguns, seria uma crueldade. Quem tomou soníferos por décadas obviamente não poderá dormir quando privado do remédio.” Uma verdade cristalina e incontestável a afirmação acima do mestre Freud, não é mesmo, caro leitor? A “ilusão” que faz parte do título do livro supracitado é a religião. Nesse livro, Freud analisa a fundo o fenômeno religioso. Ele diz acima que o crente, ou seja, o homem que crê em divindades “espirituais”, jamais abandonará essa crença, essa ilusão, por meio de argumentos e proibições. E isso é uma grande verdade, não é mesmo, leitor amigo? O crente vive mergulhado num mar de ilusões. Essas ilusões provocam nele um estado de alegria, de ânimo, de consolo, de esperança. Daí a razão de os argumentos contrários a essa crença, por mais racionais e lógicos que sejam, não produzirem frutos. Sua ilusão religiosa é mais forte que qualquer argumento. O crente só deixará sua crença a partir do momento em que começar a questionar aquilo que lhe foi imposto pela sociedade em que vive. Ou seja, a partir do momento em que tiver iniciativa própria. Do contrário, não terá êxito. Como bem o diz Freud, argumentos e proibições não terão efeito algum. Veja, leitor, como as proibições não produzem efeito! Há pouco tempo, o mundo viveu a febre do socialismo, um sistema ateu, sem religião. URSS, Polônia, Alemanha Oriental, Cuba, Coreia do Norte, China etc. Igrejas foram fechadas, transformadas em repartições públicas. Não se permitia nenhuma manifestação pública de crença religiosa. Nenhuma igreja, nenhum templo. Proibição total de crença religiosa. E aí? Essas proibições eliminaram a crença religiosa das pessoas? Claro que não, não é mesmo? Apesar de tudo, as pessoas continuaram acreditando em divindades “espirituais”. E veja que, atualmente, apesar de Cuba, Coreia do Norte e China serem estados socialistas ateus, existe a liberdade de crença religiosa. As pessoas que moram lá não são mais perseguidas em razão de sua crença. Em Cuba, por exemplo, o cristianismo é a religião que tem mais adeptos. Na China, destacam-se o budismo e o confucionismo. Percebeu, leitor, como Freud tem razão? No mundo da ilusão religiosa, simplesmente proibir não elimina a ilusão. E argumentos simplesmente também não têm efeito. Por mais racionais e lógicos que sejam, não farão efeito algum na “psique” do crente. Não se esqueça, leitor, de que o crente vive uma ilusão, uma alucinação. E por que os argumentos não têm efeito algum? Ora, porque, para acreditar em divindades “espirituais”, o crente os dispensa. Ou seja, o crente não precisa de argumentos para acreditar em deuses. Já que os argumentos não são necessários para alguém acreditar em deuses, também não serão necessários para que alguém deixe de acreditar em deuses, entendeu, leitor? O crente, para acreditar em deuses, não faz uso de argumentos, de provas ou de evidências. Tudo se resume apenas em mera crença, em simples convicção pessoal. Então, argumentos e provas não têm força alguma no mundo da ilusão religiosa. Freud, com sua inteligência ímpar, diz também acima que seria uma crueldade proibir alguém de ter uma crença religiosa, de adorar deuses. Não se deve proibir. Porém, no próprio mundo da religião, essa crueldade é constante. O fanatismo e a intolerância reinam nas religiões. Mas isso aí é assunto que ainda veremos em muitos artigos. Freud tinha razão!

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

GRAÇAS A DEUS, ESCAPEI!

Eustáquio 7/01/2016 Caro leitor, Em meu artigo anterior (A ilusão religiosa e a realidade), mostrei alguns exemplos de ilusão religiosa, fazendo referência a um dos livros de Sigmund Freud (1856 – 1939). Você, leitor amigo, ficou ciente de que a pessoa religiosa vive uma ilusão, uma alucinação. Por exemplo, quando uma pessoa religiosa escapa de algum acidente, qual é a divindade “espiritual” salvadora invocada? Ou seja, que divindade “espiritual” a pessoa religiosa invoca como sua salvadora? A resposta, obviamente, vai depender da crença da pessoa. Ou seja, a divindade “espiritual” salvadora variará de acordo com a ilusão religiosa da pessoa. Se, por exemplo, a pessoa religiosa for um cristão devoto de Cícero Romão Batista, o famoso “Padim Ciço” de Juazeiro do Norte, no Ceará, então afirmará que a divindade “espiritual” que a salvou do acidente foi o “Padim Ciço”. Se, ao contrário, a pessoa religiosa for um cristão evangélico, então a divindade “espiritual” invocada jamais será o “Padim Ciço”. Por quê? Porque o “Padim Ciço” não tem relevância alguma para a ilusão cristã evangélica. O cristão evangélico dirá que a divindade “espiritual” que o salvou do acidente foi Deus ou Jesus. E se a pessoa religiosa for um cristão católico? Aí o rol de divindades “espirituais” é imenso, tudo, é óbvio, dependendo da ilusão cristã católica. Se o católico for devoto de São Francisco de Assis, invocará essa divindade “espiritual” como sua salvadora. Se for devoto de Nossa Senhora Aparecida, afirmará que essa divindade “espiritual” o salvou do acidente. Se for devoto de São Benedito, essa será a divindade “espiritual” invocada, e assim por diante. Esses exemplos claros, públicos e cotidianos mostram que a divindade “espiritual” invocada dependerá do poder de imaginação da pessoa religiosa. Na verdade, deuses não existem, “santos” não existem, logo, deuses e “santos” não salvam ninguém. Neste artigo, mostrarei outra deformação dessa ideia religiosa. Só para facilitar o entendimento, trago novamente a afirmação do mestre Sigmund Freud, contida em seu fantástico livro “O futuro de uma ilusão”, L&PM editores, 2010, página 110. Veja, leitor, o que ele diz sobre a religião: “(...) ela contém um sistema de ilusões de desejo com recusa da realidade como apenas encontramos isolado na amência, uma confusão alucinatória radiante.” E que deformação é essa? É a seguinte: quando uma pessoa religiosa invoca uma divindade “espiritual” como sua salvadora, em conformidade com sua crença, não percebe a monstruosidade da própria divindade. Exemplo: fulano de tal, cristão católico, perdeu o voo que o levaria de Brasília a Juazeiro do Norte, no Ceará (existe essa linha aérea em Brasília). A aeronave caiu, matando instantaneamente 230 pessoas. Ao ser entrevistado pelo Jornal Nacional da Rede Globo de Televisão, o cristão católico, devoto de “Padim Ciço” disse: “Graças ao Padre Cícero, escapei. O “Padim Ciço” me fez perder aquele voo.” Percebeu, caro leitor? No mundo ilusório do cristão devoto de “Padim Ciço”, a monstruosidade da divindade invocada é latente. O “Padim Ciço” resolveu salvar apenas um tripulante, uma pessoa muito “especial”, abandonando à morte trágica 230 pessoas, incluindo aí crianças inocentes, mulheres grávidas, idosos e, pasmem, todos cristãos. Entendeu, agora, leitor, como a ideia religiosa conduz o homem ao absurdo, sem que ele perceba? E esse absurdo é comum no mundo da religião. Veja as catástrofes naturais como furacões, maremotos, terremotos, vulcões etc. Inúmeras pessoas religiosas que escapam invocam, de acordo com sua crença, as divindades “espirituais”: “Graças a Deus, escapei!”; “Graças aos deuses, escapei!”; “Graças a Jesus, escapei!”; “Graças a Maomé, escapei!”; Graças a Shiva, escapei!” E não percebem que, em cada catástrofe, perderam a vida milhares de pessoas (crianças, idosos e religiosos).

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

A ILUSÃO RELIGIOSA E A REALIDADE

Eustáquio 6/01/2016 Caro leitor, Sigmund Freud (1856 – 1939), o Pai da Psicanálise, judeu e ateu, estudou com eficiência o fenômeno religioso. Escreveu muito sobre o assunto. Dentre suas obras principais acerca do tema, destacam-se: O futuro de uma ilusão (1927), o mal-estar na cultura (1930) e Moisés e o monoteísmo (1939) Em seu fantástico livro “O futuro de uma ilusão”, L&PM editores, 2010, página 110, o mestre afirma o seguinte acerca da religião: “(...) ela contém um sistema de ilusões de desejo com recusa da realidade como apenas encontramos isolado na amência, uma confusão alucinatória radiante.” Percebeu, caro leitor, a verdade inatacável contida na afirmação acima do mestre Freud? Você, leitor, entendeu mesmo o que diz Freud? Ora, ele está afirmando que a religião é um sistema de ilusões de desejo que se recusa a aceitar a realidade. Ou seja, o homem religioso vive num mundo alheio à realidade, imerso em suas ilusões, em seus desejos. Segundo Freud, é tão forte esse sistema de ilusões que o homem religioso está mergulhado num estado de “amência”, ou seja, de demência, de alucinação radiante. Entendeu, agora, leitor, a verdade inatacável dita por Freud? E os fatos do dia a dia estão aí para comprovar a afirmação do mestre Freud. Veja, distinto leitor, o que o homem faz em nome da religião e dos deuses. Hoje, no planeta Terra, existem, no mínimo, 10 (dez) mil religiões e 2 mil deuses. Já que são religiões e deuses diferentes, as ilusões também são diferentes. Cada pessoa religiosa vê sua religião como a única certa, vê seu deus ou deuses como os únicos verdadeiros. E daí surgem os conflitos alimentados pelo fanatismo e intolerância. Neste artigo, leitor amigo, trago um dos casos de ilusão religiosa. No Brasil, a religião cristã é a que agrega o maior número de fiéis. Pois bem! É muito comum um cristão dizer que escapou da morte porque a divindade “espiritual” resolveu salvá-lo. Veja, leitor, o tamanho dessa ilusão religiosa! Que divindade “espiritual” resolveu salvar um cristão qualquer? Ora, isso vai depender da crença de cada cristão. Se esse cristão for evangélico, jamais ele vai alegar que a divindade “espiritual” que o salvou da morte foi, por exemplo, Nossa Senhora Aparecida. Por que ele não faz essa afirmação? Ora, não faz essa afirmação porque Nossa Senhora Aparecida não tem força alguma em sua crença. Ela não habita no mundo cristão evangélico. Da mesma forma, não vai afirmar que quem o salvou foi a divindade “espiritual” chamada São Francisco de Assis ou Padim Ciço, ou São Benedito, pelas mesmas razões. Coisa diferente se verificará, amigo leitor, no mundo da crença cristã católica apostólica romana. Se um cristão católico escapar da morte em algum acidente, a divindade “espiritual” invocada será aquela que habita sua crença. Se esse cristão católico, por exemplo, for um cearense morador de Juazeiro do Norte, fiel ao Padre Cícero Romão Batista, ele dirá que quem o salvou foi o Padim Ciço; se esse cristão católico não fosse fiel ao Padre Cícero, mas a Nossa Senhora de Fátima, iria alegar que foi essa divindade “espiritual” que o salvou, e não o Padim Ciço; se esse cristão católico for fiel a São Francisco de Assis, dirá que a divindade “espiritual” que o salvou da morte foi São Francisco de Assis, e não Nossa Senhora Aparecida e muito menos o Padim Ciço. Entendeu, caro leitor, como a divindade “espiritual” salvadora invocada vai depender da crença do fiel? Ou seja, vai depender de sua ilusão religiosa. A religião coloca na cabeça dos fiéis seus deuses e “santos” salvadores. E os fiéis trabalham com eles. Religiões diferentes, deuses diferentes, “santos” diferentes, ilusões diferentes.