Ontem, domingo, dia 9 de abril do
fluente ano, como quase sempre faço à noite, estava assistindo ao programa
“Fantástico”, exibido pela Rede Globo de Televisão. Entre outras notícias, os
ataques com explosivos a duas igrejas cristãs coptas que causaram a morte de quarenta
e quatro pessoas e ferimentos em mais de cem. Na matéria televisiva, apareceu o
papa Francisco. Em seu discurso, o papa disse que lamentava muito os ataques
terroristas e que estava rezando pelas vítimas.
Antes
de entrar propriamente no assunto, vamos ao Catecismo da Igreja Católica
Apostólica Romana. Estou aqui com o livro “Catecismo da Igreja Católica –
Edição Típica Vaticana, edições Loyola, 2000. Na página 559, o Parágrafo 2123
diz o seguinte:
“Muitos de nossos
contemporâneos não percebem de modo algum essa união íntima e vital com Deus,
ou explicitamente a rejeitam, a ponto de o ateísmo figurar entre os mais graves
problemas de nosso tempo.”
Muito bem! O Catecismo católico diz
que o ateísmo é um dos mais graves problemas. Se a Igreja Católica afirma que o
ateísmo é um dos mais graves problemas de nosso tempo, então deve apresentar as
provas que confirmem essa afirmação. E onde estão essas provas? Elas não estão
em canto algum porque simplesmente não existem. Não são os ateus que levam o
papa a lamentar perdas de vida humana. No caso específico desses dois ataques a
cristãos coptas no Egito, nesse domingo, como também em outros casos, não
existem ateus ali, atacando cristãos. Na verdade, são religiosos que atacam
religiosos. A verdade, pois, está muito longe do que afirma o Catecismo
católico. A crença religiosa é que figura entre os mais graves problemas de
nosso tempo. E não só do nosso tempo. A história das religiões é uma história
recheada de fanatismo e intolerância que banharam de sangue a humanidade. E
ainda banham!
Esses dois ataques a igrejas cristãs coptas no Egito, com várias
vítimas, não foram os primeiros e nem serão os últimos. Haverá outros. Qual a
causa desses ataques? Por que ocorrem esses ataques? Justamente por causa da
intolerância religiosa. Não se trata, pois, de intolerância ateia. São
religiosos atacando religiosos. A intolerância religiosa ocorre quando fiéis de
uma religião agem contra fiéis de outra religião. O intolerante religioso vê
sua religião como a verdadeira, seus dogmas como os certos, e, em vez de ficar
com essa loucura só para ele, quer que outros religiosos venham a aderir à sua
loucura. O certo seria que cada religioso vivesse com sua ilusão religiosa, sem
se importar com a ilusão religiosa dos outros.
Como afirmei no início deste artigo, o papa
Francisco, que é gente boa, afirmou que lamentava muito os ataques terroristas
e que estava rezando pelas vítimas. A exemplo do papa, eu, que sou ateu,
lamento profundamente o que ocorreu no Egito, mais uma vez. Pessoas cristãs
(mulheres, idosos, crianças) foram assassinadas por terroristas que têm outra
crença religiosa. Só discordo do papa Francisco quando ele afirma que está
rezando pelas vítimas. Com todo o respeito que tenho pela figura humana dele,
oração e reza são mais duas ilusões religiosas. Não servem para nada! O papa
diz que está rezando pelas vítimas. E quais foram as vítimas? 44 mortos e mais
de 100 feridos. Os mortos, infelizmente, já estão mortos, não existem mais!
Logo, não precisam de rezas! Os que sobreviveram, mais de 100, não precisam de
rezas, mas de tratamento médico. E estão, neste momento, em hospitais. Ali muitos
já se submeteram a intervenções cirúrgicas. Estão, pois, salvas, graças à
medicina que nada tem a ver com orações e rezas, até mesmo feitas pelo papa
Francisco.
A
Igreja Católica Apostólica Romana deveria, pois, mudar o texto de seu catecismo
no que se refere ao ateísmo. Ou não?
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