sexta-feira, 7 de abril de 2017

A LEITURA DA BÍBLIA E O ATEU LUIZ TRINDADE


            Em meu vídeo “O Washington e a tristeza dos ateus”, publicado no dia 6 de abril de 2017, o internauta Luiz Trindade fez um extenso e brilhante comentário. Neste vídeo, darei ênfase ao que ele escreveu quase no final de seu recado:


           “Me tornei ateu lendo a bíblia, e se você que é cristão não quiser deixar de ser, não leia a bíblia.


         Antes de entrar propriamente no assunto, quero esclarecer uma coisa: faço vídeos para todos, sem distinção alguma. Porém, se você, que está assistindo a esse vídeo neste momento, é um cristão e não gosta de críticas à sua crença religiosa, por favor, saia deste canal agora. E seja feliz!
         Muito bem! O ateu Luiz Trindade, com frequência, escreve nesta página. No trecho de seu comentário acima, ele diz que hoje é ateu justamente porque resolveu ler e estudar a Bíblia, que é o livro “sagrado” dos cristãos. Para o universo de cristãos que frequenta as mais diferentes igrejas cristãs e que, no fundo, não leem a Bíblia e muito menos a estudam, a afirmação do Luiz pode parecer estranha. Como assim, uma pessoa lê a Bíblia e se torna um ateu? Mas a afirmação do Luiz não é estranha, não. O que aconteceu com o Luiz, aconteceu também comigo e com vários ateus que escrevem em minha página. E, claro, não só em relação à Bíblia, mas no tocante a qualquer livro de caráter religioso.
          Desde que eu me entendo por gente, ainda durante minha adolescência lá em Sobral, minha querida cidade cearense, quando passava por uma praça qualquer, via dependurada numa árvore uma placa com os seguintes dizeres:


“LEIA A BÍBLIA”


          Na época, eu já era ateu. Tinha por volta de 16 anos de idade. Minha família é católica. Havia lá em casa uma Bíblia, claro, católica, e não protestante. Ninguém a lia. A Bíblia ficava sobre um armário da sala de visita, toda aberta, toda arreganhada. Porém, mamãe não a lia, minhas irmãs não a liam, meus irmãos também não. O único da casa que lia a Bíblia todos os dias era justamente eu, e aquele que se tornaria um ateu convicto. Justamente por ler a Bíblia. Eu não tenho culpa alguma no cartório. Os culpados pelo meu ateísmo são as igrejas evangélicas que mandaram colocar aqueles cartazes com os dizeres “Leia a Bíblia”. Li, e não deu outra!
            Como eu já era ateu, passei a criticar a crença religiosa de meus amigos de adolescência. Muitos ficavam com raiva de mim, mas eu não estava nem aí. Hoje, continuam meus amigos, e muitos deixaram essa ilusão. Um deles, o Paulo, era membro da Igreja Adventista do Sétimo Dia, mais uma ilusão religiosa norte-americana que infelizmente chegou também ao Brasil. Tudo o que não presta os EUA enviam para cá. O Paulo, que não lia a Bíblia, enchia o saco dos outros, convidando a todos para irem aos cultos. E eu, que lia a Bíblia, dizia que ele estava numa seita norte-americana, que não levava a nada. O pobre Paulo, que ainda hoje é vivo, mas não vai a igreja alguma, na época, dizia que quem trabalhava no dia de sábado iria direto para o inferno. Que loucura, não é mesmo? E hoje ele trabalha até nos domingos, imagine no sábado. Atualmente ele ri da fantasia que pregava naquela época. Essa igreja colocou na cabeça do pobre Paulo que o Deus Javé fez todas as coisas em 6 dias, e, como estava muito cansado, resolveu descansar no sábado. Já que a entidade descansou no sábado, então todos devem descansar nesse dia. Por favor, não ria! Não ria! Como é que uma pessoa normal, com o cérebro funcionando a cem por cento, consegue aceitar uma loucura dessa? Só mesmo Sigmund Freud para explicar uma idiotice dessa, e ele, de fato, explicou muito bem, como já mostrei numa série de vídeos.
                   Os cristãos, aqueles que vão a igrejas, realmente aceitam essa loucura como se fosse um fato realmente ocorrido. Eles não conseguem ver a infantilidade do relato, a ingenuidade da narrativa bíblica. Imagine uma entidade “espiritual” criar todas as coisas, ficar bastante cansada e descansar num sábado. Como o sagrado inspira medo, o crente não consegue raciocinar o seguinte: se a entidade trabalhou durante 6 dias, descansando no sábado, então ela não descansou apenas no sábado. Se a obra foi concluída em 6 dias, então nada mais havia para ser criado. Logo, o sábado não foi o dia de descanso, mas o primeiro dia de descanso. Ou seja, a entidade descansou no sábado, no domingo, na segunda, terça etc. E o pior vem depois: a entidade que ficou satisfeita com a própria criação, tempos depois, se arrepende do que criou. E aí resolve destruir todas as coisas porque o homem se comportou mal. Por causa do homem, a entidade resolve destruir até mesmo os animais irracionais que não tinham culpa alguma no cartório. Por favor, não ria! Não ria!
            Naquela época, em que eu apenas lia a Bíblia, sem estudá-la, aqueles relatos eram irracionais, bobos, ingênuos demais. Depois, ao estudá-la com atenção, é que tudo ficou mais claro ainda. A Bíblia é um conjunto de livros muito antigo que traz a visão arcaica do povo hebreu. Está repleta de lendas, mitos, alegorias, fábulas etc. O mundo da Bíblia era um mundo muito atrasado se comparado com o nosso mundo de hoje. Era um mundo bárbaro, muito violento, em que predominava o fio da espada. Não havia liberdade de expressão, não havia liberdade de crença, praticavam-se os terríveis sacrifícios e holocaustos em homenagem aos deuses. As doutrinas do cristianismo, por exemplo, são terríveis. Essa religião está assentada sobre o alicerce do sacrifício humano. O sacrifício de animais era uma barbaridade do mundo antigo, e ainda hoje permanece vivo em muitas sociedades primitivas e religiões. Um desastre total! Imagine uma entidade “espiritual” que adorava ver o homem matando animais e lhe oferecendo a gordura. Por favor, não ria! Não ria! E, no caso do cristianismo, pior ainda porque o sacrificado não foi um bode ou carneiro, mas um ser humano. E esse sacrifício humano mostra a errônea visão de justiça dos cristãos primitivos. Naquela época, a visão de justiça era defeituosa. A punição alcançava os inocentes para salvar os pecadores. Na lenda bíblica, Jesus morreu para que a entidade “espiritual” livrasse os pecadores. Um verdadeiro absurdo inaceitável no mundo civilizado de hoje. Atualmente, o inocente não é condenado para que o estado deixe quieto o real criminoso. Por exemplo, se um filho mata alguém, ele é que será processado e preso, e não seu pai. Cada pessoa, e somente ela, responde por seus atos.

                         Entendeu, de forma bem resumida, por que a leitura da Bíblia leva facilmente uma pessoa normal ao ateísmo? 

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