terça-feira, 4 de abril de 2017

O ATEU MOAB E A ESQUIZOFRENIA DOS CRISTÃOS



            Em meu recente vídeo “O ateu Garrotti, o Deus hebreu e o Japão”, o internauta Divino Moab fez o seguinte comentário:


         “e o que eu fico mais revoltado é que os cristãos são iguais as pessoas esquizofrênicas. eles percebem a realidade de forma distorcida e ainda dizem que os ateus é que são cegos, os ateus são burro, os ateus tem a mente fechada. tudo isso porque nós ateus enxergamos as coisas do jeito que elas realmente são; & não do jeito que a gente acredita que são.”

        O Divino Moab, com frequência, assiste a meus vídeos. E gosta de tecer comentários. Ele adora o tema religião, e lê bastante sobre isso. Divino Moab é, pois, uma exceção, num país como o nosso em que poucas pessoas leem. Pois bem! Em seu comentário, Moab afirma que “os cristãos são iguais as pessoas esquizofrênicas”. Por que ele diz isso sobre os cristãos? Ora, porque, segundo ele, os cristãos “percebem a realidade de forma distorcida”.
          Será que o Divino Moab realmente tem razão quando diz que os cristãos percebem a realidade de forma distorcida? Bem! Que eu saiba, o Moab não tem ainda 60 anos de idade. Está muito longe dessa faixa etária. Em 1927, portanto, há 90 anos, o pai do Moab não existia, sua mãe também não. E muito menos o Moab. Só que, naquele ano, existia uma pessoa chamada Sigmund Freud. E esse Sigmund Freud foi um médico neurologista de formação. Ficou conhecido como o Pai da Psicanálise, graças à sua contribuição fundamental para a elucidação dos problemas psíquicos. Freud era judeu e ateu, tendo estudado a fundo o fenômeno religioso. Em 1927, ele escreveu mais um livro em que aborda o assunto religião, com o título “O futuro de uma ilusão”.
           Neste momento, você, que está assistindo a esse vídeo, deve estar perguntando a si mesmo qual é a associação entre o Sigmund Freud e o brasileiro Divino Moab? A resposta é fácil: os dois acertaram em cheio sobre a afirmação de que os cristãos percebem a realidade de forma distorcida. E não só os cristãos, mas os religiosos em geral. Em seu famoso livro “O futuro de uma ilusão”, editora Pallotti, L&PM POCKET, 2010, página 86, acerca das doutrinas religiosas, Freud escreve o seguinte:

            “Todas são ilusões, são indemonstráveis, e ninguém pode ser obrigado a tomá-las por verdadeiras, a acreditar nelas. Algumas são tão inverossímeis, se encontram de tal modo em contradição com tudo que descobrimos arduamente sobre a realidade do mundo, que podem ser comparadas --- considerando devidamente as diferenças psicológicas --- às ideias delirantes.”

              Percebeu, agora, como Freud e Divino Moab estão unidos nessa afirmação? E veja que Freud era um especialista no assunto, um homem que revolucionou o mundo psíquico de sua época. Freud diz acima que o homem religioso vive uma ilusão, um estado de fantasia, numa fuga da realidade. Para ele, a religião é uma neurose. Uma esquizofrenia.
              Para ilustrar essa verdade, basta citar alguns exemplos. Já que o cristianismo é a religião predominante no Brasil, fiquemos com ela. Poderia pegar aqui outras religiões, mas vamos ficar com o cristianismo. Pois bem! Líderes religiosos colocam na cabeça dos fiéis que a Bíblia é um conjunto de livros que foi escrito sob a orientação do Deus dos hebreus. Dizem que a Bíblia, apesar de velha, é um livro atual, que aborda tudo o que ocorre no mundo de hoje. Que a Bíblia está repleta de profecias que se concretizam dia a dia. Que a Bíblia é um livro de amor, de progresso, de solidariedade etc. E os fiéis passam realmente a acreditar nessas fantasias. Logo de início, não existe a Bíblia, mas as bíblias. A Bíblia hebraica lida até hoje por um judeu não é a mesma Bíblia cristã. E a Bíblia cristã protestante não é a mesma Bíblia cristã católica. É fácil perceber que a cabeça do fiel varia conforme sua crença. Para um cristão evangélico, a Bíblia verdadeira é a protestante. Já para um cristão católico, a católica. E para um judeu ortodoxo, nem uma, nem outra, mas a hebraica, que não contém o Novo Testamento. Portanto, não existe a Bíblia verdadeira. O adjetivo “verdadeira” varia de acordo com a ilusão de cada fiel. E veja que não estou nem falando acerca dos outros livros “sagrados” de outras religiões.
                  Veja como os cristãos, a exemplo de outros religiosos, percebem a realidade de forma distorcida. Se você perguntar a um cientista por que ocorrem terremotos, a resposta será apenas uma, e demonstrável. Porém, se a mesma pergunta for dirigida a um cristão evangélico, ele lhe dirá que ocorrem terremotos por causa do pecado do homem e porque Jesus está chegando. A resposta do cristão evangélico é uma das provas de que o homem religioso tem uma visão distorcida da realidade. Qualquer pessoa mentalmente sadia sabe muito bem que ocorrem terremotos em razão das falhas geológicas. Países situados sobre essas falhas geológicas são os que mais sofrem com os terremotos. É o caso do Japão, do Haiti, da Itália etc. Terremotos nada têm a ver com os “pecados” do homem. Ocorrem terremotos em outros planetas totalmente desabitados. E, se terremotos fossem uma consequência dos pecados, o Brasil teria desaparecido do mapa, já que, ao contrário do Japão, é um dos países mais violentos do mundo e lotado de traficantes e corruptos. E os terremotos também nada têm a ver com a volta de Jesus, como diz a Bíblia. Na época de Jesus, há 2 mil anos, os terremotos já eram frequentes, até mesmo antes de Jesus vir ao mundo.
           Percebeu como os cristãos realmente têm uma visão distorcida da realidade em que vivem?

                   

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