sábado, 31 de outubro de 2015
SIGMUND FREUD E A ILUSÃO RELIGIOSA ( I )
SIGMUND FREUD E A ILUSÃO RELIGIOSA ( I )
Eustáquio
31/10/2015
Caro leitor,
O austríaco Sigmund Freud, judeu, nasceu em 1856, em Freiberg, na época, parte do Império Austríaco. Faleceu em 1939. Médico neurologista, foi o fundador da Psicanálise, estudando profundamente a mente humana. Seus estudos sobre a vida inconsciente são hoje referência obrigatória para a Ciência.
Pois bem! Por estudar a mente (psique) humana com intensidade, Freud escreveu muito acerca do fenômeno religioso. Seus principais livros sobre religião são: “O futuro de uma ilusão” (1927), “O mal-estar na cultura” (1930) e “Moisés e o monoteísmo” (1939).
Por que Freud escreveu muito sobre religião? Ora, Freud escreveu muito acerca de religião porque, como ele era um estudioso da mente, sabia muito bem que é a mente humana que cria religiões, deuses e ritos. E essa verdade é clara e cristalina. A história da humanidade é a maior prova de que o homem cria deuses à sua imagem e semelhança. O homem, desde as épocas primitivas, espalhado pelos mais diversos lugares do planeta Terra, criou deuses à sua imagem e semelhança. O homem, por exemplo, da Idade da Pedra Lascada criou seus deuses; o da Idade da Pedra polida, também criou seus deuses; e assim o da Idade dos Metais. E seguiu criando seus deuses o homem egípcio, o hebreu, o grego, o maia, o asteca, o fenício etc. Você, caro leitor, está entendendo, não é mesmo?
Neste momento, leitor amigo, estou aqui, e ao meu lado o maravilhoso livro do mestre Freud; “O futuro de uma ilusão”. A coleção é L&PM POCHET, 2010. Na página 50, ele escreve:
“Devido a tais diferenças, cada cultura se atribui o direito de menosprezar a outra. Desse modo, os ideais culturais se transformam em ocasião para discórdia e desavença entre diferentes círculos culturais, tal como se torna bastante claro entre nações.”
Você, caro leitor, entendeu o que diz acima o Pai da Psicanálise? Vou explicar-lhe minuciosamente. O título do livro é: “O futuro de uma ilusão”. Que ilusão é essa? Ora, a religião! Freud sabia também que religião é pura ilusão, pura fantasia e pura superstição. No trecho acima, ele afirma que cada cultura se acha no direito de menosprezar a cultura alheia. Eis uma verdade histórica e científica. Cientifica porque provada pela Antropologia e pela Sociologia, que são duas ciências que estudam o homem.
Cultura, caro leitor, é o conjunto de toda obra do homem. Tudo aquilo que é criado pelo homem faz parte de sua cultura: deuses, religiões, ritos, esporte, educação, festas populares etc. O homem não vive no mesmo lugar. Espalha-se por vários lugares da Terra, não é mesmo? Quando o homem se espalha, formando grupos sociais, aí surgem as diferenças. Cada cultura, cada povo, cada sociedade cria deuses diferentes, religiões diferentes, rituais diferentes, esportes diferentes, economia diferente etc. E o que diz o Freud? Ora, ele diz que cada cultura, cada povo, cada sociedade vê seus ideais culturais como os únicos perfeitos, menosprezando os ideais culturais de outros povos. Entendeu, leitor?
Para ficar mais claro, leitor, veja a religião, que é uma cultura humana. Os egípcios são uma cultura. Eles criaram vários deuses. Para eles, os deuses verdadeiros eram aqueles criados por eles. Os deuses de outros povos (hebreus, filisteus, hititas) eram deuses falsos. Já os hebreus, outro povo, outra cultura, criaram também seus deuses, antes de assumirem o Deus Javé. Para os hebreus, os deuses verdadeiros eram os seus, e os deuses dos outros povos eram falsos. E assim por diante. Ou seja, cada povo, cada cultura, valoriza suas criações e menospreza as criações de outros povos, de outras culturas. E é aí, leitor amigo, que surgem o fanatismo e a intolerância religiosos.
Desde as eras primitivas, o homem, por menosprezar a cultura do próximo, parte para o fanatismo e para a intolerância. Basta ler a história das religiões para se chegar a essa verdade. Um povo, ao criar seus deuses, deseja que outros povos adorem seus deuses. Ou seja, não respeita, não tolera os deuses dos outros, o que é uma aberração. Veja, como exemplo bem claro e incontestável, o fanatismo e a intolerância religiosa dos hebreus, que estão gravados na Bíblia cristã. Os hebreus matavam ao fio da espada seus próprios cidadãos que eram pegos adorando outros deuses. E destruíam as imagens dos deuses de outros povos. Percebeu, leitor, como cada homem cria seus deuses e passa a menosprezar os deuses de outras culturas? E os egípcios faziam a mesma coisa, a mesma aberração que os hebreus. E assim também os fenícios, os filisteus, os hititas e outros.
E até hoje, caro leitor, essa aberração está presente no mundo da religião. Veja o que ocorre, por exemplo, na terra da Bíblia, no Oriente Médio. Todos os dias os jornais de televisão mostram imagens chocantes, em que cristãos são perseguidos e mortos por radicais islâmicos. E são perseguidos e mortos porque não aderem à crença religiosa deles. Os radicais islâmicos valorizam sua religião, seu Deus, e menosprezam a religião e o Deus dos cristãos, e vice-versa. Percebeu, leitor, como cada povo, cada cultura, vê como verdadeiros apenas seus deuses e religiões, e como falsos os deuses e as religiões dos outros?
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