Leitor amigo,
Ontem, quarta-feira, 26 de outubro do corrente ano, assistindo ao Jornal Hoje, da Rede Globo de Televisão, apresentado pelo competente jornalista César Tralli, vi mais uma matéria com o papa Francisco. No Vaticano, ele pediu ajuda a Nossa Senhora Aparecida para livrar o povo brasileiro do ódio, da intolerância e da violência. Eis a matéria:
Sigmund Freud (1856 - 1939), o Pai da Psicanálise, que era judeu e ateu, em seu maravilhoso livro O futuro de uma ilusão, 2010, Editora Pallotti, página 110, sobre a religião, ele diz:
“(...) ela contém um sistema de ilusões de desejo com recusa da realidade como apenas encontramos isolado na amência, uma confusão alucinatória radiante.”
Freud afirma que o homem religioso vive uma ilusão, recusando-se a ver a realidade, como se estivesse num estado semelhante ao de demência, mergulhado numa confusão alucinatória.
Eu e você, leitor, vamos analisar agora mais uma fala do papa Francisco. Antes, quero deixar claro que não se trata de qualquer desrespeito ao papa, pelo contrário, nada pessoal. Até o acho uma pessoa boa e simpática. Vou analisar tão somente o conteúdo de sua fala. O papa pede a Nossa Senhora Aparecida para que livre o povo brasileiro do ódio, da intolerância e da violência. Veja, leitor, o quadro abaixo:
NOSSA SENHORA APARECIDA
É bom, antes, esclarecer que deus algum existe. É o homem que cria deuses conforme sua cultura. Quando você, leitor, abrir a Bíblia, encontrará vários deuses fabricados por vários povos: hebreus, filisteus, heteus, heveus, amorreus, jebuseus, midianitas etc. Os hebreus adoravam vários deuses, destacando-se, mais tarde, o deus Javé ou Jeová. Se um pastor evangélico lhe disser que os hebreus adoravam somente o deus Javé, você estará sendo enganado por não conhecer a história dos hebreus. E a prova está na Bíblia: os hebreus adorando vários deuses.
Muito bem! Papa Francisco pede que Nossa Senhora Aparecida livre o povo brasileiro do ódio, da intolerância e da violência. Vou entrar aqui na fantasia do papa, com todo respeito. Segundo a ilusão papal, Nossa Senhora Aparecida vive e tem poderes para acabar com o ódio, a intolerância e a violência reinantes no Brasil. Ora, se Nossa Senhora Aparecida possui poderes para acabar com esses males do Brasil e não acaba, não age, então, ela permite que eles continuem, não é mesmo, leitor? Isso mesmo, leitor, você está raciocinando! Percebeu, então, a ingenuidade da fala do papa? Como dizia Sigmund Freud, o homem religioso se contenta com fundamentações miseráveis para seus pontos de vista.
E o pior vem agora, leitor querido! O papa diz que a Bíblia é a palavra de “Deus”, que deve ser lida pelos cristãos. Ora, ele diz, ao mesmo tempo, que a Bíblia é a palavra de “Deus” e que ora a Nossa Senhora Aparecida para que acabe com o ódio, a intolerância e a violência presentes no Brasil. Mas como? A Bíblia é um conjunto de livros repleto de ódio, intolerância e violência! O papa pede a Nossa Senhora Aparecida para acabar com males que estão presentes na própria Bíblia. Percebeu, leitor, como Freud tinha razão, quando dizia que o homem religioso vive uma alucinação?
No primeiro livro da Bíblia, Gênesis, capítulo 12, Abrão, o patriarca que, mais à frente, passaria a se chamar Abraão, está em sua terra natal, Ur (atual Iraque), com sua família. Eles, obviamente, adoram vários deuses. E o que aconteceu, na lenda bíblica? O deus Javé, o Deus do papa, pela primeira vez, aparece diante de Abraão, fazendo-lhe uma promessa miserável. Javé diz a Abraão que ele deve sair de sua terra, juntamente com sua família, dirigindo-se a uma terra que pertence a outros povos porque o próprio deus expulsará os reais proprietários daquela terra. Existe, leitor, maldade pior que essa? O deus Javé, do papa, guiando o povo hebreu para a guerra, para o conflito, contra a paz.
Saindo do livro de Gênesis, chegando ao de Êxodo, encontro o lendário Moisés. O deus de Moisés também é o mesmo deus do papa Francisco. No capítulo 20 de Êxodo, na lenda bíblica, o deus de Moisés entrega-lhe os 10 mandamentos. O primeiro mandamento é o pior de todos. O deus hebreu diz que seu povo não pode ter outros deuses além dele. Sabe o que é isso, leitor? Isso é o grau mais grave da intolerância religiosa, a não aceitação da crença dos outros. Javé diz que, se pegar um hebreu adorando outro deus, irá matá-lo de imediato. Mais à frente, no mesmo livro, no capítulo 32, Javé cumpre sua palavra. 3 mil hebreus estavam adorando outro deus, o que é muito comum em toda a Bíblia. Eles estavam adorando o deus Bezerro de Ouro. Javé queria logo matar a todos, mas, Moisés lhe pediu que deixasse o caso com ele. E aí mandou matar, ao fio da espada, os 3 mil hebreus porque estavam apenas adorando outro deus. Existe maldade pior que essa, caro leitor? É por isso que o deus de Moisés não é o deus do papa Francisco. Francisco jamais deseja matar alguém que não seja cristão.
Mais uma do deus de Moisés, que está no livro de Números, capítulo 31. Javé mostra que é um vingador. Ele determina que Moisés e seus soldados se vinguem do povo midianita. Armados com espadas, Moisés e seus soldados invadem as aldeias, matando os homens, as mulheres não virgens e as crianças do sexo masculino. Deixou vivas as mulheres virgens e as crianças do sexo feminino. E elas foram distribuídas entre os soldados de Moisés. Existe maldade pior que essa, leitor?
No livro de Josué, na narrativa lendária, os hebreus conquistam várias cidades ao fio da espada, cumprindo a ordem do deus Javé. Não se esqueça, leitor, de que o deus Javé mandou que seu povo saísse de sua terra natal para tomar terras que pertenciam a outros povos. Existe maldade pior que essa, leitor? E o deus de Josué é o mesmo deus do papa Francisco.
Nos livros Reis e Crônicas, o lendário rei Davi. O deus Javé está por trás das matanças praticadas por Davi. O cristão Vladimir Putin é mau, mas o lendário Davi era pior. Matava, roubava e estuprava sob a proteção de Javé. Só para você, leitor, ter uma ideia, num certo dia, Davi estuprou uma mulher chamada Bate-Seba, cometendo também adultério porque ela era casada. De acordo com as leis da época, ele deveria ser morto. Só que ele era rei. Naquele tempo, os reis estavam acima das leis, podiam fazer o que quisessem. Por isso não foi punido nem pelo deus Javé. Sabe quem pagou o pato? A criança fruto do adultério. Javé matou a pobre criança, que é um ser inocente. Existe maldade pior que essa, leitor? E o deus de Davi é o mesmo deus do papa Francisco.
E, no Novo Testamento, texto exclusivamente cristão, o papa adora Jesus, segundo ele, o maior amor já contido num ser humano. Na verdade, no Novo Testamento, não existe um Jesus, mas, vários. Porém, vou me ater aqui ao discurso do papa. Ele diz, com frequência, que nenhum pai ama seu filho, como Jesus ama a todos. Você, leitor, é pai? Você, leitora, é mãe? Com certeza, vocês amam seus filhos, desejam o que há de melhor para eles, não é mesmo? Um pai ou uma mãe, vendo o filho, por exemplo, se afogando no mar, corre desesperadamente para salvá-lo, mesmo que não saiba nadar, não é mesmo, leitor? Será que Jesus tem esse mesmo amor por seu filho, como diz o papa? Claro que não, leitor! Nos 4 evangelhos do Novo Testamento (Mateus, Marcos, Lucas e João), o Jesus mencionado pelo papa diz que, se seu filho, leitor, não crer nele, quando morrer, será queimado eternamente no fogo do inferno. Você, leitor, se assustou? Mas é isso mesmo. Jesus, que, segundo o papa, é a maior expressão de amor, diz que quem não crer nele, quando morrer, será queimado eternamente no fogo do inferno. Pai algum, que ama seu filho, jamais lhe deseja mal, muito menos sofrimento eterno.
Percebeu, leitor, como o discurso do papa Francisco é extremamente infantil e irracional?
Nenhum comentário:
Postar um comentário