Leitor amigo,
Na página 13, Frei Betto, sobre a lenda da ressurreição de Jesus, escreve o seguinte:
“(...) Após ressuscitar, primeiro quiseste aparecer, não a um dos apóstolos, nem a Pedro, mas a Madalena’”.
Frei Betto afirma acima que Jesus, após ressuscitar, preferiu aparecer primeiramente diante de Maria Madalena, deixando para trás seus seguidores machos. No fundo, Frei Betto sabe que não houve ressurreição no sentido próprio da palavra (um cadáver voltar a viver), ele sabe que Jesus algum subiu ao céu, como sobe um helicóptero, na vertical. Frei Betto sabe disso! Os cristãos que frequentam igrejas é que inocentemente propagam essa fantasia, como se realmente fosse um fato.
Como sempre afirmo, ressurreição, no sentido próprio da palavra, ou seja, um cadáver voltando a viver, somente existe em filmes de terror e em livros religiosos. Por exemplo, a Bíblia é um conjunto de livros de cunho religioso, logo, nela você encontra cadáveres humanos voltando a viver. A Bíblia cristã é formada pelo Velho Testamento, que não é velho para os judeus, e o Novo Testamento. Só existe cristianismo no Novo Testamento, que traz inúmeras ressurreições. Será que a ressurreição de mortos foi uma criação dos cristãos? Não, caro leitor! Os cristãos copiaram essa fantasia. Copiaram de quem, de onde? Ora, copiaram dos hebreus, dos textos que estão hoje no Velho Testamento. É preciso que você, leitor, saiba que, quando os textos hebraicos foram escritos, não havia um texto cristão sequer. Quando o movimento cristão surgiu, depois de vários séculos, é que se passou a escrever os textos com os olhos voltados para os textos hebraicos. É fácil ver esse fenômeno em todos os livros do Novo Testamento, sempre fazendo referência aos textos do Velho.
Assim, a lenda sobre a ressurreição de mortos é mais antiga que o cristianismo. Veja, leitor, o primeiro exemplo em 1º Reis, capítulo 17, versículos 17 a 24. Nessa lenda, uma viúva morava na cidade de Sarepta, juntamente com seu filho. Certo dia, o menino adoeceu, vindo a morrer. Um cadáver, pois! Diante do desespero da mãe, o “profeta” Elias invocou o deus hebreu, que ressuscitou o cadáver, isto é, o menino voltou a viver.
Mais um exemplo, leitor, em 2º Reis, capítulo 4, versículos 8 a 37. Nessa narrativa lendária, na cidade de Suném, morava um casal com um filho. Num dia, o menino sentiu uma dor de cabeça muito forte, morrendo sentado sobre os joelhos de sua mãe. Um cadáver, pois! E aí apareceu o “profeta” Eliseu, que, orando ao deus hebreu, ressuscitou o menino. Percebeu, leitor, como a ressurreição de mortos não foi uma invenção dos cristãos?
Veja, leitor, mais um exemplo, em 2 Reis, capítulo 13, versículos 20 e 21. Antes de narrar essa lenda bíblica, quero lhe pedir uma coisa, leitor amigo: por favor, não ria, deixe para rir depois do vídeo. Por favor! Então, vamos lá. Aqui, o “profeta” Eliseu já havia morrido, seu cadáver já estava sepultado, dentro de uma sepultura, há muitos anos. Só havia ali os ossos de Eliseu. E aí alguns israelitas jogaram, na mesma sepultura, o cadáver de outro homem. Sabe o que aconteceu, caro leitor? Por favor, não ria! Quando o cadáver do homem tocou os ossos de Eliseu, o homem ressuscitou, voltou a viver, saiu andando. Você está rindo, não é, leitor!
Muito bem! Quando apareceram os cristãos, eles viam essas lendas sobre ressurreição nos textos hebraicos, e aí resolveram empregá-la nos textos cristãos, que estão hoje no Novo Testamento. O exemplo mais famoso de ressurreição praticada por Jesus, no Novo Testamento, está no Evangelho de João, apenas em João, não está nos outros evangelhos. O Evangelho de João é o mais fantasioso dos 4. Nessa lenda, Lázaro, um amigo de Jesus, havia morrido, já estava sepultado há 4 dias, já em estado de putrefação, podre. E o que aconteceu? Jesus ressuscitou o homem. Os cristãos que escreveram os textos que estão no Novo Testamento gostavam tanto de ressurreição de mortos que ela é bastante abundante. Nessas lendas, não só Jesus ressuscitava, como também várias pessoas, entre elas, Pedro e Paulo de Tarso.
Os cristãos do século I, na Palestina, gostavam tanto dessa fantasia chamada ressurreição que a empregaram também coletivamente, ou seja, não apenas 1 cadáver ressuscitando, mas vários. Em Mateus, somente em Mateus, capítulo 27, versículo 52, está escrito que, no momento em que Jesus morreu, muitos cadáveres que estavam sepultados há muitos anos ressuscitaram. E mais: na fantasia cristã com o retorno do Messias, haveria a ressurreição de todos os mortos, desde a Pré-História. O Messias não retornou, e, muito menos, morto algum ressuscitou.
Repito: em toda a história da civilização, cadáver algum ressuscitou! Em toda a história de Israel, cadáver algum ressuscitou! Ressurreição, repito, só existe em filmes de terror e em livros religiosos.
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