terça-feira, 31 de janeiro de 2017

O DEUS DE RUBEM ALVES ( IX )






Em 8 vídeos, fiz uma pequena abordagem acerca do vídeo que circula no mundo do “You Tube”, com o título: “Rubem Alves --- perguntaram-me se acredito em Deus”. Você, que acompanhou esses vídeos, já sabe que a ideia de Deus do teólogo Rubem Alves nada tem a ver com a ideia de Deus da teologia cristã. Ao contrário. Rubem Alves, que antes acreditava no Deus hebreu, depois de estudar bastante, inclusive concluindo o doutorado em teologia nos EUA, abandonou a religião cristã, passando a ser um crítico ácido da ideia religiosa de Deus. No fundo, deuses não passam de ideias fantasiosas da mente humana. É o homem que cria deuses à sua imagem e semelhança.
A partir desse vídeo, o nono, passo a analisar o livro “O Deus que conheço”, de Rubem Alves, editora Verus, 2010. Você, que está assistindo a esse vídeo, conhecerá mais elementos sobre a ideia de Deus de Rubem Alves, e tudo isso de forma gratuita. Na página 30, ele escreve:
“Lembro-me, com nítida precisão, do momento em que tive a percepção intelectual que libertou minha razão para pensar. Eu estava no seminário. Repentinamente, com enorme espanto, percebi que todas aquelas palavras que outros haviam escrito no meu corpo não haviam caído do céu. Se não haviam caído do céu, não tinham o direito de estar onde estavam. Eram demônios invasores. Abriram-se-me os olhos e percebi que essa monumental arquitetura de palavras teológicas que se chama teologia cristã se constrói, toda, em torno da ideia do inferno. Eliminado o inferno, todos os parafusos lógicos se soltariam, e o grande edifício ruiria.”
Eis uma grande verdade, não é mesmo? A teologia cristã, em sua essência, está apoiada no medo, no inferno. Não conquista fiéis pelo amor puro e cristalino, mas pela ameaça: se você não aceitar a Jesus como seu salvador pessoal perecerá para sempre no inferno. Rubem diz que, ainda no seminário, percebeu que essa doutrina não havia caído do céu. Que era produto do homem. Na página seguinte, 31, ele afirma:
“Hoje, as ideias centrais da teologia cristã em que acreditei nada significam para mim: são cascas de cigarra, vazias. Não fazem sentido. Não as entendo. Não as amo. Não posso amar um pai que mata o filho para satisfazer sua justiça. Quem pode? Quem acredita?”
                            Com razão, Rubem Alves! Dentre os males da teologia cristã, está o famigerado sacrifício humano, uma hediondez do mundo antigo. No mundo antigo, atolado num estado de selvageria, era comum o sacrifício de animais (humano e irracionais). Em sua completa ignorância, o homem matava animais irracionais e seres humanos para ofertá-los aos deuses. Esperava com isso que os deuses se acalmassem. E lamentavelmente a teologia cristã está justamente assentada num sacrifício, e pior, o sacrifício humano, em que um ser humano inocente é morto para que a divindade não se volte contra os reais pecadores. Isto é, um justo pagando pelos pecadores. Que hediondez, que injustiça! E, nessa teologia, a divindade perde sua onisciência, perde o juízo. É fácil ver que matar alguém inocente para não punir pecadores é um atestado de insanidade mental do homem antigo. E a teologia cristã se alimenta dessa fonte.
                              Demorou um pouquinho, mas Rubem Alves descobriu o absurdo!
                               Um abraço!


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