Nessa
série de vídeos, analiso a ideia do Deus de Rubem Alves. No momento, em
destaque, seu livro “O Deus que conheço”, editora Verus, 2010. Na
página 70, o doutor em teologia afirma:
“Fui sabatinado por quatro jornalistas da Folha de São Paulo
e por aqueles que estavam no teatro. Dos ouvintes, veio-me uma
pergunta: “Você acredita em Deus?” Como a pergunta era vazia, perguntei:
“Qual Deus? O perguntador ficou atrapalhado. Expliquei. “Porque há
muitos deuses, cada um com a cara e o coração daquele que o tem dentro
do peito. O Deus de São Francisco não era o Deus de Torquemada. São
Francisco usava o fogo sagrado para aquecer a alma. Torquemada usava o
fogo sagrado para churrasquear hereges. As fogueiras eram a diversão do
povo”. A pessoa não soube me esclarecer. Aí eu tomei a iniciativa e
confessei: “Sou um construtor de altares. Construo meus altares com
poesia e música. Eu os construo na beira de um abismo profundo, escuro e
silencioso...”
Você
entendeu o recado de Rubem Alves, não é mesmo, leitor? Diz ele que
estava num teatro, sendo sabatinado por quatro jornalistas. Auditório
lotado. Uma pessoa, com o microfone, perguntou ao teólogo: “Você
acredita em Deus?”. Diante dessa pergunta vazia e ingênua, Rubem Alves,
que é doutor em teologia, fez-lhe outra pergunta: “Qual Deus?”. Quem
realmente conhece religião, quem realmente estuda acerca de religião,
faz a mesma pergunta feita por Rubem Alves. “Qual Deus?” Por quê? Ora,
porque existem milhares de deuses na face da Terra. O homem é um criador
de deuses. Como o homem tem visões diferentes, cria deuses diferentes.
Os deuses variam conforme a imagem do povo que os cria. Cada povo faz
seus deuses ao sabor de seus costumes.
Mesmo
assim, diante da pergunta vaga de uma pessoa “Você acredita em Deus?”,
Rubem Alves respondeu assim: “Sou um construtor de altares. Construo
meus altares com poesia e música. Eu os construo na beira de um abismo
profundo, escuro e silencioso.” No fundo, não era essa a resposta que a
pessoa queria ouvir. Não sei se ela percebeu que Deus é apenas uma
ideia, uma forma pessoal de viver.
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