Eustáquio
Caro Serge Renine,
Em meu vídeo “Ateu Eustáquio responde a fundamentalista
cristão”, em que faço uma abordagem acerca da ingênua e errônea pergunta “Existe
moral sem Deus?”, você, Serge, escreveu o que segue abaixo:
“Eustáquio: você
também e um fundamentalista. Um fundamentalista ateu, mas ainda um fundamentalista.”
Você afirma que eu sou um
ateu fundamentalista, não no mesmo sentido de um fundamentalista religioso, mas
assim mesmo um fundamentalista. Agradeço-lhe por não me colocar no mesmo rol de
um fundamentalista religioso, já que as diferenças são gritantes. Se você abrir
qualquer dicionário da língua portuguesa, encontrará facilmente o vocábulo “fundamentalista”.
E, nesses dicionários, você verá que sempre há referência a religiosos. Estou
aqui com o Dicionário Aurélio, e lá está escrito, entre outras coisas, que
fundamentalista é aquele, por exemplo, “que enfatiza a interpretação literal
das escrituras, a segunda ressurreição de Cristo, a virgindade de Maria etc.” Como
se vê, não sou esse tipo de fundamentalista, mas os fiéis cristãos o são. E o
dicionário diz também que é fundamentalista aquele “que confere um caráter de
certeza absoluta em relação ao seu ponto de vista”. Conforme seu comentário, é
provável que eu, Eustáquio, me encaixe aqui. Mas será que eu sou realmente uma
pessoa que bota na cabeça uma coisa e não abre mão dela, mesmo que alguém prove
o contrário? Todas as pessoas que convivem comigo, com certeza, não me posicionam
nesse grupo. Você, Serge, igualmente a mim, tem verdades absolutas que são
intocáveis, ou seja, não há o que discutir. E nem por isso você pode ser
tachado de fundamentalista. Por exemplo, você não encontra um cientista sério
qualquer que seja um fundamentalista. Hoje, um cientista pode defender com
força uma certa teoria, mas, se aparecer amanhã um fato que contrarie essa
teoria, o cientista abrirá mão dela. Não a defenderá mais. Cientistas agem
assim porque não são fundamentalistas. Outra coisa são os religiosos que não
podem abrir mão dos dogmas por mais ridículos que sejam porque, se admitirem o
erro, sua religião chegará ao fim. Os religiosos agem assim porque são
excessivamente fundamentalistas. Aos religiosos, caro Serge, não interessa a
verdade porque eles estão presos à sua ilusão que, cegamente, é aceita como
verdade.
Em meu vídeo, tratei do
tema “Existe moral sem Deus?”. Como afirmei acima, a pergunta é ingênua e
errônea. Primeiramente, a palavra “Deus”.
Deus algum existe, deus algum é fonte de qualquer moral. E, segundamente, como
dizia o inesquecível prefeito Odorico Paraguassu, se formos pegar o Deus dos
cristãos, da Bíblia, veremos que a pergunta é ingênua demais, para não dizer
profundamente maluca. Olhando a Bíblia de capa a rabo, é fácil ver que o Deus
hebreu não é fonte de moral alguma. Como foi mais um deus criado pelo homem,
isto é, por um povo chamado hebreu, um povo guerreiro, intolerante, vingativo e
ciumento, essa divindade passou a ser guerreira, intolerante, vingativa e
ciumenta. Ou seja, o Deus hebreu, obviamente, herdou as características do povo
que o criou, da mesma forma que outros deuses herdaram características de
outros povos (egípcio, fenício, grego, maia etc.). Aquele que afirma que o
homem cria deuses conforme sua cultura nunca foi ou será um fundamentalista,
caro Serge. As provas estão aí, claras, cristalinas e robustas. Pegue a própria
Bíblia e compare os inúmeros deuses que estão lá com o Deus Javé, e veja como
eles são diferentes.
As igrejas, caro
Serge, enganam facilmente os fiéis porque são pessoas que se alimentam de
ilusão. Elas dizem que, sem Deus, não haveria a moral, o conjunto de costumes
bons. Sem Deus, tudo estaria perdido, e só vigoraria o mal. Existe propaganda
mais falsa que essa? Ora, é fácil mostrar que deus algum está ligado à moral. É
fácil mostrar que a moral existe independentemente da existência de deuses. Peguemos,
como exemplo inicial, os ateus. Ateus obviamente não acreditam em deuses. Mas
será que os ateus não têm freios morais? Ora, um universo de ateus pratica o
bem, são pessoas boas, simpáticas, amáveis, hospitaleiras, caridosas etc. Eu
sou ateu desde o berço pela ausência de deuses em meu cérebro. Depois me tornei
ateu consciente. Minha mãe teve 19 filhos. Hoje, apenas 8 vivos. Dos 8,
modéstia à parte, eu sou o mais querido. Minha mãe me adorava porque fui um
ótimo filho. Sempre dedicado ao trabalho e aos estudos. Jamais fiz algo de mal
a alguém. Fiz o bem, faço o bem, sem esperar uma falsa e tola recompensa em “paraísos
celestiais”. Resumindo: sou uma pessoa boa de forma gratuita! Peguemos, agora,
caro Serge, um universo imenso de pessoas religiosas, que acreditam em qualquer
deus. Peguemos os cristãos aqui, no Brasil, como exemplo. Será que esse universo
de cristãos, que acredita no Deus dos hebreus, tem uma moral invejável? Será
que a mera crença no Deus da Bíblia evita que eles pratiquem o mal? A resposta,
caro Serge, é um NÃO enfático. Ou seja, crer firmemente em Deus não é sinônimo
de uma moral inatacável. Logo, a moral não está ligada a deus algum, ou seja,
existe a moral apesar da inexistência dos deuses. É simples assim, uma verdade
absoluta! Para encerrar esse artigo, caro Serge, posso fornecer vários exemplos
dessa verdade absoluta. Os padres católicos pedófilos acreditam no Deus da
Bíblia, mas onde foi parar a moral deles? Para a ilusão deles, Deus existe, mas
a moral está ausente. Todos os integrantes de grupos terroristas acreditam nos
mais variados deuses, ou seja, os deuses ou Deus estão presentes, mas a moral
inexiste. Políticos cristãos corruptos abundam no Brasil, mesmo acreditando no
Deus bíblico, porém a moral não está presente. Logo, a moral existe, os deuses,
não!
Um abraço!
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