quinta-feira, 28 de março de 2019

O SERGE RENINE E UM ATEU FUNDAMENTALISTA




Eustáquio


            Caro Serge Renine,


                 Em meu vídeo “Ateu Eustáquio responde a fundamentalista cristão”, em que faço uma abordagem acerca da ingênua e errônea pergunta “Existe moral sem Deus?”, você, Serge, escreveu o que segue abaixo:


                  Eustáquio: você também e um fundamentalista. Um fundamentalista ateu, mas ainda um  fundamentalista.


                   Você afirma que eu sou um ateu fundamentalista, não no mesmo sentido de um fundamentalista religioso, mas assim mesmo um fundamentalista. Agradeço-lhe por não me colocar no mesmo rol de um fundamentalista religioso, já que as diferenças são gritantes. Se você abrir qualquer dicionário da língua portuguesa, encontrará facilmente o vocábulo “fundamentalista”. E, nesses dicionários, você verá que sempre há referência a religiosos. Estou aqui com o Dicionário Aurélio, e lá está escrito, entre outras coisas, que fundamentalista é aquele, por exemplo, “que enfatiza a interpretação literal das escrituras, a segunda ressurreição de Cristo, a virgindade de Maria etc.” Como se vê, não sou esse tipo de fundamentalista, mas os fiéis cristãos o são. E o dicionário diz também que é fundamentalista aquele “que confere um caráter de certeza absoluta em relação ao seu ponto de vista”. Conforme seu comentário, é provável que eu, Eustáquio, me encaixe aqui. Mas será que eu sou realmente uma pessoa que bota na cabeça uma coisa e não abre mão dela, mesmo que alguém prove o contrário? Todas as pessoas que convivem comigo, com certeza, não me posicionam nesse grupo. Você, Serge, igualmente a mim, tem verdades absolutas que são intocáveis, ou seja, não há o que discutir. E nem por isso você pode ser tachado de fundamentalista. Por exemplo, você não encontra um cientista sério qualquer que seja um fundamentalista. Hoje, um cientista pode defender com força uma certa teoria, mas, se aparecer amanhã um fato que contrarie essa teoria, o cientista abrirá mão dela. Não a defenderá mais. Cientistas agem assim porque não são fundamentalistas. Outra coisa são os religiosos que não podem abrir mão dos dogmas por mais ridículos que sejam porque, se admitirem o erro, sua religião chegará ao fim. Os religiosos agem assim porque são excessivamente fundamentalistas. Aos religiosos, caro Serge, não interessa a verdade porque eles estão presos à sua ilusão que, cegamente, é aceita como verdade.
                       Em meu vídeo, tratei do tema “Existe moral sem Deus?”. Como afirmei acima, a pergunta é ingênua e errônea.  Primeiramente, a palavra “Deus”. Deus algum existe, deus algum é fonte de qualquer moral. E, segundamente, como dizia o inesquecível prefeito Odorico Paraguassu, se formos pegar o Deus dos cristãos, da Bíblia, veremos que a pergunta é ingênua demais, para não dizer profundamente maluca. Olhando a Bíblia de capa a rabo, é fácil ver que o Deus hebreu não é fonte de moral alguma. Como foi mais um deus criado pelo homem, isto é, por um povo chamado hebreu, um povo guerreiro, intolerante, vingativo e ciumento, essa divindade passou a ser guerreira, intolerante, vingativa e ciumenta. Ou seja, o Deus hebreu, obviamente, herdou as características do povo que o criou, da mesma forma que outros deuses herdaram características de outros povos (egípcio, fenício, grego, maia etc.). Aquele que afirma que o homem cria deuses conforme sua cultura nunca foi ou será um fundamentalista, caro Serge. As provas estão aí, claras, cristalinas e robustas. Pegue a própria Bíblia e compare os inúmeros deuses que estão lá com o Deus Javé, e veja como eles são diferentes.
                          As igrejas, caro Serge, enganam facilmente os fiéis porque são pessoas que se alimentam de ilusão. Elas dizem que, sem Deus, não haveria a moral, o conjunto de costumes bons. Sem Deus, tudo estaria perdido, e só vigoraria o mal. Existe propaganda mais falsa que essa? Ora, é fácil mostrar que deus algum está ligado à moral. É fácil mostrar que a moral existe independentemente da existência de deuses. Peguemos, como exemplo inicial, os ateus. Ateus obviamente não acreditam em deuses. Mas será que os ateus não têm freios morais? Ora, um universo de ateus pratica o bem, são pessoas boas, simpáticas, amáveis, hospitaleiras, caridosas etc. Eu sou ateu desde o berço pela ausência de deuses em meu cérebro. Depois me tornei ateu consciente. Minha mãe teve 19 filhos. Hoje, apenas 8 vivos. Dos 8, modéstia à parte, eu sou o mais querido. Minha mãe me adorava porque fui um ótimo filho. Sempre dedicado ao trabalho e aos estudos. Jamais fiz algo de mal a alguém. Fiz o bem, faço o bem, sem esperar uma falsa e tola recompensa em “paraísos celestiais”. Resumindo: sou uma pessoa boa de forma gratuita! Peguemos, agora, caro Serge, um universo imenso de pessoas religiosas, que acreditam em qualquer deus. Peguemos os cristãos aqui, no Brasil, como exemplo. Será que esse universo de cristãos, que acredita no Deus dos hebreus, tem uma moral invejável? Será que a mera crença no Deus da Bíblia evita que eles pratiquem o mal? A resposta, caro Serge, é um NÃO enfático. Ou seja, crer firmemente em Deus não é sinônimo de uma moral inatacável. Logo, a moral não está ligada a deus algum, ou seja, existe a moral apesar da inexistência dos deuses. É simples assim, uma verdade absoluta! Para encerrar esse artigo, caro Serge, posso fornecer vários exemplos dessa verdade absoluta. Os padres católicos pedófilos acreditam no Deus da Bíblia, mas onde foi parar a moral deles? Para a ilusão deles, Deus existe, mas a moral está ausente. Todos os integrantes de grupos terroristas acreditam nos mais variados deuses, ou seja, os deuses ou Deus estão presentes, mas a moral inexiste. Políticos cristãos corruptos abundam no Brasil, mesmo acreditando no Deus bíblico, porém a moral não está presente. Logo, a moral existe, os deuses, não!
                               Um abraço!
                              

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