sexta-feira, 22 de março de 2019

O FÍSICO MARCELO GLEISER E O PRÊMIO TEMPLETON




Eustáquio

                               Caro Kennedy Litaif,

                    Mais um vídeo brilhante! Nele, você aborda o Prêmio Templeton conquistado merecidamente pelo notável físico brasileiro Marcelo Gleiser. Aproveito o espaço para tecer algumas considerações. Em relação a Gleiser, total respeito e consideração. No tocante à Fundação John Templeton, meus sinceros pêsames. E por quê? Ora, é séria uma fundação que somente premia trabalhos favoráveis à espiritualidade e à religião? A Fundação Templeton jamais premia trabalhos, por mais louváveis que sejam, críticos à espiritualidade e à religião. É uma fundação cristã protestante, logo, extremamente tendenciosa. Não é à toa que ela é alvo de críticas anedóticas por parte de inúmeros estudiosos (biólogos, físicos, químicos, astrônomos etc.) que fazem trabalhos magníficos colocando a religiosidade no lugar merecido, isto é, no mundo da ilusão. Por exemplo, o biólogo Richard Dawkins, conhecido internacionalmente, com vários livros publicados, um monstro no conhecimento da evolução, jamais ganharia esse prêmio simplesmente por combater a ignorância religiosa. Inclusive, em um de seus livros (Deus, um delírio), em várias passagens, ele faz referências com tom anedótico ao prêmio dado pela fundação mencionada acima.
                No vídeo, você diz que Marcelo Gleiser é um agnóstico. Sim, de fato, ele é um agnóstico. Mas um cristão descuidado pode propagar erroneamente que Gleiser tem dúvidas sobre a existência do deus bíblico. E isso não é verdade! Gleiser é ateu em relação aos deuses das religiões. Ele anula a existência de um deus pessoal, que atende preces e orações, que fiscaliza o comportamento de cada pessoa, que manda para o “céu” quem acredita nele, e para o inferno os descrentes etc. Gleiser só é agnóstico em relação aos “mistérios” do Universo, ao desconhecido. E você mesmo, Litaif, no finalzinho do vídeo, afirma a mesma coisa. Só que esses “mistérios” não estão presos a entidades “espirituais”. O Universo é a maior prova de que não há forças inteligentes por trás de sua formação. Sinceramente, acho errado o emprego da palavra “agnóstico” em oposição a “ateu” quando se trata dos deuses das religiões. Em relação a esses deuses, os agnósticos se transformam em ateus.
                          Um abraço!

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