Eustáquio
Caro Kennedy Litaif,
Mais um vídeo brilhante! Nele, você aborda o Prêmio Templeton
conquistado merecidamente pelo notável físico brasileiro Marcelo Gleiser.
Aproveito o espaço para tecer algumas considerações. Em relação a Gleiser,
total respeito e consideração. No tocante à Fundação John Templeton, meus
sinceros pêsames. E por quê? Ora, é séria uma fundação que somente premia
trabalhos favoráveis à espiritualidade e à religião? A Fundação Templeton
jamais premia trabalhos, por mais louváveis que sejam, críticos à
espiritualidade e à religião. É uma fundação cristã protestante, logo,
extremamente tendenciosa. Não é à toa que ela é alvo de críticas anedóticas por
parte de inúmeros estudiosos (biólogos, físicos, químicos, astrônomos etc.) que
fazem trabalhos magníficos colocando a religiosidade no lugar merecido, isto é,
no mundo da ilusão. Por exemplo, o biólogo Richard Dawkins, conhecido
internacionalmente, com vários livros publicados, um monstro no conhecimento da
evolução, jamais ganharia esse prêmio simplesmente por combater a ignorância
religiosa. Inclusive, em um de seus livros (Deus, um delírio), em várias
passagens, ele faz referências com tom anedótico ao prêmio dado pela fundação
mencionada acima.
No
vídeo, você diz que Marcelo Gleiser é um agnóstico. Sim, de fato, ele é um
agnóstico. Mas um cristão descuidado pode propagar erroneamente que Gleiser tem
dúvidas sobre a existência do deus bíblico. E isso não é verdade! Gleiser é
ateu em relação aos deuses das religiões. Ele anula a existência de um deus
pessoal, que atende preces e orações, que fiscaliza o comportamento de cada
pessoa, que manda para o “céu” quem acredita nele, e para o inferno os
descrentes etc. Gleiser só é agnóstico em relação aos “mistérios” do Universo,
ao desconhecido. E você mesmo, Litaif, no finalzinho do vídeo, afirma a mesma
coisa. Só que esses “mistérios” não estão presos a entidades “espirituais”. O
Universo é a maior prova de que não há forças inteligentes por trás de sua
formação. Sinceramente, acho errado o emprego da palavra “agnóstico” em
oposição a “ateu” quando se trata dos deuses das religiões. Em relação a esses
deuses, os agnósticos se transformam em ateus.
Um abraço!
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