O convívio social com sua complexa organização, nos serve como parâmetro e atua coercitivamente através de mecanismos internos(desejos instintuais) e externos (ambientalismo ou empirismo) em nossas ações. O apelo religioso está situado em regiões oníricas de êxtase, análogo ao entorpecimento dos sentidos proporcionados pelas drogas com consequente descarga elevada de dopamina e endorfina que serve como paliativo para alivio imediato das sensações de mal estar produzido pela inexorabilidade do mundo real. Elementos da natureza fogem ao controle humano, ao final entre hecatombes , agruras e misérias existenciais acaba por encerrar-lhe a vida lançando-o na sepultura. A civilização do qual participa o homem impõe-lhe severas privações limitando sua liberdade em razão da vida social, além das infringências impostas pelo caráter indomável da própria natureza . Procuramos obter a consolação através de meios psíquicos para as frustrações do cotidiano com o mecanismo da imaginação, em um mundo povoado de seres sobrenaturais , dessa forma somos amparados por Deus ou Deuses que solucionam os desígnios do Universo e o penoso "enigma " da morte. Temos como alicerce um protótipo infantil de desamparo, tínhamos como certa a proteção dos pais, substituímo-los pela proteção imagética do "Pai Infinito" com seu panteão de causas sobrenaturais e potestades celestiais. Surge a concepção animista que projeta em todas as coisas a extensão de nossos desejos instintuais. Neste mundo idealizado e utópico, inexiste a morte, abolimos ao mundo físico refugiando-nos nas urdiduras da subjetividade espiritual, somos amparados por criaturas imaginárias em meio as vicissitudes da vida e essa desabonadora quimera estendemo-la ao campo moral. A alma enaltecida pelo ego, no seu arroubo desprende-se do corpo passando a habitar regiões celestiais, a morte despoja-se de seu real escopo atrelando-se a ideia metafísica onde essa vida é concebida como um vale de lágrimas em oposição ao reino celestial, ao mundo perfeito, vasto, belíssimo e misterioso .. Todos os acontecimentos passam a representar os anseios indeléveis, inefáveis e inescrutáveis de uma providência divina que proíbe qualquer forma de questionamento tipificando como mácula a razão. O pensamento torna-se profano, a insensatez é sacramentada ! As reivindicações religiosas revelam-nos flagrantemente a sua inconsistência, caso contrário se prontificariam a colocar os dados necessários para a sua investigação a exames criteriosos das suas inverossímeis alegações, cujo único recurso probatório são os escritos mitológicos sumerianos e paradoxais do ágrafo povo hebreu. Não existem verdades absolutas, não existem verdades relativas que sejam contrárias à razão. Os sectários dessas doutrinas ultrapassadas se submeteriam a uma análise minuciosa de suas consciências e inverdades, a razão não representaria um óbice, os sentidos atestariam a sua veracidade. A proibição de pensar é o princípio básico de toda mentira. A diferença entre o erro e a ilusão reside no fato de que o erro admite a investigação , a reflexão e o questionamento, a ilusão não permite qualquer tipo de verificação, dissecação ou indagações. Não nascemos teístas, aprendemos a ser teístas !
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