Eustáquio
PABLO VILLAÇA,
Antes de qualquer
coisa, meu filho adora você, seus comentários acerca de filmes. Ontem, segunda,
dia 9, assisti ao filme “A Forma da Água”. Para lhe ser sincero, detestei-o.
Muito ingênuo e recheado de erros. De antemão, deixo claro que sou leigo no
assunto. Estou muito distante de você, que é um especialista. Mas quero deixar
gravada nesse seu vídeo minha impressão sobre a película cinematográfica. Ah!
Meu filho adorou o filme. Quando cheguei, começamos a “discutir”, e aí ele me
pediu que lesse sua resenha e assistisse a seu vídeo. Vamos aos erros ingênuos:
PRIMEIRO ERRO
Num dado
momento, a mulher muda, com a intenção de retirar a criatura do laboratório,
sobe numa caixa, alcança a câmera e desvia sua lente para baixo. Ora, existe
uma sala de vídeos no laboratório, com pessoas observando todas as câmeras. Um
funcionário teria rapidamente visto que a câmera principal (defronte para a
criatura) estava com sua lente direcionada para o chão. E ninguém fez nada!
Isso é um laboratório científico importante, ou uma bodega do interior cearense
lotada de bêbados? Se eu fosse o
cineasta, faria de forma diferente.
SEGUNDO ERRO
Um
laboratório científico de primeira qualidade dispõe de segurança de primeira
qualidade. Se a criatura estava num recinto, a segurança seria máxima, com, no
mínimo, um funcionário grudado na porta de entrada. Jamais duas auxiliares de
limpeza teriam acesso ao local desacompanhadas por seguranças. O que vi é uma
piada. A mulher muda entrando livremente no recinto sem escolta alguma. Muita
ingenuidade. O cineasta poderia ter mudado, dando mais um ar de realidade às
ações.
TERCEIRO ERRO
A
criatura, após devorar um gato e ferir o amigo da mulher muda, foge da casa. A
mulher muda sai à sua procura e vai encontrá-la dentro de um cinema, em pé,
vendo um filme. E está sozinha. Que ingenuidade! Uma criatura estranha entra
num cinema livremente como se isso fosse a coisa mais natural do mundo. E
assiste a uma película especialmente para ela. Cena digna de risos!
QUARTO ERRO
A mulher
muda e a criatura estranha ficam num quarto com água até à cintura. Tudo
fechado. O quarto se transforma numa piscina. Quando o amigo da mulher muda
abre a porta, a água presa deveria sair com grande quantidade e força. Mas não
foi isso o que se viu. Quase nada de água.
QUINTO ERRO
Quando o quarto está lotado de água, o líquido começa a sair por algumas
falhas no piso. E molha pessoas que estão no cinema. Ora, o cinema não fica no
subsolo, mas distante do apartamento. É o mesmo cinema onde a muda encontrou
pela primeira vez a criatura. O cinema fica ao lado da casa, pelo lado
esquerdo, e não no subsolo da casa. Logo, a água não cairia sobre as pessoas
que estivessem lá.
SEXTO ERRO
Quando o colega da mulher muda está levando a criatura do laboratório,
ninguém o persegue. Sai livremente. O carro do carrasco ficou inutilizado e uma
moto também. Mas que diabo de laboratório importante é esse que não possui
inúmeras viaturas a fim de solucionar o problema? Entra-se facilmente num
laboratório científico de grande importância, e se sai dali sem perseguição
alguma, sob os olhares bobos de alguns empregados. Que ingenuidade!
Para mim, esse filme não deveria ter ganho o Oscar. Até a mensagem é
boba e popular: uma mulher solitária, mergulhada na masturbação, se apaixona
facilmente por qualquer um, e vai viver com essa pessoa. Pura bobagem!
Não assisti ainda ao filme “Três anúncios para um crime”. Mas a mensagem
central é outra coisa, melhor que a do filme em comento. Conta a história de
uma mãe que tem sua filha assassinada e que, diante da inércia da polícia,
resolve por conta própria ir à procura dos bandidos. Existe tema melhor que
esse e que mostra a realidade nos EUA e no Brasil? No Brasil, pior ainda! A
polícia se encontra desaparelhada, sem munição, sem viaturas, sem computadores
etc. Crimes hediondos ocorrem diariamente por aqui, e não são solucionados. Um
filme que venha a mostrar isso merece todo aplauso.
Um abraço!
Nenhum comentário:
Postar um comentário