A RACHEL SHEHERAZADE, O ATEU E A INTOLERÂNCIA
Eustáquio
Hoje são 26 de dezembro de 2014.
No mês de julho do ano passado, o internauta Baroniz enviou-me um pedido. Desejava ele que eu fizesse um vídeo, comentando uma manifestação endereçada aos ateus da jornalista do SBT Rachel Sheherazade. Até àquela época, não conhecia a jornalista. Não a conhecia, talvez, por não assistir aos programas do SBT. Nada contra o Sílvio Santos. Pois bem! Com o objetivo de atender ao pedido do Baroniz, assisti ao vídeo da Rachel, e, ato contínuo, fiz 4 vídeos sobre seu comentário. Em cada vídeo, abordei impropriedades ínsitas na manifestação da jornalista. Trago, agora, neste artigo, o erro mais claro e forte cometido pela apresentadora do telejornal do SBT. É o erro sobre o vocábulo “intolerância”. No vídeo, Sheherazade diz em relação aos ateus:
“Esquecem eles que a intolerância religiosa é inadmissível neste país que garante a liberdade de crença.”
A jornalista Rachel Sheherazade diz acima que, no Brasil, existe a liberdade de crença. Será que ela está com razão? É verdade que existe liberdade de crença no Brasil? Sim, é verdade! Rachel diz aqui a pura verdade. De fato, a Constituição federal do nosso país, em seu artigo 5º, VI, é clara quanto à liberdade religiosa:
“É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias.”
Portanto, existe liberdade de crença no Brasil, e a jornalista Rachel tem razão! Mas, em que parte de seu discurso, ela erra? Veja, caro leitor! Ela diz aí que ateus brasileiros se esquecem de que há liberdade de crença no Brasil. Ou seja, a jornalista dá a ateus uma aula de intolerância religiosa. E aqui reside seu grande erro.
Ora, a Rachel Sheherazade é cristã. Uma cristã levantar a bandeira em prol da liberdade de crença, da liberdade religiosa, constitui uma grande anedota, um profundo desconhecimento do próprio livro “sagrado” do cristianismo: a Bíblia cristã. E mostra também uma profunda ignorância acerca da História do próprio Cristianismo. A Bíblia cristã e a História do Cristianismo estão atoladas num mundo de violência e de intolerância religiosa. A Bíblia cristã e a História do Cristianismo não são exemplos de tolerância religiosa. Ao contrário. Eis, portanto, caro leitor, o grande erro de Sheherazade.
Só para ilustrar minha afirmação acima, trago o exemplo bíblico mais forte. Sempre recorro à Bíblia porque é o melhor livro de ateísmo que existe no mundo ocidental. E também porque o cristão fica sem saída. Pois bem! Os cristãos pensam que, por exemplo, os 10 mandamentos foram feitos pelo Deus Javé. Tudo ilusão! Deuses são produzidos pelo homem, e o Deus Javé é um deus criado pelo povo hebreu que, aliás, adorava também outros deuses. E os 10 mandamentos, na verdade, não são 10 mandamentos, como já mostrei em inúmeros vídeos expostos no “You Tube”.
Quando a jornalista Rachel Sheherazade diz a ateus que, no Brasil, existe a liberdade de crença, ela se esquece da Bíblia. Ela ignora a própria Bíblia, a própria lei criada pelo Deus Javé. Ela tem um surto de amnésia, perdendo completamente a memória. Ora, a Bíblia é um conjunto de livros que levanta a bandeira da intolerância religiosa. Não existe liberdade de crença na Bíblia. Se não existe liberdade de crença na Bíblia, como pode um cristão defender essa liberdade de crença? Como se vê facilmente, caro leitor, o mundo da fé religiosa está imerso num profundo fanatismo. Veja, por exemplo, o que diz a Bíblia cristã, em Êxodo 20: 3:
“Não terás outros deuses diante de mim.”
Na tradição cristã, o versículo acima significa o primeiro mandamento dos 10 entregues a Moisés pelo Deus dos cristãos. Será que esse mandamento defende a liberdade de crença? Sheherazade diz acima a ateus que, no Brasil, existe a liberdade de crença. Será que essa liberdade de crença defendida pela jornalista cristã existe também na própria lei ditada pelo deus que ela adora? A resposta é clara e cristalina: claro que não!
O 1º dos 10 mandamentos é o mais terrível de todos. Nesse mandamento hebreu, aflora o que há de pior, de hediondo, em se tratando de intolerância religiosa. Porém, a jornalista Sheherazade não vê essa verdade por causa de sua fé cristã. A intolerância religiosa máxima está aqui, no primeiro mandamento dos 10. No mundo hebreu, ninguém tinha a liberdade de crença, a liberdade religiosa. Quem adorasse a outro deus ou deuses, e isso acontecia com freqüência, era condenado à morte ao fio da espada ou por apedrejamento. E a jornalista Sheherazade não consegue ver essa verdade que está em toda a Bíblia. É irônico e cômico um cristão defender a liberdade de crença quando tem a Bíblia cristã como livro “sagrado”. Como já dizia um gozador brasileiro, é “o verdadeiro samba-do-crioulo-doido”.
Por que, no mundo hebreu, ninguém tinha a liberdade de crença? Ora, por causa do atraso em que as pessoas viviam. O mundo antigo era dominado pela violência, barbárie, intolerância, inexistência de direitos sociais etc. Essas leis terríveis que estão na Bíblia nos fornecem o retrato horrível daquele tempo. São leis mal redigidas, injustas e más porque foram elaboradas por um povo arcaico, e não por uma “entidade espiritual”.
Nos relatos lendários bíblicos, com esse 1º mandamento, o Deus Javé decretou a intolerância religiosa. Ai daquele que viesse a adorar outros deuses. Os hebreus, apesar da ordem do Deus Javé, sempre adoraram outros deuses. E a própria Bíblia nos mostra esse quadro. Os deuses proliferam na Bíblia. E proliferam porque é o homem que cria deuses à sua imagem e semelhança. Aqui, o Deus Javé, que é o deus adorado pela jornalista, dita a Moisés, na lenda bíblica, o primeiro mandamento. Quem adorar a outro deus, deve morrer. Mais à frente, no mesmo livro, capítulo 32, o 1º mandamento é colocado em prática: Moisés, cumprindo a ordem do Deus Javé, assume a liderança de uma carnificina. Ele e seus soldados matam, ao fio da espada, quase 3 mil hebreus porque estavam apenas adorando outro deus, o Deus Bezerro de Ouro. Veja o que diz o versículo 28 do capítulo 32 de Êxodo:
“E fizeram os filhos de Levi segundo a palavra de Moisés; e caíram do povo, naquele dia, uns três mil homens.”
Ou seja, quase 3 mil hebreus foram assassinados ao fio da espada apenas porque estava adorando outro deus. Eis o ápice da intolerância religiosa, da falta da liberdade de crença. Nada de liberdade de crença na Bíblia. E a cristã Sheherazade louva a liberdade de crença no Brasil!
Louva aquilo que é negado em seu próprio livro “sagrado”.
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