20 PROVAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS (II)
Eustáquio
Este é o segundo artigo de uma série de 20 em que abordo as 20 “provas” da existência de Deus apresentadas pelo pastor evangélico Jefferson Magno Costa, em seu livro “Provas da Existência de Deus”. No primeiro artigo, a primeira “prova”. No segundo, a segunda “prova”. E Assim sucessivamente. Escrevo a palavra “prova” entre aspas porque obviamente não se trata de prova alguma. Não existem provas da existência de deuses porque os deuses não existem de fato. Os deuses sempre foram uma criação do homem. É o homem que cria deuses e religiões à sua imagem e semelhança. Atualmente, há, no planeta Terra, no mínimo, 2 mil deuses e 10 mil religiões. Eis a verdade pura e cristalina!
Pois bem! Na página 11 do supracitado livro, o autor traz a 2ª “prova” da existência de Deus. Ei-la:
“Todos os grandes estudiosos das religiões, em todos os tempos e entre todos os povos, confirmam que a crença na existência de Deus é universal. Nunca existiram povos ateus”
Qualquer leitor inteligente, estudioso de história e de religião, ao ler a afirmação acima, percebe facilmente que está diante de um falso argumento. Aliás, nem argumento também existe nessa afirmação. Essa 2ª “prova” da existência de Deus é igual à 1ª. Trata-se, na verdade, de duas grandes idiotices.
O pastor evangélico afirma que Deus existe porque, em todas as sociedades humanas, o homem sempre acreditou em Deus. Segundo o raciocínio do pastor, se é que podemos chamar a isso de raciocínio, se todas as sociedades humanas acreditavam em Deus, então isso prova que Deus existe.
Que conclusão profundamente infantil!
O primeiro grande erro da afirmação acima reside na palavra “Deus”. O pastor diz que “a crença na existência de Deus é universal”. Essa afirmação comprova a total ignorância do pastor evangélico Jefferson Magno Costa sobre o fenômeno religioso. Na verdade, a crença na existência de Deus não é universal. O pastor, como é cristão, diz “Deus”, referindo-se ao Deus Javé, dos hebreus, da Bíblia. Ora, a crença na existência do Deus da Bíblia nunca foi universal. E até hoje não é universal. Como sempre afirmo em meus vídeos sobre religião, atualmente, no planeta Terra, existem 2 mil deuses. E são deuses diferentes porque cada sociedade os cria à sua imagem e semelhança. O Deus da Bíblia, criado pelo povo hebreu, é mais um deus entre milhares de deuses. O pastor evangélico Jefferson Magno Costa está mais perdido que cego em tiroteio. A própria Bíblia cristã coloca na lata de lixo a afirmação do pastor de que a crença na existência de Deus é universal. Ora, o povo hebreu adorava vários deuses, como mostro, resumidamente, em 46 vídeos expostos no “You Tube”. E cada vídeo com as passagens bíblicas correspondentes. O Deus Javé, na própria história dos hebreus, surgiu muito tempo depois. Foi criado muito tempo depois. Basta ver que o lendário Abraão e sua família acreditavam em vários deuses. E assim também Jacó, Labão, Salomão e outros. A crença na existência do Deus Javé não era universal nem mesmo na sociedade hebraica que o criou. Os hebreus, pois, acreditavam em outros deuses. Só para citar um exemplo, em Êxodo, capítulo 32, hebreus, não acreditando no Deus Javé, no deus dos cristãos, criam mais um deus, o Deus Bezerro de Ouro. E passam a adorar esse deus. E diz a Bíblia que Moisés, sob as ordens do Deus Javé, manda matar, ao fio da espada, quase três mil hebreus que estavam adorando outro deus. Nessa lenda bíblica, está comprovada a maldade de um povo que não aceitava a liberdade religiosa. Vê-se, pois, que a crença no Deus do pastor evangélico Jefferson Magno Costa não era universal nem mesmo na própria sociedade hebraica, pior ainda em outras sociedades. Você está entendendo, leitor amigo? A crença na existência do Deus da Bíblia não era universal nem mesmo na época da civilização hebraica. Os egípcios, por exemplo, não acreditavam na existência do Deus Javé. Eles tinham seus deuses, e eram, obviamente, deuses diferentes. Logo, a crença na existência do Deus da Bíblia não era universal, e nem hoje o é.
O segundo grande erro da afirmação do pastor de que a crença na existência de Deus é universal está na própria existência do povo hebreu. O Deus Javé, que é o deus dos cristãos, foi também mais um deus dos hebreus. Ora, antes da existência do povo hebreu, antes do surgimento dessa civilização, não havia o Deus Javé. O Deus Javé só veio a existir com o surgimento do povo hebreu. E o povo hebreu é muito novo na longa história do homem na face da Terra. Tem apenas 4 mil anos de existência. E o homem está no planeta Terra há 2 milhões de anos. Na Pré-História, antes do surgimento da escrita, não havia as civilizações egípcia, hebraica, suméria, grega etc. Como não existiam esses povos, também não existiam os deuses criados por esses povos. Entendeu, leitor amigo? Na Pré-História, período mais longo da existência do homem na Terra, não havia o povo hebreu, não havia o Deus Javé e os outros deuses adorados por esse povo. E não havia, claro, também Jesus e o Cristianismo. O Cristianismo surgiu apenas há 2 mil anos. E isso não é nada na longa existência do homem na face da Terra. Percebeu, leitor amigo, como é idiotice afirmar que a crença na existência do Deus da Bíblia sempre foi uma crença universal, de todos os povos? Até hoje, no planeta Terra, a crença na existência do Deus da Bíblia não é universal, como diz o pastor evangélico Jefferson Magno Costa. Existem milhares de sociedades espalhadas nos vários continentes que criam deuses diferentes do Deus Javé. Que não têm idéia alguma do Deus Javé, da Bíblia, do Cristianismo, do Islamismo, do Corão etc. E isso ocorre porque cada povo, cada sociedade, cria seus deuses e religiões à sua imagem e semelhança.
O terceiro grande erro da afirmação do pastor evangélico Jefferson Magno Costa surge quando ele diz que Deus existe porque nunca existiu povo ateu. Segundo o torto raciocínio dele, se os povos sempre acreditaram na existência do Deus bíblico, então isso é sinal de que o Deus bíblico é real, verdadeiro. Que loucura! Só mesmo cristãos para acreditarem no livro do pastor evangélico Jefferson Magno Costa. Ora, como já expliquei acima, não é verdade que todos os povos da face da Terra tinham ou têm a crença na existência do Deus Javé. Na verdade, a coisa é bem diferente. O homem, ao longo de sua existência na face da Terra, sempre criou deuses e religiões. E os criou porque vivia num mundo de completa ignorância, de desconhecimento diante do mundo hostil em que vivia. E o homem não criou apenas 1 deus, o Deus Javé, como diz o pastor evangélico. Nada disso! O homem, sim, criou vários deuses. E isso está nos melhores livros de história das religiões, das civilizações. Qualquer historiador de religião, qualquer teólogo sério, sabe que os deuses abundavam no passado e muitos ainda se destacam no presente. O fato de o homem criar deuses não significa que eles existam de fato. São criações imaginárias do homem. A raça humana adora ilusões, fantasias, alucinações. Cria deuses, deuses não existem. Cria lobisomens, lobisomens não existem. Cria bicho-papão, bicho-papão não existe. Nem tudo o que o homem cria, existe! Afirmar, pois, que uma coisa existe porque o homem crê nela, é uma verdadeira idiotice humana. Veja mais alguns exemplos. No mundo antigo, os povos acreditavam que a Terra era o centro do Universo e imóvel. E esse erro está na própria Bíblia. Ai daquele que dissesse o contrário. Nicolau Copérnico e Galileu Galilei, por exemplo, discordavam. E quem estuda sabe das perseguições a Galileu. Pois bem! Os povos acreditavam nessa bobagem, nessa ilusão, nessa fantasia. E essa fantasia não se transformou em verdade apenas porque todo mundo acreditava nela. Se a população mundial acredita numa fantasia, essa fantasia não se transforma em verdade apenas porque todo mundo acredita nela. Percebeu, leitor amigo, o raciocínio infantil do pastor evangélico Jefferson Magno Costa? Veja outro exemplo. No mundo antigo, mergulhado numa profunda ignorância, os povos acreditavam que apenas o homem tinha a essência da vida. Ou seja, apenas o homem gerava um ser por meio do espermatozoide. O espermatozoide trazia o novo ser, e a mulher servia apenas como um depósito de esperma. Milhares de anos depois, com a descoberta do óvulo feminino, chegou-se à verdade: o homem, para a formação de novo ser, entra com 50%, e a mulher, também com 50%. Ou seja, o espermatozóide produzido pelo homem, sozinho, não gera um novo ser. É indispensável o óvulo produzido pela mulher. E assim por diante. Portanto, a crença dos povos em algo não significa que esse algo existe ou tem um formato X, Y ou Z.
Vê-se, pois, que a 2ª “prova” da existência de Deus apresentada pelo pastor evangélico Jefferson Magno Costa, em seu livro, é mais uma ilusão religiosa.
Não é “prova”, não tem fundamentação alguma e leva facilmente um leitor inocente ao erro.
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