Hoje é domingo, dia 13 de agosto de 2017. E é também o Dia dos Pais.
Tive pai! Um pai maravilhoso! Infelizmente, dele guardo poucas
recordações porque faleceu em 1965 quando eu estava com apenas 9 anos de idade.
Nessa faixa etária, fatos vivenciados não resistem ao tempo, uma borracha que
vai apagando memórias da infância. Porém, até hoje, uma triste lembrança de meu
pai ainda continua acesa: o dia de seu sepultamento. Morávamos em Sobral, minha
terra natal. Papai estava doente, em casa, em consequência de um acidente
automobilístico. No dia em que ele morreu, estava eu em Fortaleza, com apenas 9
anos, na casa de minha irmã. Nas férias escolares, passava um mês na capital.
Ao saber da morte de meu pai, eu e minha irmã pegamos um ônibus para Sobral.
Chegando, avistei de longe uma multidão na frente de casa. Papai era muito
conhecido e querido na cidade. Quando eu e minha irmã entramos na sala, onde
estava o cadáver de meu pai dentro de um caixão fechado, desabamos a chorar.
Minha irmã desmaiou. Um homem me pegou pela cintura, levantando-me a fim de que
eu visse meu pai pela última vez. O rosto dele, somente o rosto, era visível porque
havia um vidro defronte a ele. E, chorando, vi a imagem inerte, apagada, sem
vida, daquele amigo diário a quem eu recorria nos momentos de aflição. Como
afirmou com certeza Sigmund Freud (1856 - 1939), o Pai da Psicanálise, judeu e
ateu, numa sociedade patriarcal, em que a figura do pai se sobressai, ele é o
centro da proteção. Em momentos de aflição, de desespero, a criança procura o
manto protetor no pai. E essa afirmação freudiana é a pura verdade. Quando às
vezes um amigo meu queria brigar, coisas de criança, eu o ameaçava dizendo que
iria chamar meu pai porque o via como meu protetor. E esse é mais um fator que
leva o homem a criar deuses. Na fase da infância, a criança não cria deuses,
não imagina deuses. Qualquer ajuda, ela pode contar com o pai, que é seu
protetor real. Já na fase adulta o pai não é mais visto como um forte protetor.
Não tem mais aquele poder da época da infância. O adulto percebe, então, que
seu pai tem poderes limitados. E aí procura uma proteção imaginária em seres
irreais: deuses!
Pois bem! Hoje é o Dia dos Pais. Lamentavelmente, não tenho mais pai. Já
que a ausência de meu pai é uma realidade, procuro então um pai por aí para
dar-lhe os parabéns. E encontro esse pai na figura do Aparecido Bebedouro, que
mora em Bebedouro, no estado de São Paulo. O Aparecido tem um canal no “You
Tube” onde posta vídeos contra a ilusão chamada religião, e vídeos extremamente
criativos. Além disso, possui vários livros escritos, não impressos em editoras.
Escolhi o Aparecido Bebedouro como a pessoa indicada para receber minhas
homenagens neste dia porque ele é um paizão! Não conheço a vida íntima do
Aparecido. Todavia, ele é um paizão em razão das provas que deixa em seus
vídeos. Com bastante frequência, aparece ao lado de seu querido filhinho: na
casa onde mora e nas ruas de Bebedouro. O diálogo deles é uma prova
incontestável do amor que um sente pelo outro. É um amor, uma solidariedade
ímpar que desabrocha nesse meio familiar. E, recentemente, Aparecido, em um vídeo,
mostrou também sua filhinha que não mora com ele. É óbvia a conclusão de que
ele, diante do filho, exerce dois papéis: o de pai e o de mãe. Por essas
razões, Aparecido Bebedouro não é um pai, mas um paizão em dobro. Se todas as
crianças deste Brasil gigante tivessem um pai com os dotes do Aparecido, não
teríamos tantos problemas envolvendo esses seres maravilhosos.
Veja como a vida é infestada também por situações amargas. O Aparecido
Bebedouro, que é um paizão, nunca teve um pai. É óbvio que não estou tratando
de biologia. Ele nunca teve um pai presente, a quem pudesse recorrer nos
momentos de aflição. E pior: até hoje ele não conhece seu pai em razão de sua
mãe não revelar o nome. Daí a insatisfação do Aparecido perante sua mãe. Que
ironia! Um paizão que não teve um pai!
Aparecido, meu amigo, receba desde já meus sinceros agradecimentos por
você espalhar, via “You Tube”, o amor paternal puro e cristalino que encanta a
qualquer um.
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